Capítulo 3 - Joseph

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JOSEPH

Rio de Janeiro

—  Ele já está dormindo há quase treze horas, isso é normal? – Eva me perguntou.

— É efeito do sedativo que eu dei. Em breve ele irá acordar, então o alimentaremos e em seguida partimos — respondi.

—  Você a viu?

—  Está com ciúmes, Eva? —  eu me aproximei e a abracei por trás, beijando a lateral de seu pescoço. —  Não, eu não a vi. E não faria a menor diferença, você sabe.

—  O Abel já ligou. Quer saber como está a operação. Ele não parece nada feliz.

—  O Abel nunca está feliz com nada. E você sabe bem que ele não queria que viéssemos. Vou ligar para ele agora. Você conseguiu aquele telefone pré-pago que eu te pedi? Tem certeza que é irrastreável?

—  Claro, meu amor.

Deixei Eva e fui até o quarto telefonar para Abel, nosso líder.

—  Abel, sou eu. A operação foi bem sucedida. Hoje ainda retornaremos.

—  Não levantou nenhuma suspeita? Nenhuma chance de ter sido identificado ou seguido?

— Negativo. Eu levei a falsa autorização e subornei uma funcionária para manter sigilo. Eu fiquei até ter certeza de que ela foi embora, antes mesmo da Noêmia chegar.

—  E como você pode ter certeza que ela não falará nada, quando pressionada?

— Ah, aconteceu uma fatalidade. A pobrezinha foi assaltada e baleada saindo do banco. Uma gangue promoveu um arrastão e ela foi uma das vítimas. Não é a primeira vez que eles agem na região e estão sendo procurados há meses. Tudo limpo.

—  Perfeito. Não deixe nenhuma pista e volte o quanto antes. O monomotor já está de prontidão e irá te levar até o ponto de apoio. Tenha cuidado.

Voltei para a sala e vi que Joe já estava acordado. Observei de longe enquanto minha esposa lhe dava comida. Quando eu deixei o exílio, para me infiltrar na Agência, Eva ainda era uma criança. Quando eu retornei, para minha surpresa, ela havia se tornado uma mulher maravilhosa. Dona de um corpo desenhado, sua pele cor de chocolate era emoldurada por lindos cachos negros. Eu tentei de todas as formas tratá-la como a adolescente que era, mas ela estava determinada a me provar o contrário. Abel até tentou me dissuadir a desposar sua filha, mas não resisti à minha morena. Agora, vendo o carinho que ela dedicava a meu filho, eu tive a certeza de ter feito uma escolha sábia.

—  Ele é a sua cópia —  ela se aproximou, ao me flagrar observando-a. —  Tem até a mesma teimosia e a mesma aversão a legumes.

—  Ele falou alguma coisa?

—  Uhum. Ele só pergunta pela mãe. Eu disse que você era o pai dele e que a mãe já já viria buscá-lo. Ele ainda está confuso.

—  Nós precisamos ir. Já te coloquei em risco o suficiente. Obrigado por fazer isso comigo. Eu te amo, Eva — falei, puxando-a pela cintura.

—  Eu também te amo, Joseph.

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