Capítulo 8

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[...]
- Que isso Mia? - Ethan perguntou ao entrar em casa e ver que o ambiente estava a luz de velas. 
- Uma surpresa pra você, amor. - A jovem respondeu se aproximando e puxando o marido para um beijo carinhoso. 
- Mia, espera. - Ethan respirou fundo - Tive um dia cansativo na clínica, não sei se estou com disposição para... Você sabe. - Sentou-se no sofá e fez uma careta. 
- Novidade seria se você estivesse com alguma disposição, não? - Chateada, Mia acendeu as luzes. - Sabe Ethan, nosso casamento não está muito legal. Se não tomarmos uma atitude logo vamos acabar não dando certo no final, se é que me entende. - O avisou sentando-se ao seu lado e cruzando os braços.
- Desculpa Mia, vou tentar melhorar como marido. Desculpa mesmo... - O enfermeiro pediu cabisbaixo pondo sua cabeça sob o ombro dela que nada disse, apenas suspirou fustrada por mais uma vez, não ter a devida atenção do marido. 
~*~
- Oi pessoal... - Ana disse entrando em casa e se deparando com Jack e Kate assistindo a Titanic*. - Por que essas caras? 
- Como assim por quê? Não está vendo que estamos vendo Titanic? - Kate a lembrou assoando seu nariz com um lenço. 
- Por isso mesmo! Esse filme é maravilhoso, tem um final lindíssimo, não entendo para que tanto drama. - Falou pondo sua bolsa sob a mesa. 
- Ana, você sabe que mais de mil pessoas morrem no Titanic né? - Kate revirou os olhos. 
- Sim, mas o filme não seguiu a vida real, tanto que acabava na parte em que eles namoravam no carro e... Quer dizer, era nessa parte que a mamãe desligava a televisão e dizia pronto crianças, o filme acabou. - A morena arregalou os olhos ao olhar para a televisão e ver o navio começando a afundar. - Que isso?! 
- Maninha, quando éramos pequenos nossa mãe desligava a TV antes do final dos filmes tristes porque queria que você crescesse acreditando que todos sempre conseguem ter seu final feliz. Desculpa ter esquecido de te contar isso depois que crescemos. - Jack avisou dando um sorriso amarelo. 
- Não acredito... - Anastasia sentou-se ao no meio dos dois - Ai senhor, os dois vão morrer, não vão?! 
- Não, só o Jack, meu xará, vai. - O loiro explicou entregando um lenço para a irmã que acompanhou o filme até o final, passando a chorar chocada e descontroladamente. 
~*~
- Doutor Grey... Estou prontinha para nossa próxima consulta. - Candy, paciente do ginecologista falou entrando em sua sala, mas ele cobriu o rosto com as mãos, já lembrando que não iria conseguir transar com ela. 
- Então Candy... - Ele se levantou de sua poltrona e foi até ela. - Acontece que não vamos ter consulta hoje, não do jeito que gostaríamos. 
- Por que? - A morena de olhos castanhos se aproximou dele abrindo seu jaleco. - Por acaso está doente?
- Não, é que o Greyzão... - Olhou para baixo na direção de seu membro - Não está funcionando muito nos últimos tempos. 
- Ah, entendi... - A morena disse sem graça - Então já vou indo, até qualquer dia doutor. - Se despediu saindo da sala dele. 
- Anastasia, Anastasia... Tudo culpa sua de novo. - O médico resmungou dando um soco na parede.
~*~
[...]
Na tarde seguinte lá estava Ana sentada no sofá com baldes de pipoca no colo e muitos lenços nas mãos. 
- O que está fazendo Ana? - Leila indagou enquanto terminava de se arrumar para trabalhar. 
- Comprei todos os filmes que lembrei ter visto na infância e na adolescência e tô acompanhando até o final pra ter uma ideia de quanto a vida é cruel... - Explicou começando a chorar. 

- Ai Ana... - A oncologista gargalhou fazendo um rabo de cavalo alto em seus cabelos. - Hoje a noite vou na boate, quer ir comigo se divertir um pouco?
- Para que? Pra ser atacada por um tarado e morrer? Ou alguém me dopar com um boa noite cinderela e me roubar? Porque foi isso que aconteceu com a mocinha do filme que vi horas atrás. - Continuou a comer sua pipoca. 
- Nossa... Ta traumatiza mesmo, hein? - Leila notou com a testa franzida - Bom, vou trabalhar e a noite, baladar. Se mudar de ideia me liga, até mais! - Exclamou pondo a bolsa sob o ombro, saindo de casa e deixando Ana com suas lágrimas, pipocas e DVDs.  
[...]
Ana passou boa parte da tarde vendo filmes e chorando com a maioria do final deles. Foi quando Grey bateu rapidamente na porta e entrou, já se preparando para tomar uma bronca por ter entrado daquela maneira tão brusca.
- Que droga, Grey! Por que você não bate nessa porta? Eu poderia estar pelada, sabia?
- Quem dera se estivesse, mas eu não tenho muita sorte. - Ele deu de ombros dando risada mas ela nada disse, apenas se manteve séria. - Foi mal. É que acabei de chegar do hospital e esqueci de comprar café, vim ver se vocês tinham pra me dar. 
- Tem na cafeteira, pode pegar. - Ela disse voltando a prestar atenção no filme. 
- Obrigado. - Ele foi até o armário e pegou a cafeteira. - Está tudo bem? Seus olhos estão inchados. - Ele reparou se aproximando dela que pôs o filme no pause.
- É que descobri há essa altura da vida que minha mãe não me deixava ver os finais tristes dos filmes para que eu pensasse que a vida era sempre um eterno conto de fadas. - Ela contou ficando em pé. 
- Mas finais tristes é o que mais se tem na vida, Ana. 
- Mas existem finais felizes também. Talvez se você se abrisse mais pra vida perceberia isso. 
- E se você se abrisse mais literalmente pra vida... - Usou sua habitual malícia - Saberia que amor sem sexo simplesmente não existe e se existe é muito, mas muito estranho e chato. - Aproximou-se mais dela ficando frente a frente e a olhando nos olhos. 
- Nós somos muito opostos mesmo. 
- É, mas os opostos se atraem e pode negar o quanto quiser, pois sei que sente atração por mim. - Ele retrucou acariciando o rosto da morena que sentiu seu coração disparar. - Quer saber? Tô com vontade de tentar uma coisa com você. 
- Como assim? - A pediatra arqueou a sobrancelha. 
- Eu sinto uma coisa por você que não sei explicar e como falei antes, sei que também sente algo por mim. Você poderia ensinar pra mim o que é o amor, enquanto eu te ensino tudo que sei sobre sexo, quem sabe assim não chegamos a um ponto de equilíbrio? Mas como você viu nesses filmes isso não significa que no final disso tudo nós dois teremos um final feliz, mas da minha parte quero ao menos arriscar. E aí? Topa minha proposta, bruxinha? 


*Filme de drama romântico de 1997, vencedor de onze Oscars.

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Será que a Ana vai topar? Me contem nos comentários!

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