𝐒𝐢𝐱

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𝟐𝟎 𝐝𝐞 𝐬𝐞𝐭𝐞𝐦𝐛𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝟐𝟎𝟏𝟖.
𝐌𝐚𝐝𝐫𝐢, 𝐄𝐬𝐩𝐚𝐧𝐡𝐚.

Camila estava rodeada de pessoas que vinham dando muito carinho a ela.

Se aproximara muito de Marco — que havia se tornado praticamente um irmão mais novo para ela, e que vinha sendo um ótimo amigo e também um incrível guia turístico — e também havia feito uma bela amizade com Isco, com quem vinha se encontrando durante muitas vezes na semana, já que ela sempre levava Liam para brincar com Isquinho em um parque perto da casa.

Suas amigas brasileiras também vinham sendo de grande ajuda.

As meninas já eram muito próximas, mesmo morando em lugares diferentes. E mesmo com a distância e a com a falta de tempo, todas sempre estiveram ao seu lado, a apoiando em tudo.

A única que não tinha tamanha proximidade com a garota, era Anna, que até então, era apenas uma amiga, que acompanhara de longe e indiretamente tudo o que acontecera com a brasileira, mas nunca havia participado tanto de sua vida.

Os planos de Camila estavam indo sobre os conformes, e tudo parecia estar seguindo o fluxo que ela esperava.

Apesar de todo o ciúme, Marcelo estava amando ver a cunhada feliz novamente.

Toda aquela situação com Guilherme havia sido extremamente traumática para toda a família, e não apenas para a garota.

As vezes, o brasileiro se pegava olhando a cunhada, e se lembrando várias e várias vezes da cena da garota sendo agredida.

Clarice fazia o mesmo, mas geralmente se repreendia mentalmente por tais lembranças. Não queria ficar relembrando aquela cena, não agora que a irmã parecia finalmente estar voltando a ser feliz.

E apesar de realmente estar alegre com tudo a sua volta, Camila ainda se lembrava constantemente do que acontecera. As vezes, quando estava sozinha, começava a se lembrar da dor que sentiu, e de como era a sensação de estar deitada sobre uma poça de seu próprio sangue. Muitas das vezes, ela ficava fazendo várias hipóteses em sua mente, sobre como as coisas estariam, se sua irmã e seu cunhado não tivessem chegado a tempo. Será que ela ainda estaria viva? E se estivesse viva, ainda estaria em um relacionamento com Guilherme? Ou pior, será que teria realmente continuado achando que aquilo era passageiro, e que um futuro lindo os aguardava?

Seja qual for a resposta para qualquer uma dessas perguntas, a brasileira sempre se via chorando desesperadamente ao final de todos os seus pensamentos.

Camila sempre teve seus medos e inseguranças, apesar de quase nunca os demonstrar, e ter todos esses pensamentos, destruía ainda mais o seu psicológico.

Ao mesmo tempo que se mostrava mais alegre, a morena parecia estar ainda mais aérea, exausta e perdida em seu próprio mundo, e mesmo com todo o seu esforço para que as outras pessoas não percebessem isso, não conseguiu esconder tudo isso da irmã, que logo percebeu que a mais nova não estava bem e precisava de ajuda.

-Clarice, eu estou bem!- Camila disse, enquanto tentava se livrar da irmã.

-Não, você não está! Você é minha irmã, e eu te conheço bem o suficiente, pra saber que você tá exausta e destruída- Clarice falou, olhando nos olhos da irmã.

Camila se virou de costas para a mais velha, assim que sentiu seus olhos começarem a marejar.

A garota estava muito cansada, e sabia que se Clarice continuasse insistindo, não aguentaria por muito tempo.

-Me diz o que tá acontecendo. Por favor, não me deixa no escuro assim!- Clarice pediu, e se assustou quando assistiu sua irmã desabar em seu colo.

Naquela tarde Camila colocou para fora tudo o que estava guardado à meses. Todos os seus medos e inseguranças foram expelidos para fora, e jogados diretamente no colo de Clarice, que se desesperou ao ouvir todos os pensamentos — nada saudáveis — de sua irmã.

-Por que não me disse nada disso antes?- a mais velha perguntou, enquanto tentava controlar suas lágrimas.

-Não queria incomodar mais- a garota disse, em um tom de voz baixo -Eu já estou atrapalhando muito você e o Marcelo, tomando todo o tempo de vocês com essa história toda, e ainda vim pra casa de vocês, destrambelhei toda a rotina que vocês tinham com os meninos. Não queria jogar mais essa no colo de vocês.

Clarice olhou incrédula para a irmã. Como a garota podia sequer pensar, que era um peso para ela e seu marido?

-Você nunca vai atrapalhar nós dois, Camila!- Clarice afirmou, tentando secar as lágrimas que insistiam em escorrer por suas bochechas -Você é minha irmã, fomos criadas juntas. Viu meus filhos nascerem e crescerem, e deu a eles os melhores momentos que uma criança poderia ter. Você faz qualquer um de nós quatro se matar de rir com uma simples palavra, e nos faz mais feliz do que ninguém. Você não é, nunca foi, e nunca vai ser um peso para nós. Todo mundo aqui te ama muito, e qualquer um de nós faria de tudo para te ver feliz.

Camila se deitou no colo de Clarice, que passou alguns minutos fazendo cafuné e sussurrando palavras amorosas para a irmã, até que a mesma pegasse no sono.

Depois de se certificar de que a morena dormia, Clarice saiu rapidamente do quarto da irmã, e correu para o seu quarto, onde Marcelo arrumava sua mala para viajar com o time.

-Amor!- Clarice falou, chamando a atenção do marido.

-Fala, bebê.- Marcelo disse, com um sorriso, que logo se murchou ao perceber a expressão triste e assustada da mulher -O que houve?

-Camila precisa da nossa ajuda!- Clarice disse, e viu o marido largar tudo o que estava fazendo.

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