Apertei com força a pequena cartinha, direcionada para o meu melhor amigo e amor platônico, eu estava nervosa, nunca tinha lhe dito que era apaixonada e também não teria coragem. Passei à noite toda escrevendo aquela cartinha para dizer o quanto sentia por ele.
Me lembro quando cheguei naquela escola, temendo ser rejeitada pela minha aparência e peso, foi exatamente o que aconteceu, bullying por cima de bullying. Vários apelidos pejorativos em relação ao meu peso eram ditos durante muito tempo.
Em um desses dias, estava sentada no jardim da escola, quando um menino gordinho, usando óculos e um corte de cabelo engraçado, sentou ao meu lado, entregando uma bala. O garoto sorriu mostrando sua gengiva e a partir daquele dia, nos tornamos amigos.
Essa história não é da garota gorda, que se apaixona pelo bonitão da escola, mas da garota que gosta do amigo nerd, que também é gordinho. Eu sabia que as pessoas faziam chacota ao nosso respeito, mas não importava, enquanto ele estivesse ao meu lado.
O mesmo estava guardando seus livros no armário, o corredor estava cheio de alunos e passando por eles, bati de leve em seu ombro. Ele se virou, me encarando curioso, então um pouco envergonhada, estiquei a cartinha em sua direção.
__ O que significa isso? _ele franziu o cenho.
__ Eu...
__ EI GENTE, A JUBARTE ESTÁ SE DECLARANDO PRO PEIXE BOI!!! _um garoto gritou chamando atenção de todos, então encarei meu amigo, que ficou inerte. __ NAMORO DOS PESO PESADOS!! _a expressão dele ao ver todo mundo rindo, mudou para irritado.
__ O que pensa que está fazendo? _mordi o lábio me sentindo uma idiota. __ Acha mesmo que vou namorar uma gorda imbecil e feia como você? _meus olhos se encheram de lágrimas ao ouvir palavras tão escarnecedoras dele. __ Te enxerga, gorda estrangeira! Eu te odeio e só fingi ser teu amigo por caridade! _uma lágrima escorreu no meu olho e todos ao redor riam. __ Vai fazer uma dieta, porque homem nenhum gosta de mulheres gordas! _a cartinha caiu no chão e devastada, saí dali correndo, às risadas de todos.
Meu choro tornou-se alto, as lágrimas desciam sem parar, nunca havia sido tão humilhada na minha vida e pior, humilhada pela pessoa que eu mais gostava e que não imaginava que era igual os outros. Naquele momento desejei que nunca mais pudesse ver o que o espelho fazia questão de mostrar.
Alcancei a entrada da escola, passando pelo porteiro, que gritou para que eu voltasse, mas não o fiz, cumprindo exatamente meu desejo. Foi questão de segundos, quando percebi, meu corpo havia sido arremessado, me dando uma última vez a visão do sol.
[...]
Abri os olhos e meu corpo tremia por conta do frio, aquele chão imundo e gelado fazia com que tremesse ainda mais. Virei o corpo e eu estava completamente sozinha, as meninas haviam sido levadas e somente eu fiquei.
Sentei encostando na parede e me encolhendo, porque só Deus sabia o que havia acontecido com as outras e temia o pior. Pelo pouco tempo que estive ali, percebi que aqueles bandidos eram os mesmos que JW tanto caçava.
Eu pertencia a mesma divisão policial de Jong Woo e sabia do quanto ele estava louco atrás daqueles bandidos. O engraçado era que eu achei antes dele, mas não foi da forma como imaginei que seria, como uma refém.
Meu estômago ardia de fome e fazia alguns dias que não aparecia ninguém para deixar comida e fui esquecida ali. Eu perderia peso nem que não quisesse, a fome estava me deixando louca e era capaz de comer gente.
Dei muito duro pra chegar onde queria, sendo uma plus size de arrasar e gostava de quem eu havia me tornado, até tinha amigas que me ensinaram o amor próprio sem estereótipos que a sociedade impunha. Minha nova eu era confiante, deixando de vez a menininha boba e bullinada.
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You Can Call Me Monster (Livro 7)
Short Story"[...]Estou rastejando em seu coração, querida Irei te virar, te quebrar e te engolir Irei te roubar e desfrutar de você Eu vou te bagunçar toda Estou gravado em seu coração Então, mesmo se eu morrer, quero viver para sempre (Vem cá garota) Você me...