Capítulo 5: A proposito, meu nome é Scott. Scott Hartnett.

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Estava parado em frente a Vivien, ainda estava nervoso, frustrado, mas sabia que estava na hora de ter a falar. Ela me encarava como se quisesse uma resposta também.
– Você começa ou eu começo? – ela pergunta.
– Você. – respondo.
– Tudo bem. Matt, você está mudado desde do dia que foi naquela entrevista com a...
– Vivien, você sabe que eu sou gay não é?
Interrompo-a e ela me olha, dessa vez frustrada junto comigo. Aguardo a resposta dela, mas nota que ela não sabe o que responder.
– Hum... Ah... Olha... Eu seria a pior amiga da mundo se não soubesse disso, Matt. Não precisava você me contar, eu já sabia antes mesmo de você saber que você era. – Ela ri da sua própria piada e vem se aproximando de mim abrindo os braços para me dar um abraço.– AAAAAAAAAAH! Que pergunta idiota a minha não?! Sei lá, as vezes minha cabeça não raciocina bem. Não sei, estou me perdendo Vivien e isso tá me enlouquecendo, esses dias estou tendo uma amizade com homens que eu nem mesmo achava que poderia ter, estou sentindo coisas que nem mesmo sentia antes... Bom, a questão é que eu tenho que dar tempo ao tempo.Me afasto dela para encarar seu rosto, Vivien está incrédula, de boca aberta e assustada. Se levanta do sofá e me olha mudando sua expressão alegremente.– Ei, ei... Tenha calma. Sim, vamos dar tempo ao tempo e se você for ou não, nada vai interferir na sua vida e eu continuarei tendo orgulho de você.

– Obrigado por ser a melhor amiga que alguém poderia ter.

– Sabe do que você está precisando? De uma bela festa. Venha, precisamos se divertir.

– Hoje não Vivien. – recruto com a voz cansada.

– Hoje sim, vá se arrumar, sairemos em uma horas.

Me viro de costas para ela e saio em direção ao meu quarto. Ufa! Essa foi por pouco, achei que não conseguiria enganar ela dessa vez.


A boate estava cheia, não pude notar o nome, estava me sentindo estranho ali dentro, a última que eu entrei foi quando fui buscar a Vivien que acabou dormindo bêbada no banco do bar. Isso foi humilhante para ambos. Ao som de David Guetta, deveria mais ser uma remixagem de suas músicas. Procuro um lugar calmo e sem movimento para ficar.
– Ei, vou buscar bebida, você vai querer? – Vivien fala enquanto se afasta aos poucos.
– Ah, vou querer um martini, por favor.
– Tudo bem.
No mesmo instante perco Vivien de vista. Passo o olho ao redor da boate para ver o movimento. Estava muito barulho, eu só queria sumir dali mesmo, inventar uma desculpa, dizer que estaria passando mal e ir pra casa, mas não podia fazer isso, não com a Vivien, fazia tempo que não saímos juntos para curtir e se eu fizesse isso ela iria notar que eu ainda estou estranho, o que iria fazer voltar tudo ao começo.
– O.M.G! QUEM É AQUELE HOMEM TE ENCARANDO?
Vivien volta me entregando meu martini e toda sorridente.
– Onde? – falo olhando ao meio da multidão.
– Aquele parado ao lado do bar, desde que eu fui ao bar ele não parava de te olhar.
Havia um homem moreno de pele branca, bem parecido com Brandon, só que um pouco mais magro, estava com uma camisa de seda preta, não pude ver o que estava vestido por baixo, a bancada do bar impedia. Segurava um copo pequeno com pouca dose, deveria ser com whisky. Desfacei para poder olha-lo e pode notar que ele não tirava os olhos de mim.
– Vai até lá. – escuto o sussurro de Vivien no meu ouvido.
– Não, você ficou louca? – rebato.
– Olha, eu sei que você está conhecendo seus instintos agora e que não sabe exatamente se você é ou não o que diz ser, eu não entendi muito bem, porém... se eu fosse você eu pegava, aquele homem é um gato.
– Mas isso não é uma coisa que fala pra sua melhor amiga e depois sai pegando o primeiro que ficar me encarando. – falo frustado.
– Deixa de bobeira, olha se você quiser eu vou lá falar com ele.
– NÃO! Você ficou louca? – falo assustado.
– Bom, hoje eu não irei voltar para casa com você, o Casey está ali e ah, quero chegar em casa primeiro que você entendeu? – ela sorrir com cara de safada e vai sumindo no meio da multidão.
Suspiro tentando disfarçar que não estava olhando para aquele homem que estava me encarando com um olhar sedutor. O que está acontecendo comigo meu Deus? Eu estou perdendo o juízo. Me aproximo do balcão do bar sem olhar para aquele homem que me encarava o tempo todo, o que já estava me fazendo começar a tremer de ansiedade. Deixo meu martini sobre o balcão e vou saindo direto ao banheiro.
O banheiro estava sem ninguém, não tinha barulho algum a não ser o som abafado de lá fora. Me aproximo da pia e abro a torneira, molho minhas mãos e afogo meu rosto dentro da água, respiro ofegante.
– Você não é muito de vim aqui não é?
Uma voz grossa com o tom suave invadiu o banheiro, levanto meu rosto e olho contra o espelho. Era ele, o homem que me encarava e estava na beirada da porta encostado com seu copo de bebida que eu ainda não sabia o que poderia ser, mas decifrei com um whisky, de preferência dos bons. Pude ver que ele usava uma calça jeans preta e uma bota democrata marrom escura. Meu coração começa a acelerar e só consigo responder com a cabeça balançando negativamente. Ele compreende e se aproxima de mim, deixa o copo sobre a pia e abre a torneira do meu lado, lava suas mãos e encara a si mesmo no espelho.
– As vezes é preciso sair pra esparecer um pouco a mente certo? A proposito, meu nome é Scott. Scott Hartnett, muito prazer.
Ele fecha a torneira e entrega sua mão para que possa cumprimenta-lo. Fecho a torneira e coloco minha mão na dele para o cumprimentar.
– Prazer, Matthew. Matthew Russell.
– Muito prazer, Matthew. Vi que chegou com aquela menina de cabelo castanhos bonitinha... – Ante que terminasse de falar minha consciência se enlouquece. O.M.G! Ele não estava de olho em mim, estava de olho na Vivien. Que vergonha. – ...sua namorada?
– AH! Não! Minha amiga, minha melhor amiga na verdade, moramos juntos e ela é tipo minha irmã mais nova se é que me entende.
Falo enquanto retirava minha mão da dele.
– Ah, entendo. Acho que isso me deixa um pouco feliz em saber que você não é compromissado.
Fico sem reação no momento. Isso foi uma cantada? Meu Deus, ele está dando em cima de mim bem aqui no banheiro. Ignoro-o e pego os lenços de papel que estava na máquina sobre a parede para enxugar minhas mãos.
– Você quer sair daqui? Sei lá e pra um lugar mais reservado? – pergunta.
– Eu adoraria. Mas se conhecemos a quinze minutos, não posso sair para algum lugar com um estranho, não acha? – respondo.
Scott sorrir, parecia meio envergonhado por ter feito aquela pergunta e levado um fora, mas estava confortado com a situação.
– Sim acho, mas se você quiser posso te contar minha vida toda, assim você estará mais segurado, se me permitir é claro.
Cruzo os braços e me encosto na beirada da pia. Sorriu e o encaro atentamente.
– Tudo bem, vamos lá. Comece!
– Sério mesmo? – Scott fala parecendo não acreditar.
Balanço a cabeça positivamente.
– Tudo bem. Bom, como você já sabe, me chamo Scott Hartnett, tenho 30 anos, nasci no Canadá mas me mudei com meus pais quando tinha 7 anos, sou dono de uma empresa, que na verdade é do meu pai, só que eu estou sendo criado para tomar o lugar dele, sabe como é, não é? Coisas de pais, já que sou único filho homem da família. Gosto de festas e baladas, essa é a razão óbvia para eu está aqui, mas meio que levei um bolo dos meus amigos e acabei ficando sozinho. Mas também curto um lugar tranquilo para conversar e quando eu convido pessoas para conversar a sós é porque essa pessoa me atrai.
Fico incomodado um pouco com suas palavras mas desfaço para que ele não note.
– Uau, que história fascinante. – sorriu.
– Para com isso. – aconselha. – Então? Podemos ir?
– A história não me convenceu, mas vou te dar um passe livre. Vamos.
Scott pega o seu copo e caminha até a porta do banheiro enquanto sigo-o logo em seguida.
– Eu vou pagar a conta e pegar meu casaco tudo bem?
– Tudo bem, eu te espero. – respondo.
Vou caminhando para fora do banheiro. Scott vai direto para o bar pagar a conta e pega seu casaco, parecia de grife de gente fina, era um casaco de couro preto, o que combinava com ele. Passo o olho por todo o salão tentando encontrar Vivien, mas não consigo avista-la, já deveria ter ido embora com Casey, e não estava nem um pouco disposto em imaginar o que eles foram fazer.
– Enfim, vamos? – Scott para em minha frente e eu aceno com a cabeça.
Já estávamos fora da boate. Scott me levou até o carro dele. Era uma Land Rover Evoque 4 branca. Estava estacionada na esquina. Entro no carro logo em seguida do Scott e saímos pela rua. 

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