Já era de manhã, como eu sabia disso? Bem, a luz do sol na janela era bem visível, contudo, ela não era a única culpada de ter me acordado, eu estava toda suada e talvez por isso acordei tão incomodada. Meus pesadelos têm se tornado constante, não só com a morte de Dante, mas também com outras coisas, coisas que eu jamais tinha visto, pequenos objetos brilhantes, que toda vez que aparecia em meus sonhos me dava uma sensação de prazer, uma sensação de estar completa.
Me sentei na cama vendo que Peter não estava ali, desde que passamos a ficar no Sanctum todas às vezes em que eu conseguia dormir era porque tinha Parker ao meu lado e estranhamente sabia que ele não deixaria nada me acontecer. Minha ligação com ele se tornou mais forte em uma semana, quanto minha ligação de Dante que foi construída por anos. Levantei e fui ao banheiro, precisava urgente de um banho, costume esse que também aprendi com Parker já que no planeta onde eu estava, banhar, não era tão comum quanto aqui.
Desci até a cozinha onde julguei que Peter estaria e ele estava, porém, diferente das outras manhãs ele não levantou animado dizendo o que de novo ele descobriu naquele enorme prédio, e normalmente era isso que ele teria feito.
— Bom dia. — Disse tentando ser educada e antes que ele pudesse responder, Happy chegou. Eu gostava dele, o homem desde que me conheceu me ajudou com coisas pequenas, como roupas, comidas e sempre foi muito atencioso, isso pra mim era uma ação nobre da parte dele. — Oi Happy!
— Como esta essa manhã S/N? — O homem de terno que carregava uma sacola nas mãos perguntou, enquanto Parker apenas continuava olhando para sua comida.
— Como todas as outras manhãs... — Fingi pensar por alguns segundos. — Viva.
— Bem eu tenho que ir à escola hoje, até semana que vem. — Peter disse sem me olhar. Porque ele tinha que ir à escola, isso é só para crianças, não?
— Talvez eu vá com você. — Disse animada, mas eu sabia que o único motivo de querer ir com ele era não ter que ficar possivelmente sozinha com o senhor Strange. Eu ainda me sentia desconfortável quando ficava próxima dele.
— É uma ótima ideia, o senhor Stark quer que vocês fiquem juntos. — Happy dizia calmamente enquanto me entregava a sacola. — Por isso trouxe algumas roupas pra você, vai ser bom você se mistu...
— NÃO! ELA NÃO PODE IR. — Eu e o homem a minha frente apenas encarou Peter que estava vermelho, não havia motivos para ele agir daquela forma. — Você não pode ir, aquilo é uma escola com alunos normais que não podem se defender e... e você traz perigo aonde quer que vá, meu bairro foi destruído por aliens, porque de alguma forma eles acharam que você estava lá. Se você for para minha escola o que vai acontecer? Os alunos vão ter que morrer para proteger uma menina que nem se quer sabe quem é?
Não era possível o que ele estava falando. Era verdade sim, eu não era uma pessoa que trazia paz, porém, Peter era uma das últimas pessoas que eu achei que me julgaria dessa forma, como se eu fosse uma aberração, ele, justo ele que nem normal é.
Respirei fundo entregando a sacola de volta a Happy que me lançou um olhar desesperado, talvez com medo de que eu fizesse algo ruim. Caminhei devagar em direção a Parker que ainda permanecia no mesmo lugar e parei tão próximo a ele que pude sentir sua respiração descompassada. Olhei em seus olhos, pareciam mais escuros que o normal e então senti o medo em seu olhar, no entanto, não era um medo de dor, mas sim um medo de perda, como se alguém tivesse prestes a decepciona-lo.
— Você tem razão Parker, eu não sei quem sou, mas sei que sou perigosa. O fato de ir para sua escola de pessoas normais pode trazer caos, porém, não achei que tivesse problema, já que temos um grande herói estudando lá não é mesmo!? — Inclinei a cabeça para o lado tentando olhar mais a fundo em seus olhos, o garoto em minha frente estava paralisado. — Você também não é normal Peter, mas achei que pudesse ser melhor, já vi que eu estava errada, eu estava errada sobre todos vocês e eu cansei de receber ordens e continuar nessa mesma merda de sempre. — Virei as costas vendo que Doutor Strange estava lá presenciando tudo junto a Wong, que alguns dias passou o cargo de vigiar minha mãe para policiais.
— S/N! Não pode ir embora. — O homem que estava com uma capa vermelha disse enquanto eu passava por ele.
— Então tenta me impedir. — Caminhei até a porta, era a primeira vez que eu iria sair do prédio e todos ali apenas ficaram olhando, me olhando partir e ninguém ousou fazer nada, nem mesmo Peter.
Eu obedeci a muitas ordens ao longo do tempo e acredito que Dante não tenha morrido para que eu viesse cumprir mais ordens na Terra, era injusto eles me manterem ali sem ao menos me dizer o que sabiam. Estava claro que eles me mantinham por perto porque tinham medo, medo de algo que pudesse fazer, mas eu não tinha motivos nenhum para machuca-los, ou tinha!?
No meio da rua o barulho me incomodava, mas eu já havia aprendido a lidar, pessoas andavam de um lado para o outro e esbarravam em mim como se não me enxergassem, como se eu não fosse nada e isso parecia normal por aqui.
Um carro amarelo estava parado próximo a calçada e eu sabia que ele era um meio de transporte porque todos esses dias que fiquei no prédio sempre passava o tempo assistindo filmes com Parker, ele dizia que eu aprenderia muita coisa da Terra fazendo isso e eu realmente aprendi algumas coisas, como pegar um táxi. Entrei dentro do carro dando o endereço onde minha mãe morava, algo que gravei da primeira vez que a vi por aqueles enormes portais do Sanctum e graças a isso eu finalmente iria vê-la.
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Who Are You? (Imagine Marvel PT-BR)
FanficEla literalmente caiu nos braços de Peter Parker, deixando uma marca não apenas no chão daquele beco no Queens, mas também no coração do rapaz. Juntos (ou quase isso) precisam desvendar o mistério por trás da perigosa existência dela. Sinopse por Ma...