- Olha só quem acordou – Nicolas falou com uma Catarina dengosa em seu colo. Ela usava uma blusinha e fraldas, os pés descalços me davam vontade de morder. Naquela manhã de segunda tudo parecia ter voltado ao normal. Apesar de nossa noite quente, antes das sete eu precisava estar de pé para mais um dia de gravação. Nicolas iria apenas a tarde, o que dava tempo suficiente de Luísa chegar. Já havia picado algumas frutas frescas e separado em potinhos e meu marido deixou o suco de laranja pronto.
- Bom dia, meu amor – me aproximei e dei um beijinho em seu nariz – Vamos comer? Mamãe já vai sair.
- Vamos na praia com o papai? – ele sussurrou próximo a ela.
- Não esquece o protetor – falei voltando a cozinha – E também não esqueça de outra coisa que está devendo a ela. - Ele me olhou com aqueles olhos azuis cerrados e dei de ombros, Nicolas andou até o meio da cozinha e a colocou sentadinha na bancada que tínhamos ali. Me virei disfarçadamente para ver a cena enquanto arrumava minha bolsa, ela juntou as mãozinhas e fixou seus olhos de sono no pai, a bubu inseparável estava em sua boca dançando nos movimentos da sucção.
- Ju, ela não vai entender. – ele se virou para mim e dei de ombros novamente. – Olha só, ela pegou o vidro de azeite. Coloque isso aí.
- Não faça apenas por ela, mas por você também. Não foram nem um pouco engraçado aqueles comentários e ainda tenho vontade de dar uma surra naquela mulher. Espero que volte para LA e nunca mais pise aqui.
- Cat, olha para o papai – ele pediu e eu sorri, era até cômico a falta de jeito para assumir que errou. Um homem daquele tamanho à frente de um bebê que não tinha nem um metro – Me desculpe. Ontem falaram coisas não tão boas sobre você e eu, idiota, não a defendi. Desde o hospital te digo que serei sua muralha e nada passará por mim, mas acabei falhando na primeira oportunidade.
- Mamá. – ela apontou falando ainda com a chupeta na boca.
- Sim, mamãe. Ela que me obrigou e concordo com ela. Ninguém vai falar da minha menininha de novo. Você me desculpa? - Deixei a bolsa de lado e me aproximei da cena espalmando minhas mãos pelo mármore, Catarina olhou para mim e depois para o pai, seus olhos se contraíram em um sorriso e ela negou. Gargalhei.
- Catarina, como assim? Você não perdoa o papai? – Perguntou preocupado, eu sentia lágrimas brotarem em meus olhos de tanto que eu ria e ela acompanhou. Mais uma vez minha filha negou. – Eu pedi desculpas.
- Você pediu, isso não quer dizer que ela aceita, amor.
- Filha, você não perdoa o papai? – ela olhou para mim novamente e dessa vez assentiu, ouvi um suspiro aliviado de Nicolas.
- Eu amo você minha menininha – Ela negou novamente e soltou um gritinho – Viu só, Ju? Ela tá implicando comigo.
- Fala pro papai que você o ama também, que fica perguntando por ele incontavelmente o dia todo. – falei acariciando as costas do meu marido e Cat tirou a chupeta.
- Amo, papapá – se jogou em seus braços e recebeu um beijo na cabecinha. – Lá plaia.
- Você quer ir à praia? Mas me diz, perdoou mesmo o papapá? – ela negou novamente e fui obrigada a rir do olhar desolado de meu marido.
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Rebirth
RomansaSérie de contos sobre a chegada de uma pessoinha muito especial para o nosso casal. Esperamos que vocês se apaixonem por ela da mesma forma como nós nos apaixonamos. "Quando você nasceu, nós renascemos." Edit: os contos serão sempre OneShot, não ne...