A cor do pecado_ parte 2.0

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Ele ainda me analisava, esperando uma resposta para a bomba que jogou no meu colo, mas eu não tinha forças para responder. Aquele homem descobriu, descobriu sobre a gravidez dela e pretendia matar o bebê.

Em todos os meus anos de vida e das atrocidades que estava vendo naquele lugar, o aborto de um inocente era a pior delas. Mordi o lábio tentando conter a vontade de chorar e matar aquele infeliz.

Seus olhos pareciam que estavam esperando uma confirmação, mas claro que jamais concordaria com um absurdo desses, era minha amiga, a pessoa que esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis.

__ Mel, você ainda está aí? _pendeu a cabeça e o encarei.

__ Não me chame de Mel! _respondi ríspida. __ Não tem esse direito e muito menos tem o direito de tirar a vida de um bebê inocente.

__ A decisão não é só minha, mulher! _novamente ele esfregou as têmporas, soltando um suspiro cansado. __ ChanYeol está descontrolado e é capaz de matar até a mãe da criança! _dei um passo para trás em choque.

__ Por que está me contando isso? _perguntei com a voz embargada.

__ Só achei que deveria saber e...

__ Eu quero voltar para o porão! _o interrompi, recebendo um olhar incrédulo. __ Me leve de volta para junto das meninas... quero que fique longe de mim! _virei de costas, abraçando meu próprio corpo, como se fosse aplacar a falta que os braços de minha mãe faziam.

__ Você é nossa advogada...

__ EU JÁ DISSE QUE QUERO VOLTAR PARA O PORÃO!! _gritei sem me importar que estava fazendo isso com uma pessoa perigosa.

SuHo deu um longo suspiro, então chamou um dos homens para me guiar até o porão, o qual segui de cabeça baixa. Era ilusão minha pensar que estar ao lado dele me sentiria segura, pelo contrário, ainda era uma prisioneira.

Meus passos eram lentos, o caminho foi silencioso, apenas com o som dos saltos no assoalho da enorme mansão, antro de perdição e cárcere. Os pensamentos iam há mil, tentando fazer algo que remediasse aquele situação, mas precisava ficar longe de JunMyeon.

A porta de aço rangeu quando o capanga abriu, me dando visão de apenas uma pessoa, a dona dos meus medos e preocupações. Ela estava sentada no chão em posição de índio, encarando os dedos das mãos.

Não tardou para que caminhasse em sua direção, tendo a porta fechando-se atrás de mim, então caí de joelhos, com lágrimas nos olhos. Estava com medo, medo pela pessoa que fazia parte da minha vida, mas ela permaneceu silenciosa, apenas enrolando um dos meus cachos em seus dedos.

Por longas horas ficamos sentadas naquele chão, sem dar uma única palavra, mas era um silêncio confortável estávamos nos comunicando através do silêncio. Nesse meio tempo imaginei como seriam nossas vidas se não tivéssemos ido aquele restaurante, se eu não tivesse esbarrado com JunMyeon.

Perdi a noção de tempo e estava quase adormecendo, quando ouvi o som da porta se abrindo. Olhei na direção da minha amiga e esta já se encontrava de pé com o braço ao redor do ventre.

Levantei jogando longe os saltos que me incomodavam e me pus na frente dela, como um escudo para qualquer coisa que fosse acontecer. Logo três silhuetas surgiram, SuHo e os dois seguranças que vi no elevador um ano antes.

O mais alto e com a cicatriz no rosto encarou ela com uma expressão entristecida, mas assim que notou que eu o observava, ficou sério e desviou os olhos de minha amiga. Encarei SuHo que soltou um suspiro, antes de menear a cabeça para que aqueles dois pegassem minha amiga.

You Can Call Me Monster (Livro 7)Onde histórias criam vida. Descubra agora