Ambar
Durante o sábado, meu dia foi rotineiro, em casa com Benício inconsciente, Sophie animada, brincando e falando sem parar, a presença de Gilda e o papo com Luna, que aparecia para ver como iam as coisas e conversar. Dei faxina na casa, até ficar exausta e tudo brilhar. Estava mais calada que o normal, mas fora isso ninguém reparou que eu me sentia mudada desde aquela madrugada.
O celular tocou por volta das sete horas da noite, quando eu lia um livro na sala e Sophie fora brincar um pouco com o gato de Luna, na casa dela. Eu tremia ao atender. Não falava com Simón desde quarta-feira de manhã. Ainda sentia raiva dele e medo. Mas também uma estranha saudade, que chegava a doer.
- Oi, Àmbar.
- Estou esperando você.
-Certo. – Falei com a mesma frieza que ele. – Jonas já está a caminho?
-Sim. Esteja pronta.
E só. Guardei o celular, com aquela odiosa vontade de chorar novamente me engolfando.
Cheguei ao apartamento dele com os nervos em farrapos. Após o nosso último encontro, eu o temia e não sabia o que esperar. Muito menos aquela emoção forte e estonteante que senti quando ele abriu a porta e eu o olhei. Todo meu ser reagiu com sentimentos violentos e desconexos de vergonha, dor, paixão, luxúria.
Não dissemos nada. Entrei, trêmula e nervosa. Não sabia como ele me trataria dali por diante ou como eu deveria me portar. Parei perto do sofá, com o olhar fixo a minha frente. Fiquei surpresa ao ver vários lingeries espalhados pelo sofá, de todas as cores e formatos.
- Delfina tem suas medidas na loja. Mandei que ela escolhesse algumas peças para você e enviasse para cá. Tire a roupa e experimente-as.
Não olhei para ele. Eu sentia sua frieza congelando-me. “Daqui por diante você vai ser tratada como a puta que é”, aquelas palavras, proferidas por ele em nosso último encontro, voltaram nítidas à minha mente. Então era assim. Ele mandava e eu obedecia. Aquela ligação que havia começado a se formar entre a gente havia sido rompida. Eu seria só uma obediente prostituta.
Larguei minha bolsa, sentindo-me também fria. Desabotoei a blusa, o velho sutiã, a calça. Tirei tudo. Nua, só os cabelos densos, lisos e compridos me cobriam um pouco. Então o olhei, bem dentro das íris castanhas.
- O que quer que eu ponha primeiro?
Os olhos dele brilhavam muito, como se estivessem consumidos por chamas. Desprezo e algo mais estavam ali. A voz saiu gelada:
- Escolha você.
Olhei novamente para as peças. Peguei a mais próxima, sem me importar. Era um conjunto de meia calça preta, até o meio das coxas, onde era rendada, fio dental preto e sutiã meia taça preto e rendado, com bojo transparente. Sentei-me na poltrona, sob o olhar de Simón, e vesti-me. Quando fiquei pronta, levantei-me e encarei-o.
- Quer que eu desfile agora? – Indaguei secamente.
- Ótima idéia. – Calmamente ele se sentou em uma poltrona, muito à vontade em seu terno escuro de corte perfeito. – pode começar.
Dura e com raiva, eu andei de uma ponta à outra da sala. Não quis pensar na humilhação de me expor daquele jeito, com o corpo à mostra, tratada como uma puta.
No final das contas, eu acabava reduzida a isso mesmo. Fora a puta particular de Benício por dez anos e agora era a de Simón.
-Você parece um robô, Àmbar.
- Ah, não gostou? Lamento, é o melhor que posso fazer.
- Troque de roupa. – Ele não comentou minha ironia. – Deixe a meia calça.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Chantageada
RomanceÁmbar está passando por um momento difícil, quando se vê obrigada a pedir ajuda a um antigo conhecido.Simón Alvarez. Ele aceita ajudá-la por um preço, ela na cama com ele. Será que ela vai aceitar ?