Mystery Girl

Capítulo 10

- Que raiva! - Felicia esbravejava, andando de um lado para o outro em frente a sua mesa de trabalho.

Aquele último diálogo com Michael dentro do carro fez reviver na menina algo que a mesma vinha tentando esquecer desde o dia que enviou aquela fatídica mensagem para ele. Encarar aqueles olhos castanhos tão
intensos e tão próximos dela foi demais para o seu psicológico abalado.

E, além de tudo, ainda tinha a tal conversa dele com Christopher cujo conteúdo ainda era desconhecido dela e a deixava ainda mais nervosa. A jovem sabia ter sido sobre ela, afinal, aquele fora o motivo para o rapaz tê-la procurado, mas ela só pensava no que poderia ter sido para ele estar tão perturbado ao encontra-la.

- Que raiva! - ela repetia a cada minuto que não recebia informações de Michael ou de Christopher.

Já se passavam horas da chegada dos três no local e o menino, para ela, ainda estava dentro da sala do agente Flirman. Aquilo estava matando-a por dentro e, como se não bastasse toda a sua curiosidade e seu nervosismo, uma enorme saudade dele começou a dominar seu corpo de um jeito que chegava a ser enlouquecedor.

A jovem se rendeu, sentando de qualquer jeito em sua cadeira e encarando seu computador com a tela preta. Porém, o que realmente a chamou atenção foi o envelope lilás com a letra da Regina jogado em cima de sua mesa. Ficou encarando-o por algum tempo e, quando teve coragem, sacou a foto dali de dentro.

Felicia sempre guardava para si os melhores mo‐ mentos daqueles que amava, mas, sempre que olhava aquela foto, só conseguia lembrar da briga que se sucedeu a ela. Porém, naquele dia, uma lagrima caiu sorrateiramente de seu olho ao lembrar do quão feliz estava ali, envolta nos braços do homem que amava.

Parecia, realmente, que seu lugar era ao lado de Michael, como já ouvira milhões de vezes as pessoas falando. Naquela foto, qualquer um podia ver que os dois tinham nascido um para o outro. Ela se sentia leve toda vez que ficava com ele, se sentia como a jovem que vivia rodeada de livros.

- Ei. - Christopher a tirou de seus devaneios ao apoiar-se nas costas de sua cadeira - Eu acho que lhe devo uma explicação, certo?

- Eu só quero saber o motivo dele chegar na minha casa tão perturbado.

- Porque eu lhe disse que você estava sofrendo até mais do que ele e que, por isso, ele devia parar de fazer as burradas que estava fazendo.

- Você não podia ter feito isso.

- Quando você vai entender que eu não vou deixar ninguém quebrar o seu coração?

- Acho que nunca. - admitiu - É estranho demais ter alguém cuidando de você e no segundo seguinte essa mesma pessoa estar te dando munição para a sua arma.

- Eu achava melhor você tentar se acostumar com isso. - ele disse e a menina concordou, olhando de novo para a foto.

- Ele cuidava assim de mim. - ela falou, fazendo o rapaz se sentar em uma cadeira que estava na sua frente - Teve um final de ano que um pessoal do colégio resolveu dar uma festa.

A festa era na casa de um conhecido que estudava desde muito tempo com Felicia, Michael, Regina, Alan e Mark. Naquela época, Felicia namorava um garoto chamado Richard e Michael, que era muito colado com ela, morria de ciúmes dos dois, além de viver falando que ele não era homem para ela.

Estavam todos curtindo a festa, quando o Richard foi pegar uma bebida para ele e Felicia. A jovem continuou dançando com Regina por diversos minutos e nada dele voltar. Alan, que já estava impaciente de ficar longe de Regina, a roubou da amiga, que não criou nenhum empecilho àquilo.