Charlotte

CAPÍTULO 13

Um tempo já se passou e Lorenzo e eu conversamos apenas o necessário e ele me ajudou a se livrar do corpo da empregada mesmo me encarando apenas para pegar as coisas que eu apontava. Eu sei que ele está com raiva mas é melhor para nós dois que isso não volte a acontecer nunca mais.

Eu e as gêmeas estamos nos dando até que bem e elas me contam tudo que acontece no colégio novo onde estão estudando e o tal Simões continua sem dar sinal e isso me frustra, mas me deixa muito mais alerta para qualquer movimento suspeito na casa. Eu estou deixando algo passar e ainda não consigo encontrar a peça que está faltando. E agora que as meninas estão de férias eu fico constantemente aqui até elas dormirem a noite. E no caso não tenho muito espaço para pensar sobre o caso.

Ella está com 11 meses e está a cada dia mais resmungona e arrisca falar algumas palavras e acho fofo quando ela tenta pronunciar meu nome mas só o que sai é Lottie e ainda sim meio sem nexo. Nunca pensei que pudesse me apegar a crianças como me apeguei as três. E eu achando que elas iriam ser mesmo tudo que, falaram.

__ Miller você está me escutando?__ a voz de Lorenzo me trás de volta a realidade.

__Não, desculpa eu tô meio perdida hoje.__ respondo sem coragem de encarar ele. Não costumo ter vergonha mas desde aquela noite não consigo sequer olhar para ele sem me xingar por ser tão idiota e não ter seguido meu coração e deitado naquela cama com ele e passado a noite em seus braços. No fundo eu sei que aquilo não foi apenas sexo, foi mais, muito mais. Eu nunca olhei os detalhes em uma pessoa nessa hora e muito menos olhava em seus olhos, mas o Lorenzo é diferente.

Mas não posso continuar tendo sentimentos por ele. Nunca vamos dar certo mesmo. Uma hora ou outra isso vai passar.

__ É notável.__ resmunga e reviro os olhos.__ Como eu estava dizendo, eu preciso viajar para a casa dos meus pais em Nova York esse fim de semana, eles estão com saudade das meninas e prometi que iria com elas. Preciso que vá conosco e esteja pronta amanhã bem cedo.

__ Smith, eu não costumo sair da Califórnia , eu nem ao menos avisei ao Jhonny. Vocês são meu caso fixo mas não são os únicos.

__ Aquele velho resmungão é culpado de tudo isso.__ resmunga e o encaro.

__ Culpado de quê Smith?__ pergunto confusa e ele revira os olhos.

__ Esteja pronta amanhã as 5:30 da manhã.__ diz e pega seu terno, já que hoje é dia de ir na empresa e não na máfia.__ Quem sabe um dia você entenda.

Ele sai e fico olhando para o nada sem entender o Jhonny tem haver com o que está acontecendo.

__ CHARLOTTE.__ o grito das meninas me desperta e corro escada acima tirando minha arma da cintura. Abro a porta e elas reviram os olhos apontando para Ella que está em pé sorrindo.

__ Lottie.__ resmunga e da alguns passos em minha direção.

__ Você está andando!__ grito animada e me abaixo deixando minha arma de lado.

A seguro quando ela se aproxima e ela me abraça sorrindo. Eu encaro a gêmeas e faço um sinal para que elas se juntem ao abraço coletivo e elas correm me derrubando no chão.
Eu não sei quando aconteceu mas me apeguei a elas mais até do que gostaria e saber que uma hora ou outra minha missão vai acabar e terei que me afastar delas me dói.

Passo o dia brincando com elas e vendo Ella Smith caminhando a passos lentos para todo lugar. Acho que agora não posso dizer que odeio crianças pois não vejo algo mais inocente e inofensivo quanto essas três. Depois de horas brincando olho em meu relógio e já se passam das 10:00 da noite, as meninas estão em um sono profundo depois de terem comido e tomado banho.

Pego primeiro Annelise e a coloco em sua cama, depois Annabeth e por último Ella no berço. Desço as escadas e vejo a porta do escritório do Lorenzo aberta e o vejo perdido em pensamentos com um copo de uísque e o telefone na outra mão. Minha vontade é de ir até ele e o beijar novamente mas me contenho.

Saio da casa e quando chego a minha mando um e-mail para Jhonny avisando sobre a viagem com os Smith e ele dá sinal verde dizendo que irá coloca alguma outra pessoa nas missões. Passo algumas horas sentada no porão limpando minhas armas e guardando algumas na mala junto com roupas e tudo que preciso para um fim de semana em Nova York.

Me deito na cama pronta para dormir mas o telefone de emergência que dei para as meninas toca.

__ Oi.__ resmungo sonolenta.

__ Tem alguém lá embaixo Lottie, tá um barulho muito estranho. Acordei assustada.

__ Estou indo!__ desligo e corro até lá de pijama e com minha Glock em punho.

Abro a porta silenciosamente mas nada me preparou para a cena que encontrei no escritório do Lorenzo que ainda estava com a porta aberta. Senti meu coração se desfazer em vários pedaços e as lágrimas pinicando em meus olhos. Eu sabia que eu era só mais uma na lista e que logo ele iria partir para outra.

__ Droga.__ falo quando sem querer piso em algo e furo meu pé perto da porta e ele se assusta.

__Miller! O que está fazendo aqui a essa hora?__ pergunta e vejo constrangimento em seu rosto. A loira sentada no colo do babaca sorri como uma piranha.

Fala sério!

Reviro os olhos e viro as costas. E eu achando que era alguma emergência quando aquelas pirralhas me ligaram. Eu não estou sendo paga para ver esse cretino transar e sim para matar quem quiser fazer mal para ele e aquelas pirralhas.

Não posso culpar ela por terem me ligado.

Mas por que estou sentindo como se estivesse sendo traída? Eu não me importo! Ou será que me importo?

Droga, acho que sim eu me importo demais com isso. Eu não acredito que sou tão idiota, mas isso vai ser fácil de resolver, basta que eu termine logo essa porcaria de missão.