Capítulo 10

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Katherine Ackson

EUA. Washington. 05:30 AM. Sexta-feira.

Observo com pena, a cena de Dylan sentado em minha cama, enquanto funga baixinho e tenta segurar lágrimas grossas que insistem em sair de seus olhos cinzentos. O banho gelado funcionou, sua febre já não existe mais e o mesmo me deixou vesti-lo, como o bom garoto que ele é.

Não fez birra... E me sinto orgulhosa por ele.

Trouxe Dylan para meu quarto, pois preciso me arrumar e não quero deixá-lo sozinho, ainda mais agora... Que está doentinho.

Me viro de costas por um momento e virada para o espelho de minha penteadeira, tiro minha camiseta cinza escuro, logo depois, abaixo minha calça de moletom que costumo usar em casa, ficando completamente nua, já que não uso peças íntimas para dormir.

É desconfortável.

Olho para meu filho, e seguro uma risada ao perceber que ele está de olhos fechados e com as bochechas coradas diante minha nudez.

Que bobagem... É só um corpo bebê.

- Dylan?- O chamo em tom de pergunta, me aproximando da cama, onde o mesmo permanece sentado.

- Sim?- Vejo seus olhos ainda fechados, e sorrio.

Talvez ele esteja tímido.

- Abra os olhos meu bem, não tenha vergonha, não tem nada de mais aqui.- Espero que o mesmo obedeça, e assim que o faz, seu rosto se torna puro rosa claro ao me ter tão perto de si.- Viu bebê, é só a mamãe.- Digo com carinho e afago seus cabelos fartos, que com toda certeza, serão cortados hoje.

- Não gosto quando me trata assim, eu não sou criança.- Reparo no peso de suas palavras, que saem com rouquidão graças ao choro recente e sorrio com compreensão.

- É meu bebê.- Respondo com carinho e vejo seu rebelde revirar de olhos.- Ei, não faça isso... Não é educado.- Repreendo ainda carinhosa.- Sei que é estranho ter alguém cuidado de você assim, tão intimamente, como cuido agora, mas faço para seu bem.- Sou gentil ao lhe explicar.

- Não pedi cuidados.- Seu tom sai grosso, seco, tanto que chega a ser ríspido.

Ah Dylan... Não vamos seguir por esse caminho meu filho.

- Sei que não pediu, mas você terá.- Digo com seriedade, não querendo discutir logo cedo.- Serei rápida no banho, prometo. Não saia do quarto, daqui a pouquinho descemos para preparar o café.- Dizendo isso, me viro para o banheiro e caminho até lá, ignorando "grr" que o mesmo solta em minhas costas.

Hoje será um dia daqueles...

Não deixarei Noah trabalhar para o FBI. Ontem durante a noite, liguei para meu chefe, e conversei com o mesmo sobre o cargo de meu filho, perguntei o que ele deveria fazer, se era seguro e tudo mais. Wray me disse que ele seria um hacker, que iria ajudar tudo ali mesmo da empresa. Mas também disse que não é 100% seguro. Disse que todos que trabalham ali correm perigo, principalmente os que atuam em campo como eu, e com Noah não seria diferente. Ao encerrar a ligação, pensei bem sobre o que devia fazer, pensei em como meu filho poderia ficar caso recebesse como resposta um não de minha parte. Pensei nos riscos. Qualquer deslize de Noah seria motivo para ser levado para sala de Wray, e mesmo que meu chefe seja uma pessoa paciente, trata todos ali com devida brutalidade, e eu com toda certeza não iria querer ver meu filho chorando por receber uma bronca de alguém que não seja eu. Ou magoado por algum grito que o diretor possa soltar com o mesmo. Noah é sensível. Tirando o fato de que toda segurança do prédio estaria em suas mãos, câmeras, travas, portas, exatamente tudo! E se algum hacker melhor que o mesmo invadisse nosso sistema? O peso da culpa seria jogado tudo em cima do mesmo. E tenho medo que Noah não consiga suportar tal responsabilidade. Por isso... Minha resposta é não.

Tirando o fato que hoje, Dylan tem consulta, já liguei para meu emprego e deixei seu horário reservado com o médico de plantão. Queria ser eu mesma a cuidar de meu bebê, mas tenho trabalho a fazer, de acordo com minha agenda de afazeres, tenho 13 casos novos. Terei que passar tudo para minha equipe ainda hoje, gosto de ter agilidade em resolver problemas.

Ligo o registro, e entro debaixo da água, quase fervente, que sai do grande chuveiro prateado. É surpreendente a forma que meu corpo começa a relaxar, não havia percebido que estava tão tensa. Mas também... Com tudo o que aconteceu no dia anterior, não tem como não estar... Minha cabeça parece confusa, porém, não encontro confusão alguma.

Sei que Dylan será um desafio... Um grande desafio, mas sei que consigo. Apesar de tudo, ele tem um toque ingênuo, não muito, mas com toda certeza tem, consigo ver. Sofrido, tímido e as vezes descarado até demais. Um misto de sentimentos e atitudes contraditórias, tudo envolto de uma pessoa só, meu bebê. É surpreendente, porém intrigante.

Isso me confunde.

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