Capítulo 16

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Três meses se passaram. Três meses que Felicia permanecia deitada em uma cama, sem se mover, falar ou sorrir, sem dar uma oportunidade para Michael falar, olhando em seus olhos castanhos intensos, o quanto a amo. Três meses que o rapaz não sabia o que era ter um sono tranquilo, uma refeição decente, uma vida.

Mas ele não se arrependia daquilo nem por um segundo. Tinha prometido para si mesmo que nunca mais a abandonaria, custasse o que fosse, e que seria a primeira pessoa que a jovem veria assim que acordasse.

Tinha feito daquele hospital sua casa, daquele sofá sua cama e do som que o aparelho fazia para demonstrar os batimentos cardíacos calmos dela, sua música predileta. Ele não se incomodava com a morbidez daquilo, importava-se, apenas, com o fato de estar ao lado dela.

Todos os dias o rapaz conversava por horas com ela, ficava lembrando dos anos que tinham passado juntos e das histórias que compartilhavam, mesmo sem ser como casal, e ele achava que aquilo a deixava feliz de uma certa forma.

Christopher fazia a mesma coisa. Não perdia uma chance de conversar com a jovem, sendo aquele o único momento que Michael deixava o quarto. Os dois acabaram se aproximando e, num desses encontros, o agente o contou que tinha recusado uma missão por causa de Felicia.

- Eu preciso tanto dela que chega a doer pensar na hipótese dela não acordar. - Christopher confessou, olhando para a parceira.

- Eu sei exatamente o que você está sentindo. - Michael, que estava sentado do seu lado, tinha seu olhar fixo na menina também.

- Eu sei que você está sofrendo mais do que qualquer um, não quero fazer nenhuma comparação.

- Fica tranquilo.

- É que o mundo fica mais leve com ela por perto.

O rapaz concordou, dando um sorriso acolhedor para o amigo. Realmente nada se comparava a dor que ele estava sentindo, mas compreendia o quão horrível deveria ter sido para o agente ver a vida de uma pessoa tão importante na sua vida se esvaindo.

A situação tinha chegado naquele estagio pelo fato da bala ter perfurado o intestino da jovem. Além da hemorragia interna, uma infecção foi gerada por causa do projétil. A perda de sangue foi demais e, em consequência da demora para conte-la devidas as dificuldades, a oxigenação no cérebro se tornou precária.

Os médicos estavam começando a desacreditar que ela acordaria, o que deixava Michael ainda mais aflito. Ela podia ficar nisso durante anos e acordar ou não. Eles estavam começando a especular sobre o desligamento dos aparelhos, o que foi prontamente negado pela Sra. Foster.

Depois de quatro semanas sem esse assunto ser tocado novamente, um médico foi conversar com o jovem, falando que seria melhor desse jeito, que pouparia mais sofrimento, mas ele não quis ouvir. Aquilo o revoltou de uma certa forma que ele apenas voltou para o quarto, sentou na cadeira do lado da cama dela, segurando a sua mão.

- Eu não vou deixar que te tirem de mim. - ele a olhou, deixando as lágrimas rolarem - Se você quiser ir, eu não tenho como te impedir, mas só vá se você realmente achar que vale a pena. Porque eu não vou aguentar viver sem você. Então, de um jeito ou de outro, logo nós estaremos juntos novamente.

Sem ter mais força para falar nada, o rapaz se limitou a sussurrar um "eu te amo" no ouvido da amada. Uma mão sua dedilhou o rosto da jovem e, depois de um breve momento apenas a observando, beijou levemente sua testa. Michael se virou de costas para a Felicia, ajeitando o lençol no sofá que ficava do lado da cama onde a mesma dormia, quando, de repente...

- Mike?

Mystery GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora