Passo 4: Ajudar com a tarefa

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Depois de ontem e de antes de ontem, nem sei mais se consigo olhar para a cara do Owen. Acho até que não posso passar mais vergonha do que já passei.

Mas sabe como é, sempre dá pra piorar.

Na aula de hoje, fiquei o tempo todo fitando o garoto, como se esperasse que ele mostrasse algum sinal de que estava bem, ou sei lá. Aceitava até sinal de fumaça...

- Para a semana que vem, quero que vocês escolham uma pessoa que foi importante para a história dos Estados Unidos e façam um seminário sobre ela - ouvi a voz da professora de história do meu lado e desviei o olhar do Owen para meu caderno com a página vazia. - Certo, sr. Walker?

- Sim, professora...

- Façam o trabalho em duplas, vocês escolham seu parceiro.

Voltei meu olhar de novo para o Owen, mas aí lembrei de antes e resolvi deixar ele em paz. Ainda estava decidindo quem eu pegaria de dupla quando alguém tocou meu ombro.

- Quer fazer dupla? - Owen perguntou.

Ok, ou ele estava fingindo muito bem que nada tinha acontecido antes ou ele realmente não liga. Não sei dizer qual das duas opções é a verdadeira.

- S-se estiver tudo bem pra você... - respondi.

- Por que não estaria?

* * *

Depois da aula, nós decidimos nos encontrar na Starbucks para fazer a pesquisa e trabalhar na apresentação, então às 15 horas, pedi para a minha mãe me levar para lá de carro.

- Você não pode ir andando? Tenho muita coisa pra fazer hoje - ela perguntou, levantando a cabeça da tela do computador e olhando para mim.

- É que é meio longe... Por favor, só hoje!

Ela suspirou.

- Tá, tudo bem. Só hoje.

Antes de sair, falei que ia ao banheiro e instalei um app de ligação falsa no meu celular, caso eu precise disso alguma hora. Eu realmente espero que não, seria muito ridículo.

Depois, saí do banheiro e entrei no carro, minha mãe esperando dentro. Ela dirigiu o caminho todo sem falar nada, e eu também não entrei em detalhes sobre o que eu ia fazer. Não preciso de mais alguém da Andie e do Ryan me fazendo um interrogatório.

O shopping onde íamos estava vazio, mas pelo horário deveria estar cheio. Eu achei que isso fosse um bom sinal; sem pessoas, ninguém ia notar o mico que ia passar.

Passei pelas lojas para subir a escada rolante que levava à praça de alimentação, pegando o celular para mandar uma mensagem para o Owen.

Já tô aqui. Vou começar a procurar umas coisas do trabalho.

Sentei em uma das mesas da Starbucks e pedi um frapuccino de chocolate. Enquanto esperava, abri o Google no celular e comecei a buscar informações sobre George Washington.

Coloquei algumas curiosidades no caderno e percebi que uma cadeira se movimentou à minha frente. Levantei a cabeça. Era Owen.

- Hey, desculpa o atraso. Meus pais não estavam me deixando sair.

- Mas tá tudo bem você estar aqui agora?

- Sim - ele sentou. - De boa.

- Ok.

Mais um momento de silêncio constrangedor apareceu. Antes que piorasse, disse:

- E-Então, eu coloquei umas informações sobre George no caderno, você pode checar de quiser... - arrastei o caderno para ele. Mas uma coisa estava me incomodando.

- Owen... Por que continua falando comigo?

- O quê?

- Quer dizer - me remexi na cadeira, percebendo que foi uma péssima ideia -, eu sou um figurante, e você é... bem, popular. E geralmente o popular não se envolve com o figurante a menos que precise.

- Do que você tá falando? Eu converso com você porque é meu amigo. E também - seu rosto abaixou, ficando levemente vermelho. Meu Deus -, sinto que se eu parar, vou perder alguém importante...

Já não conseguia ouvir direito. Meu coração batia tão forte que era tudo o que eu escutava. Só não tinha certeza se era de medo ou amor.

- Owen... Eu... - cheguei mais perto.

- Jake... - ele também chegou.

O tempo podia parar aí. Está perfeito. Nada pode arruinar o que está prestes a acontecer. Nada.

Pois é, não é bem assim.

- Oweeeeeeeeeeeeeen! - ouvi um longo grito de uma voz feminina. Voltei para trás como o Flash, como se nada tivesse acontecido. Mas minha cara dizia o contrário. Fiquei lá, me empurrando contra o banco almofadado, desejando que ele me puxasse para dentro de si.

- L-Laurel? - a voz do Owen saiu baixa. - O que você tá fazendo aqui?

- Ah, eu estava passando por aqui e eu te vi, aí resolvi dar um oi. Te procurei ontem a tarde inteira.

- É... Eu tô fazendo uma lição com o Jake, quando acabarmos, eu falo com você.

- Jake? - ela virou a cabeça à procura de alguém, e seu olhar parou em mim. - Nossa, você estava aqui? Nem tinha te visto!

Ok, ok, calma, vamos analisar a situação. Uma garota brotou aqui do nosso lado, falou que estava procurando o Owen e "não tinha me visto". Somando tudo isso, o resultado não é bom.

- Ahn... Quem é você? - perguntei, me ajeitando no sofá.

- Eu sou Laurel, namorada do Owen - ela sorriu para mim.

Namorada. Ótimo. Que sorte. Às vezes eu me pergunto por quê eu continuo tentando... Mas, calma aí...!

- Mas... eu vi você - apontei para Owen - com um... cara... na festa, e... - me parei. Meu Deus, eu posso estar acabando com um casal neste exato momento e sem saber. Melhor calar a boca.

Achei que eles fossem ficar surpresos, ou fossem começar a brigar na minha frente, mas eles começaram a rir. O que eu tô perdendo aqui?!

- Isso é porque - Ashley recuperou o fôlego e começou a me explicar - nosso relacionamento é aberto.

- I-isso funciona pra vocês? - perguntei surpreso. Relacionamento aberto é uma coisa que eu nunca vou entender, mesmo que eu tente.

- Sim, e muito bem - então ela se aproximou do Owen e deu um selinho. E já deu pra mim.

Rapidamente, sem eles perceberem, abri o app de ligação falsa. Não queria recorrer a isso, mas são tempos de desespero...

- Ah, droga, minha mãe tá me ligando. Cara, podemos deixar o trabalho para outra hora?

- Sim. Depois a gente marca. Falou!

- Tchau - saí correndo da Starbucks, com meu coração a mil e lágrimas querendo sair. Merda.

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