Pesadelo (parte 1)

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(Maya)

  Acordo as 7h da manhã. No primeiro momento, a preguiça me impede de levantar, mas no instante seguinte conto até três. E levanto. Um Flashback rápido me faz lembrar que prometi a mim mesma que iria embora e chegou a hora de ir. Eu não sou ingrata, só que eu não mereço tanto. Pra onde vou? Não tenho idéia. Penso em arrumar as malas, mas começo a rir, eu cheguei aqui sem nada. Vou até o corredor, ando de fininho e depois desço as escadas devagar, porém no último degrau me distraio e deixo meu celular cair sobre o piso trabalhado de madeira, e o choque do celular com o chão, causa um barulho enorme, e quando menos percebo Nicolas está atrás de mim. Nenhuma desculpa passa pela minha cabeça.

 - "Aonde vai?" - ele questiona.

 - "Eu...bom...Eu ia no...jardim" - é a primeira coisa que me vem a mente.

 - "Sete horas da manhã? Pra que?" - curioso, não?

 - "Fiquei sem sono"

 - "Você está arrumada. Maya, não estava pensando em ir embora né?"

 - "Er...bom, Nicolas eu..."

 - "Você não vai embora!" - ele vem pra cima de mim, e quebra um vaso na minha cabeça, eu Caio no chão, não aguentando tanta dor.

 - "Você é louco?" - grito.

 - "Isso vai impedir que não vá embora."

 - "Seu lou..." - desmaio antes de completar, por causa da dor.

  De repente acordo. E percebo que estou em minha cama. Isso tudo foi um sonho? Como assim? Bom, na verdade foi um verdadeiro pesadelo, porém só tenho uma pergunta, Nicolas seria capaz de fazer o que ele fez no sonho? Eu estou tremendo, então decido ir até o quarto de Nicolas, procurar ajuda, mas antes de chegar lá, desmaio.

 ...

  Acordo com dona Juliana me olhando preocupada, eu estou deitada, mas não consigo sentir meu corpo, é uma sensação horrível, o que tá acontecendo? O quanto esse pesadelo me afetou? Nicolas se aproxima e pergunta se esta tudo bem. Eu assinto, mesmo sabendo que não está tudo bem. Eu não consigo falar, as palavras presas estão me sufocando pouco a pouco. Eu quero gritar, mas não posso, não consigo.

 - "Ni...colas..." - minha voz sai baixa, falha, pequena.

 - "Calma Maya, vai ficar tudo bem."

 
  Sua voz me tranquiliza, e aos poucos relaxo. Depois, acabo dormindo.

  Abro os olhos, analisando ao meu redor, sinto uma leveza, e percebo que tudo passou, até onde foi esse pesadelo? Eu olho para o celular e lembro que tinha marcado um encontro com Carol, como me sinto bem, simplesmente vou. Aviso ela por mensagem, e em que tão de minutos estou na praça, ela chega após 5 minutos. Ela está preocupada, isso começa a me deixar preocupada.

 - "Minha irmã" - ela tenta me abraçar, mas eu me afasto.

 - "Vá direto ao ponto." - reviro os olhos.

 - "Nosso pai está muito mal."

 - "O que? É só isso? Você me disse que era importante."

 - "Maya, nosso pai sofreu um infarto, esta no hospital, claro que é importante, é muito grave."

 - "Se ele não se importou comigo, por que eu tenho que me importar com ele?"

 - "Ele quer te pedir perdão."

 - "Simples! Vai e diz que eu perdoei"

 - "Mas...e se ele morrer?"

 - "Que descanse em paz" - me viro para ir embora.

 - "Você não tem amor no coração não?"

 - "Ele teve compaixão por mim?"

 - "E o remorso?"

 - "E o amor de pai pra filha?" - forço uma cara ofendida, coloco a mão no coração, e reviro os olhos.- "Chega né Carol? Fala que eu perdoei, e se ele morrer, eu realmente sinto muito, porque o que ele fez comigo, foi desumano, então, eu não tenho obrigação de ir vê- lo."

 - "Como consegue ser tão cruel?"

 - "Aprendi com a minha família, vocês me ensinaram a ser assim"

 - "Não culpe todos nós, você sabe que..."

 - "Carol, a gente não vai chegar a lugar nenhum com isso aqui, tá legal? Eu vou embora." - me viro, e saio.

  Alguns passos, e sinto uma forte tontura, e algo como se fosse um pressentimento ruim. Será que tem a ver com que Carol acaba de me dizer? Mesmo mal, consigo andar até a casa de Nicolas. Assim que entro, a primeira pessoa que encontro é dona Juliana, que está extremamente preocupada, e com razão, eu sai, e não avisei.

 - "Maya, onde estava? Fiquei preocupada querida."

- "Eu fui falar com a minha irmã"

- "Tudo bem, mas da próxima vez, avise por favor"

- "Tá bom" - sorrio, e subo para o meu quarto.

  Quando entro Nicolas está sentado em minha cama, ele está girando algo entre os dedos, mas para quando me vê.

- "Você sumiu"

- "Eu tive que sair"

- "Da próxima vez..."

- "Avisa, eu já sei."

- "Você está preocupada?"

- "Maya..." - eu sento ao lado dele- "Foi a ligação que você recebeu ontem, não é?

- "Sim"

- "Algum problema?"

- "Sim, mas não sei se me afeta."

- "Sua família?"

- "Meu pai."

- "Tá tudo bem com ele?"

- "Não...e eu acho que a culpa é toda minha"

- "Por quê?"

- "Olha tudo que eu fiz, eu sou a decepção da minha família"

- "Não Maya, você não é a decepção da sua família, o que aconteceu é um fato que ninguém pode mudar, foi uma bênção tá legal? E ainda que eles tenham te desprezado, aqui você tem gente que te ama, eu mesmo sou um deles. Você faz todos felizes Maya, inclusive eu. Você mudou minha vida, eu te amo. Obrigado"

Deito ao seu lado. Encaramos o teto, enquanto pensamos o quanto precisamos um do outro. Acho que depois de tudo isso, realmente estou me apaixonando por Nicolas.

❤❤

Eu amo você, bebê!Onde histórias criam vida. Descubra agora