Capítulo 2 - A Proposta

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AMBAR


Acabou não sendo tão difícil encontrar Simón King Álvarez. O jornal falava mais sobre ele. Era dono de boates e casas de show espalhadas pelo Brasil e havia o endereço de várias delas. Com um dinheiro emprestado de Luna, fui em uma delas e acabei descobrindo onde ficava a sede das empresas de Simón King Álvarez, no centro do Rio de Janeiro. Luna ficou em minha casa com Benício e Sophie.

O prédio era imenso, na Avenida Rio Branco e a sede das empresas Álvarez ocupava os últimos andares. Foi fácil entrar no elevador e subir, entre várias pessoas bem vestidas. Eu usava minha melhor roupa, mas sabia que o vestido estava surrado e largo, pois eu emagrecera demais. Meu cabelo longo estava solto, mas eu sabia que ele precisava urgentemente de um corte. Tentei manter-me tranquila, apesar da grande tensão que me dominava.

O elevador parou no vigésimo segundo andar e eu saltei com mais umas três pessoas. Havia uma grande recepção onde três moças bonitas e uniformizadas atendiam os visitantes. E vários seguranças de terno espalhados em lugares estratégicos. As pessoas que vieram no elevador comigo cumprimentaram as recepcionistas e seguiram adiante, na certa trabalhavam ali e eram conhecidas.

Eu tive que ir até a recepção, pois as moças já me olhavam e uma delas indagava polidamente:

- Posso ajudá-la?

Era jovem, morena e muito bem maquiada. Parei em frente ao balcão de vidro, impecavelmente limpo e fitei-a, procurando esconder o meu nervosismo.

- Bom-dia. – Forcei um sorriso. – Eu gostaria de falar com o senhor Álvarez.

- Tem hora marcada? – Sua voz era fria e seu olhar impessoal.

- Não

-  Lamento. O Senhor Álvarez é muito ocupado e só atende com hora marcada.

- É muito importante. Você poderia ao menos avisar a ele o meu nome e perguntar se pode me receber?

- Lamento. – Ela repetiu. – Ele nem está aqui, saiu para almoçar e talvez nem volte hoje.

- Posso esperá-lo?

-Não vai adiantar. Se quiser pode deixar seu nome e telefone comigo e eu marco uma data com ele. Depois a aviso. Meu nervosismo aumentou e olhei-a nos olhos.

  -   Preciso falar com ele hoje. Eu o conheço há mais de dez anos. Por favor, diga que sou a esposa do irmão dele. Meu nome é Àmbar Smith.

A garota olhou-me com mais interesse, mas não pareceu acreditar muito. Insisti:

-  Posso ao menos esperá-lo? Você avisa quem eu sou. Se ele não quiser me receber, vou embora.

-  Aguarde um minuto. Vou falar com a secretária dele.

- Obrigada. – Deixei o ar escapar lentamente e esfreguei as mãos úmidas na saia do vestido, para secá-las. Eu não sabia o que temia mais: não ser recebida e sair dali com os mesmos problemas, ou ser recebida e voltar para casa com mais problemas ainda. Como não era covarde, resolvi me acalmar e ir com aquilo até o fim.

A moça falou baixo pelo interfone e meu nervosismo não me deixou entender uma palavra. Por fim ela desligou e voltou-se para mim.

    - Siga pela direita até o fim do corredor. Só pare ao chegar em um pequeno hall, onde há um elevador particular. Suba até o último andar e sairá na sala da secretária do sr. Álvarez.

  -   Obrigada. – Sorri de leve, mais nervosa do que aliviada.

Mal pude reparar no luxo que me cercava. Fiz exatamente como a moça falou e cumprimentei o ascensorista no elevador, que me fitou com curiosidade, mas retribuiu o cumprimento. Desci no último andar e deparei-me com uma sala enorme, luxuosa e acarpetada, muito bem decorada e onde, atrás de uma mesa de madeira maciça, uma senhora muito elegante me fitava.

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