Felicia acordou com os olhos pesados. Olhou para o lado, encontrando um corpo masculino dormindo ali. Se Christopher não fosse loiro, teria confundido-o com Michael e acharia que tudo não passara de um pesade‐ lo. Porém, todas as suas decisões da noite anterior eram tão verdadeiras quanto a dor que contorcia seu coração.
Se levantou da cama, sem se importar se já estava ou não na hora, e foi na direção do banheiro, tomar um banho que a relaxasse. Já pronta para o trabalho, foi fazer o café da manhã enquanto o parceiro se arrumava.
- Como você está, linda?
- Tentando não pensar no quanto ele está sofrendo.
- Você está tentando errado. - ele beijou o topo da cabeça da menina, aceitando o café que lhe era ofereci‐ do logo depois - Deveria tentar não sentir.
- Impossível.
Eles comeram em silencio e assim permaneceram durante todo o caminho até a cede, quando foram rapidamente chamados por Luke. O rapaz conseguira acessar o sistema do hotel e descobrira a frequência que o cúmplice de Redmor ia ao bar do local.
Um plano começou a ser feito por Christopher e o agente Flirman, enquanto Felicia se preparava para seu disfarce. Naquele momento, somente, a moça conse‐ guiu permanecer focada, sem se lembrar daquela terrível mensagem.
"Mike, pode ter certeza que não é nada fácil para mim estar te escrevendo isso. Eu sei que não é digno o que farei, mas não tenho coragem de olhar nos seus olhos e dizer o que precisa ser dito. Eu quero que você entenda que eu não sou mais aquela menina sempre rodeada por livros sentada na mesa da sua sala, ela cresceu e trabalha lidando com pessoas realmente perigosas. Se envolver comigo está te colocando em um perigo que eu mesma não sei dimensionar e isso me apavora. Eu preciso de você seguro e se isso significa nosso afastamento, não tenho outra alternativa. Por mais que doa, mais cedo ou mais tarde eu vou sair de Londres e te deixar de novo. Eu não consigo passar por todo o sofrimento novamente. Se cuida, por favor."
Mark segurava o celular de Michael e tinha seu olhar vidrado na tela. O rapaz analisava o texto e, quando acabou, soltou um suspiro. Ele devolveu o aparelho ao amigo, encarou-o por alguns segundos e voltou a revirar a comida no prato a sua frente.
Os dois estavam almoçando juntos, em um restaurante localizado próximo a gravadora que Michael gravava seu mais novo álbum. O menino sentado na sua frente expressava um olhar de dúvida que estava deixando-o agoniado.
- Fala de uma vez, por Deus.
- Ela está certa. É perigoso para todos nós nos envolvermos, Mike.
- Eu sei que é, mas não posso aceitar isso.
- Você finalmente conseguiu o que queria, tê-la novamente, te entendo. - Mark suspirou - Mas será que vale a pena tanto sofrimento?
- Não consigo saber que ela está tão perto e eu não poder fazer nada para me aproximar.
- Então se aproxime, viva um romance tórrido, um perigo desnecessário. O que você acha que vai acontecer no final?
- Vou vê-la mais uma vez entrando em um avião, sem passagem de volta, nem previsão. - Michael abaixou o olhar.
- Continua tendo certeza que vale a pena?
Mark não obteve resposta e o resto do almoço foi silencioso. Aquela pergunta ficou no ar, fazendo o menino ficar disperso durante todo o tempo que ficou na gravadora. Quando a noite começou a cair, ele dirigiu na direção da sua casa, acertando o caminho somente por causa do hábito.
Assim que entrou no seu apartamento, se livrou de todas as suas coisas, rumando apenas de calça para o banheiro. Tomou um banho quente, tentando dispersar toda aquela sensação ruim que tinha tomado conta do seu corpo desde a noite anterior e ouviu a campainha tocando.
O rapaz acabou de tomar seu banho rápido e vestiu a primeira roupa que viu no quarto. Assim que abriu a porta, se deparou com Regina, que sustentava um sorriso fraco e uma garrafa de vinho. Antes que ambos pudessem falar alguma coisa, a menina o abraçou fortemente.
- O Mark falou com você, certo? - ela concordou com a cabeça, se afastando do irmão.
- Mas eu não vim aqui para falar disso.
- Não? - ele franziu o cenho.
- Assumo que quero ler o que a Fe escreveu, mas o que eu quero mesmo é jantar com meu irmão.
A jovem levantou a garrafa de vinho e estendeu na direção do menino. Em pouco tempo, eles já estavam sentados, jantando e bebendo. As risadas preenchiam o ambiente e Michael se sentiu bem pela primeira vez durante o dia. Ela foi embora não muito tarde e, como de
costume, ele foi olha-la pela janela. Assim que o carro da irmã deu partida, um carro preto a seguiu, fazendo-o suspirar. Ele nunca pensou que veria uma cena daquela em sua vida, ficando realmente triste.Enquanto Michael se encaminhava para dormir, Felicia ainda estava na cede. Ela e Christopher tentavam de qualquer jeito tirar alguma informação do homem que conseguia todos os documentos falsos para que Redmor conseguisse viajar livremente pelo mundo.
- Ele não vai falar, chefe. - a menina cruzou os braços, extremamente irritada.
- Vai, só não vai ser agora vendo a cara de cansado dos dois. - os parceiros se entreolharam - Nem eu falaria nada, seria muito fácil.
- Então o que fazemos agora?
- Vão para casa e descansem.Os dois se despediram do agente Flirman e se
encaminharam na direção da saída. Eles foram em silencio para casa, já que ambos estavam exaustos demais para esboçar qualquer emoção. Quando chegaram em casa, foram tomar um banho para poderem dormir.- Chris? - Felicia colocou somente a cabeça para dentro do quarto de hóspedes, que tinha a porta entreaberta, e viu o rapaz deitado na cama, apenas com a luz do abajur acesa.
- Que foi, Fe?
- Posso dormir com você?
- Claro, vem cá. - Christopher levantou o cobertor, indicando o espaço livre ao seu lado, fazendo com que a jovem corresse para lá.
- Eu estou tão cansada e, ao mesmo tempo, minha cabeça não para de funcionar. - ela se aninhou nos braços do menino.
- O que está te perturbando? Além do Michael.
- Você sabe que eu fico nervosa sempre que a gente acaba alguma missão, a ansiedade para saber o nosso próximo destino.
- Mas nós não acabamos ainda.
- Estamos quase, dá no mesmo.
- A sua ansiedade é outra dessa vez.
- Creio que sim. - ela, que antes tinha o rosto apontado para frente, levantou-o para encarar o amigo - Mas achei que você quisesse saber o que está acontecendo comigo tirando o Mike.
- E queria, mas você sabe, eu não suporto te ver desse jeito. - ele a puxou para mais perto, sussurrando em seu ouvido - No final, vai dar tudo certo.
- Como?
- Vai voltar a ser como antes.
- Eu não vou conseguir entrar em outro avião e vê-lo grudado no vidro do aeroporto, chorando.
- Você tem como fazer isso não acontecer.
- Eu não quero largar meu emprego.
- É o que se pode fazer.
- Eu sei. - ela sorriu fraco, limpando uma lágrima que escorreu pela sua bochecha - Só preciso de apoio. - Você é minha irmã mais nova, eu sempre vou estar aqui por você.
- Até se eu decidir ficar?
- Até se você decidir ficar.
Ela o abraçou forte e recebeu um cafuné gostoso. Quando seus braços finalmente se afrouxaram, o menino soube que a parceira tinha dormido. Christopher lhe deu um beijo carinhoso na testa e adormeceu com a cabeça de Felicia seguindo o movimento de subida e descida do seu peito.

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Mystery Girl
RomansaFelicia está a anos na França, soterrando todos os sentimentos que possui por Michael com a ajuda do seu trabalho, que ocupa a maior parte do seu tempo. Porém, essa ajuda se torna ineficaz uma vez que ele a obriga voltar para Londres. Ela nunca pens...