Depois de ontem e de antes de ontem, nem sei mais se consigo olhar para a cara do Owen. Acho até que não posso passar mais vergonha do que já passei.
Mas sabe como é, sempre dá pra piorar.
Na aula de hoje, fiquei o tempo todo fitando o garoto, como se esperasse que ele mostrasse algum sinal de que estava bem, ou sei lá. Aceitava até sinal de fumaça...
- Para a semana que vem, quero que vocês escolham uma pessoa que foi importante para a história dos Estados Unidos e façam um seminário sobre ela - ouvi a voz da professora de história do meu lado e desviei o olhar do Owen para meu caderno com a página vazia. - Certo, sr. Walker?
- Sim, professora...
- Façam o trabalho em duplas, vocês escolham seu parceiro.
Voltei meu olhar de novo para o Owen, mas aí lembrei de antes e resolvi deixar ele em paz. Ainda estava decidindo quem eu pegaria de dupla quando alguém tocou meu ombro.
- Quer fazer dupla? - Owen perguntou.
Ok, ou ele estava fingindo muito bem que nada tinha acontecido antes ou ele realmente não liga. Não sei dizer qual das duas opções é a verdadeira.
- S-se estiver tudo bem pra você... - respondi.
- Por que não estaria?
* * *
Depois da aula, nós decidimos nos encontrar na Starbucks para fazer a pesquisa e trabalhar na apresentação, então às 15 horas, pedi para a minha mãe me levar para lá de carro.
- Você não pode ir andando? Tenho muita coisa pra fazer hoje - ela perguntou, levantando a cabeça da tela do computador e olhando para mim.
- É que é meio longe... Por favor, só hoje!
Ela suspirou.
- Tá, tudo bem. Só hoje.
Antes de sair, falei que ia ao banheiro e instalei um app de ligação falsa no meu celular, caso eu precise disso alguma hora. Eu realmente espero que não, seria muito ridículo.
Depois, saí do banheiro e entrei no carro, minha mãe esperando dentro. Ela dirigiu o caminho todo sem falar nada, e eu também não entrei em detalhes sobre o que eu ia fazer. Não preciso de mais alguém da Andie e do Ryan me fazendo um interrogatório.
O shopping onde íamos estava vazio, mas pelo horário deveria estar cheio. Eu achei que isso fosse um bom sinal; sem pessoas, ninguém ia notar o mico que ia passar.
Passei pelas lojas para subir a escada rolante que levava à praça de alimentação, pegando o celular para mandar uma mensagem para o Owen.
Já tô aqui. Vou começar a procurar umas coisas do trabalho.
Sentei em uma das mesas da Starbucks e pedi um frapuccino de chocolate. Enquanto esperava, abri o Google no celular e comecei a buscar informações sobre George Washington.
Coloquei algumas curiosidades no caderno e percebi que uma cadeira se movimentou à minha frente. Levantei a cabeça. Era Owen.
- Hey, desculpa o atraso. Meus pais não estavam me deixando sair.
- Mas tá tudo bem você estar aqui agora?
- Sim - ele sentou. - De boa.
- Ok.
Mais um momento de silêncio constrangedor apareceu. Antes que piorasse, disse:
- E-Então, eu coloquei umas informações sobre George no caderno, você pode checar de quiser... - arrastei o caderno para ele. Mas uma coisa estava me incomodando.
- Owen... Por que continua falando comigo?
- O quê?
- Quer dizer - me remexi na cadeira, percebendo que foi uma péssima ideia -, eu sou um figurante, e você é... bem, popular. E geralmente o popular não se envolve com o figurante a menos que precise.
- Do que você tá falando? Eu converso com você porque é meu amigo. E também - seu rosto abaixou, ficando levemente vermelho. Meu Deus -, sinto que se eu parar, vou perder alguém importante...
Já não conseguia ouvir direito. Meu coração batia tão forte que era tudo o que eu escutava. Só não tinha certeza se era de medo ou amor.
- Owen... Eu... - cheguei mais perto.
- Jake... - ele também chegou.
O tempo podia parar aí. Está perfeito. Nada pode arruinar o que está prestes a acontecer. Nada.
Pois é, não é bem assim.
- Oweeeeeeeeeeeeeen! - ouvi um longo grito de uma voz feminina. Voltei para trás como o Flash, como se nada tivesse acontecido. Mas minha cara dizia o contrário. Fiquei lá, me empurrando contra o banco almofadado, desejando que ele me puxasse para dentro de si.
- L-Laurel? - a voz do Owen saiu baixa. - O que você tá fazendo aqui?
- Ah, eu estava passando por aqui e eu te vi, aí resolvi dar um oi. Te procurei ontem a tarde inteira.
- É... Eu tô fazendo uma lição com o Jake, quando acabarmos, eu falo com você.
- Jake? - ela virou a cabeça à procura de alguém, e seu olhar parou em mim. - Nossa, você estava aqui? Nem tinha te visto!
Ok, ok, calma, vamos analisar a situação. Uma garota brotou aqui do nosso lado, falou que estava procurando o Owen e "não tinha me visto". Somando tudo isso, o resultado não é bom.
- Ahn... Quem é você? - perguntei, me ajeitando no sofá.
- Eu sou Laurel, namorada do Owen - ela sorriu para mim.
Namorada. Ótimo. Que sorte. Às vezes eu me pergunto por quê eu continuo tentando... Mas, calma aí...!
- Mas... eu vi você - apontei para Owen - com um... cara... na festa, e... - me parei. Meu Deus, eu posso estar acabando com um casal neste exato momento e sem saber. Melhor calar a boca.
Achei que eles fossem ficar surpresos, ou fossem começar a brigar na minha frente, mas eles começaram a rir. O que eu tô perdendo aqui?!
- Isso é porque - Ashley recuperou o fôlego e começou a me explicar - nosso relacionamento é aberto.
- I-isso funciona pra vocês? - perguntei surpreso. Relacionamento aberto é uma coisa que eu nunca vou entender, mesmo que eu tente.
- Sim, e muito bem - então ela se aproximou do Owen e deu um selinho. E já deu pra mim.
Rapidamente, sem eles perceberem, abri o app de ligação falsa. Não queria recorrer a isso, mas são tempos de desespero...
- Ah, droga, minha mãe tá me ligando. Cara, podemos deixar o trabalho para outra hora?
- Sim. Depois a gente marca. Falou!
- Tchau - saí correndo da Starbucks, com meu coração a mil e lágrimas querendo sair. Merda.
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6 passos para conquistar um namorado
RomantizmNão era bem assim que Jake esperava conseguir um namorado. Não mesmo. Depois daquela ideia ridícula do Ryan de usar uma lista para conseguir um namorado, tudo pareceu ficar de cabeça para baixo. E ainda tem Owen, o cara que faz a cabeça de Jake que...