Pesadelo (parte 2)

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(Maya)

  Eu e Nicolas vamos para o jardim, deitamos na grama pra conversar, e ficamos observando as estrelas, um cenário bem romântico, com Nicolas ao meu lado...Nada podia estar mais perfeito, e pensar como tudo começou...Ahh...paz, tranquilidade, sentimentos bons...Será que é possível esse momento durar para sempre?

- "Podemos prolongar esse momento para sempre?" - pergunto, pegando ele de surpresa e ele sorri.

- "Por quê?"

- "Paz, essa paz que eu tô sentindo agora, é inexplicável...Só quero que tudo fique bem, sabe?"

- "Eu sei Maya. Sabe o que eu mais gosto em você?" - balanço a cabeça dizendo que não- "Seu jeito de ver o mundo, embora um pouco dramático" - rimos- "Você é doce, ama as coisas intensamente, eu tô aprendendo muito com você"

- "Você é a primeira e única pessoa a dizer isso, sabia?"

- "Acho que estamos conectados" - ele brinca e me olha. Ahh, esse olhar...

- "Talvez" - ficamos em completo silêncio. Será que eu sinto algo pelo Nicolas? Quer dizer, ainda somos estranhos um pro outro, mas... Eu me sinto bem ao lado dele. Talvez seja hora de falar isso pra ele. O olho, e vejo seu olhar focado nas estrelas, tão lindo...- "Nicolas, eu..." - estou pronta pra falar o que sinto, quando sinto uma forte tontura, por reflexo vômito, e depois tudo escurece.

(Nicolas)

 
  Maya cai sobre meus braços e eu entro em desespero, outra vez ela está mal, o que está acontecendo meu Deus? Pode ser efeito da gravidez, mas já não está mais normal. Meu primeiro instinto é leva- lá para dentro de casa, mas grito para um empregado chamar a ambulância. Minha mãe se apressa e nos ajuda. Depois de tudo, levamos ela pro hospital, ela vai direto pra Unidade de terapia intensiva, agora é só esperar.

(Maya)

  Acordo, analiso ao meu redor, tudo está estranho, onde eu estou? Ouço o barulho do monitor cardíaco, e percebo que estou ligada ao aparelho, a última imagem em minha cabeça é que eu estava com Nicolas. O que será que aconteceu? Vejo a porta se abrir. É dona Juliana, ela sorri e vem até mim.

- "Como se sente?"

- "Eu estou enjoada, mas bem. Dona Juliana, o que tá acontecendo?"

- "Eu não sei Maya, mas descansa, vai ficar tudo bem"

- "Não consigo, algo está me incomodando e..." - somos interrompidas pelo médico, que entra na sala.

- "Senhora Cooper? Pode me acompanhar um instante?" - ela assente e eles saem do quarto.

(Juliana)

- "O que houve doutor?" - encosto a porta.

- "A paciente passou por algo que mexeu com o psicológico dela, e o corpo responde, recriando os sintomas da gravidez, como enjôo, tontura..."

- "Então, ela não tem "nada?"

- "Não exatamente, foi uma espécie de trauma que causou isso, mas diga a ela que está tudo bem. Isso pode voltar a acontecer, mas você já vai saber lidar."

- "Posso leva - lá pra casa?"

- "Ainda não. Ela foi submetida a uma bateria de exames, sugiro que ela fique em observação por essa noite."

- "Concordo plenamente doutor. Obrigada." - ele assente e eu volto para o quarto.

(Maya)

  Dona Juliana entra no quarto e passa uma energia positiva. Minha preocupação some aos poucos e eu sorrio para ela.

- "Tá tudo okay né?

- "Agora está"

- "O que eu tenho?"

- "Nada demais, agora descansa" - Assinto e me viro.

Fecho os olhos e com os pensamentos, acabo dormindo aos poucos.

 

  Eu estou caminhando. O lugar é estranho, nunca vi antes, e tenho uma sensação horrível. Estou em uma estrada, não há nada, nem ninguém. De repente, vejo ao longe uma casa, me aproximo cada vez mais. Na varanda, vejo meus parentes, eles me encaram com raiva, eu não entendo nada. Apenas entro na casa, avistando no centro da pequena sala, um caixão fechado. Quando Carol me vê, ela grita, desesperada, com raiva, ódio, como se quisesse me matar.

- "Assassina!!" - são as palavras mais dolorosas que sai da boca dela, e eu...Sou inocente.

- "Não Carol, não fui eu." - choro.

- "Você matou o papai, assassina!!!!"

  Eu tento me defender mas é inútil, ela ameaça vim para cima de mim, mas minha mãe a segura. E é nessa hora que tudo fica frio, e tudo desaparece.

Acordo assustada, chorando, respirando ofegante. Demora um tempo até meu cérebro entender que foi um sonho. Eu desconecto o fio que une meu braço ao aparelho. Quando estou livre, saio do quarto. É madrugada, os médicos de plantão são poucos. Eu ando pelos corredores com a esperança de encontrar meu pai. Talvez seja impossível, mas algo me diz que ele está perto. Sorrio de leve, quando de longe, vejo Carol. Eu me aproximo, mas ela está...brava.

- "Carol?"

- "Maya?" - ela se espanta- "O que houve com você?

- "Comigo é o de menos. Cadê o papai?"

- "Resolveu se preocupar?"

- "Não é hora pra isso Carol, eu quero saber sobre meu pai."

- "Bom, pode ficar despreocupada, ele está em casa se recuperando. Agora que já sabe, esquece que todos nós existimos, você é a decepção da família Adams." - ela sai.

  Volto para o quarto derrotada com o que Carol disse, ela está certa, eu sei. Mas logo ela, de quem eu mais esperava apoio. Espero não ser motivo de decepção pra família de Nicolas, eles são tão importantes pra mim. Eu deito na cama, mas tanta coisa está me incomodando que não consigo dormir. Eu troco de lado na cama pelo menos 10 vezes, e então, desisto de dormir. Aperto os olhos, deixando as lágrimas caírem, me limparem. Eu não quero mais ser a decepção de todo mundo, eu perdi tudo, não aguento mais. A maior vontade agora é de me matar, acabar logo com o sofrimento.

Mas duas pessoas precisam de mim. Primeiramente meu bebê, ele não tem culpa de nada. E a outra pessoa é o Nicolas. Ele no momento é meu tudo.

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