- Okay, Samuel, não se esqueça de fazer suas tarefas. - Disse, Tia Jenn (uma mulher de 40 anos, com cabelos castanhos e olhos do mesmo tom)
- Sim, Tia Jenn. - Respondi, sem ao menos olhar para ela.
- Vai ser só uma semana, volto logo, querido.Ela me puxou para um abraço, caloroso, que até parecia o abraço de uma mãe.
- Eu te amo, querido...Não faça besteiras, está bem? - Disse ela em seu, amável, tom maternal.
- Vou ficar bem...É só...uma semana.
- Eu sei, eu sei, mas você é igual ao doido do seu pai e eu tenho medo que...
- Eu vou ficar bem! - Comecei a rir, enquanto, retribuía seu abraço.
- Okay, Okay, você já tem 17 anos, não é mais os meu bebê. - Ela começou a rir e desfez o abraço. - Tchau, querido. - Disse ela, parando em frente a porta da casa.
- Tchau, tia Jenn...- Acenei algremente, colocando um, grande, sorriso em meu rostoEla acenou, brevemente, e fechou a porta.
Apenas eu, na casa. Parecia mais vazia e triste do que de costume. Os móveis velhos e bregas sem nenhuma esperança de receberem alguém sobre si. A televisão desligada, a poeira cobria sua tela, fazia muito tempo que alguém tentara liga-la.
Para muitos adolescentes, este seria o momento de chamar os amigos e fazer uma puta festa e depois encobrir os rastros, como nos filmes bestas de adolescentes, mas...Eu não tenho amigos, muito menos...Vontade de ser feliz...
Minha vida acabou, quando ela se foi...Aquele verão de 86, em que a perdi...A única que eu sentia que estaria sempre ao meu lado...
Me deitei em minha cama, bagunçada. Aquelas lembranças, ainda, ecoam em minha mente. Sinto tanta falta de vê-la sorrir.- Elizabeth...Você teria 15 anos...Queria que estivesse aqui...-
Meu coração doía ao dizer essas palavras. Desistir da minha vida seria fácil, se não fosse pela tia Jenn, que me criou como um filho, após meu pai se suícidar. Pelo que parece, isso está no sangue.
Após tantos acontecimentos horríveis, entendo meu pai...Charlie...E todos aqueles massacres nas Freddy's...Tudo isso mexeu com a cabeça dele... Achávamos que abrir outro restaurante com o tio William faria bem para ele, mas...Foi encontrado morto, alguns dias antes da Circu's abrir e para piorar...Elizabeth sumiu...No dia em que o local abriu.. Nunca me senti mais sozinho em toda a minha vida.
Só tinha 8 anos e já sabia o que era perder metade do mundo.
A dor, a saudade e a solidão me assolam até hoje...
9 anos se passaram, mas não consigo parar de pensar que...Se eu tivesse ido com ela, talvez...Só talvez, ela ainda estaria aqui. O Porque tia Jenn não ter me deixado ir a Circu's, continua um mistério. Parece até que ela previu o que ia acontecer.
Me encolhi em minha cama, em uma posição, quase, fetal e fechei, calma e lentamente meus olhos.- Acho que vou matar aula e dormir...
Fechei meus olhos e só consegui ter o mesmo pesadelo de sempre: A Elizabeth, sentada em um canto, chorando e clamando por ajuda.
Sempre quis entender esse sonho, porém, não havia nada que o explicasse.
Optei por desistir de dormir, mas, não iria a escola, de qualquer maneira.
Fiquei deitado, o resto da manhã, pensando em nada.
Fui tirado de meu transe, entre dormindo e acordado, pelo toque do telefone.
Me levantei, calmo e sem vontade, indo atender.- Alô? - Disse sem vontade
- Fala ae, Sam - Era o líder do time de basquete, Zack.
- Qual motivo faria você me ligar, hein? Não somos nem amigos - respondi, seco e duramente.
- Caramba cara, calma.
- A T A - Respondi sarcásticamente.
- Okay, Okay, você me pegou.
- Desembucha, Zack.
- Lembra daquela aposta que fizemos mês passado?
- Sei...Que que tem ela?
- Você perdeu.
- Que!? Você só pode tá de sacanagem! -respondi nervoso.
- Não tô, o time da escola ganhou o campeonato.
- Puta que pariu, não pode ser! Vocês sempre perdem!
- Pois é, pela primeira vez, ganhamos e você sabe o que significa.
- Cara, você não vai me obrigar, né?
- Óbvio que vou! Você disse que não tinha medo de nada.
- Eu sei, mas eu não quero passar uma noite na Afton Robotics!
- Foi mal, mas você perdeu! Hoje a noite, 23:50, eu e meus amigos vamos estar te esperando na frente da Afton. É melhor você não amarelar. - Ele disse em um tom ameaçador e desligou o telefone.- Puta que pariu! O que eu vou fazer!? Ahhh. Tia Jenn me mata, se descobrir que eu fui lá! Que merda!
Sem saber o que fazer, olhei o relógio, ainda eram 16:32. Não tinha muito tempo. Não havia outra saída. Eu teria que passar uma noite na A.R. Após tantos anos, enfrentar uma parte do meu passado, que lutei tanto para esquecer, parecia o pesadelo perfeito.
Eu podia tentar pedir clemência ou fazer outra coisa para eles, mas...Algo me atraía até a Afton, algo que...Eu não conseguia explicar. Nunca foi uma boa seguir meu coração, mas, irei obedecê-lo, dessa vez.
Lá pelas 20, comecei a arrumar a minha mochila com tudo que eu fosse precisar. Pensando bem, nem mesmo sei do que posso precisar.
Vesti uma blusa azul, jeans e um tênis qualquer.
Me encarei durante alguns segundos no espelho.
Meus cabelos castanhos, bagunçados e mais compridos do que costume, cobriam meu olho esquerdo. Meu único olho, á vista, parecia morto, em seu tom castanho, da mesma cor de meus cabelos, quase não se destava. Meu olhar, já fora cheio de vida e alegre, porém...Agora era vazio e incompleto. Me recusava a me olhar, por mais de alguns minutos. Sempre me lembrava de Charlie quando via minha aparência.
Lá pelas 23:30, peguei minhas lanterna e mochila e saí andando, nem ferrando que iria de carro até a minha ruína.
Hurricane quase não mudara desde o acidente. Alguns estabelecimentos fecharam, outros abriram em seu lugar e pequenos prédios se formaram, porém, não deixava de ser uma cidade pequena, em que, depois das 22, não havia ninguém na rua.
A Afton Robotics estava ali, um prédio misterioso, sem janelas ou vitrines, apenas uma porta de ferro, em meio a uma parede cinzenta e mórbida.
Zack e seus amigos brutamontes, estavam parados esperando, ao lado do prédio.
Fui na direção deles, sem olhar muito em seus rostos.- Não é que ele não amarelou- Disse o brutamontes 2, rindo.
- Eu conheço o Sam, sabia que ele não ia arregar. - Disse o Zack, triunfante.
- Okay, Okay, eu vim. Vamos acabar logo com isso. - Falei, sério e sem vontade, enquanto, cruzava meus braços.
- Olha, Sam, aliviamos o desafio pra você. - Disse Zack, enquanto, passava a mão em volta do meu pescoço.
- Como? - Me desvencilhei dele.
- Fazer você passar a noite lá, seria muita crueldade, então...Só queremos que você entre e...- Ele tirava algo de sua mochila - Tirar uma foto de um animatronic! - Ele mostrou uma câmera instantânea, novinha em folha.
- Tá maluco!? Quer que eu tire uma foto de um daqueles monstros!?
- Bem...É isso ou...Você vai ter que fazer o meu dever, pro resto do ano letivo. - Disse ele, em um tom maligno.
- Okay...Eu vou... - Respondi, olhando para baixo, falando sem vontade.
- Esse é o espírito! - Disse Zack, animado. - Vamos ficar aqui fora te esperando. Boa sorte!Obviamente, eles queriam que eu entrasse, pelo grande e óbvio tubo de ventilação atrás deles. Eu ainda tinha alguns segundos para tentar pedir clemência ou aceitar fazer o dever deles, porém...Algo continuava a me atrair para dentro da A.R.
Engoli em seco, liguei minha lanterna e me preparei mentalmente.
"Está na hora" pensei, por alguns instantes.
Caminhei em direção ao duto e entrei. Estranhamente, não era nada apertado, parecia feito para pessoas transitarem nele, porém isso não faria sentido.
O duto acabava, em uma sala, em que, literalmente, não havia nada nem ninguém, apenas uma sala em que você poderia chamar um elevador, o que não fazia sentido, afinal, era um prédio muito pequeno para necessitar de um, mas...Não parecia haver outro caminho, além daquele...
Relutante, me aproximei e apertei o botão do elevador. O mesmo não tardou a aparecer.
Ao entrar, aquele não me parecia um elevador nada comum. As partes metálicas e os estranhos pôsteres de animatronics nas paredes, me deixavam angustiado. A música do elevador, mesmo parecendo tranquilizante, aumentava minha agonia.A porta se abriu, alguns instantes após o elevador parar. Me deparei com outro duto. Eu ainda tinha tempo de desistir, porém, como sempre, algo me atraía e dessa vez, eu iria até essa coisa.
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Five Nights At Freddy's: I am alive. (Livro Descontinuado, Leia Por Sua Conta)
Hayran KurguSamuel, filho de Henry e irmão gêmeo de Charlie, vive sua vida, sofrendo pelos erros do passado, cometidos por seu tio William Afton, porém, após uma visita inesperada ao local onde se passa Sister Location, sua vida mudará para sempre. Edit: Esse l...