Capítulo 12 - Christian

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CHRISTIAN
Washington

― Então é isso. Bem―vinda à I.S.A., Noêmia – tomei a frente, enquanto todos encaravam a jovem recém―chegada – Nós teremos um treinamento intensivo. De 7 da manhã até às 13 horas cuidaremos do treinamento físico. Você terá então uma hora de almoço e retomaremos às 14 horas para o treinamento técnico. Por hoje eu vou apenas te apresentar à nossa equipe do Comando. Nossa força―tarefa é toda voltada para o monitoramento dos SEMI's.

― SEMI? O que é isso?

― A pergunta certa não é o que é isso, mas sim quem são eles. Mas deixa isso para depois. O Nicholas pediu para eu deixar todas as explicações para a reunião com ele amanhã – respondi, me distraindo ao ver o General Hennessy aparecendo na porta para chamar Pia para sua sala.

― Nicholas. Então quer dizer que eu vou mesmo me encontrar com o Presidente dos Estados Unidos? E ele aparece sempre por aqui?

― Menos do que deveria. Ele é um agente da I.S.A. – respondi secamente, em evidente contraste à euforia dela.

― Sério? Uau. Então quer dizer que nossa Agência é comandada pelo Presidente dos Estados Unidos?

― Eu já disse, amanhã ele vai te esclarecer tudo sobre a Agência, mas não, ele não é nosso líder. A I.S.A. não pertence aos Estados Unidos. Os EUA é que fazem parte, junto com outros os países, incluindo o Brasil. Nosso Presidente é um dinamarquês, o Dr. Sorensen e aqui no Comando respondemos diretamente ao General Hennessy.

― Então o Dr. Sorensen é o manda―chuva? Eu o conheci. Foi ele quem me deixou entrar. Eu estava tentando me passar por entregadora de pizza para falar com você sobre o Joseph, mas ele percebeu tudo e me mandou para a sala dele. Acha que eu já estou encrencada?

― Eu realmente não sei, Noêmia. Como eu te disse, nós sempre nos reportamos ao General Hennessy. Só ele tem acesso direto ao Dr. Sorensen. Ele e o Nicholas.

― Você não gosta muito dele, não é? Do Nicholas. O que eu estranhei é que ele parece confiar em você. Até te elogiou, dizendo que você é o melhor agente daqui.

― Nós costumávamos ser melhores amigos. Entramos aqui juntos e éramos até colegas de quarto. E não, eu não sou o melhor agente daqui. Ele é que sempre foi o destaque, tanto que foi o escolhido para se candidatar.

― Então vocês começaram a competir e a amizade desandou – ela concluiu.

― Ah, você está achando que eu estou com dor de cotovelo? Não é isso. Eu mesmo incentivei e apoiei a indicação dele. Aliás, eu tenho dupla nacionalidade, mas nasci no Brasil então nem teria sido eleito, convenhamos. E política também não é para mim, eu não me candidataria. O que desagrada todo mundo aqui no Comando é que o poder subiu um pouco na cabeça do Nicholas. Quer dizer, ele continua a mesma pessoa quando não está vestindo aquele terno de grife, mas acontece que ele foi levado à Casa Branca como uma missão para a Agência, mas agora que está lá ele tem contrariado algumas ordens do General quando entram em conflito com o que ele julga ser melhor para o "povo".

― Como aconteceu comigo, né? Vocês não me queriam aqui. Mas qual o interesse do governo americano em me ter aqui?

― Nós estamos nos perguntando o mesmo, mas provavelmente tem a ver com o seu Joseph. De qualquer forma você vai descobrir antes de mim, amanhã. Agora chega de perguntas. Vou te apresentar para o pessoal. O Lucas você já conhece. Aquela é a Norma Müller, ela foi promovida da base alemã aqui para a sede junto com o Ferdinand Hauser, que hoje está em campo, mas depois você irá conhecer.

― Acho que ela não foi muito com a minha cara – ela sussurrou no meu ouvido, depois de cumprimentar Müller, que virou a cara.

― Nem com a minha, não se preocupe. Ela não é muito simpática com ninguém. Vamos. Aquele aí é o Vladimir Lubov e aquele é Nobu Takahashi – ambos acenaram e ela retribuiu com um sorriso – Ficou faltando o Caleb e o Nälkäinen, que estão de férias.

― E eu, Pia – Pia se aproximou, cumprimentando―a – Pelo que o General acabou de me falar, nós seremos colegas de quarto.

Pia se colocou ao meu lado, abraçando minha cintura. Instintivamente eu levei os lábios para o topo da sua cabeça, como de costume.

― Você estará em boas mãos, Noêmia. O Chris vai te treinar muito bem. Só não aceito perder o posto de melhor amiga – ela sorriu para mim e saiu, atendendo a um chamado de Takahashi.

― Se você não se declarar, vai morrer na friendzone – Noêmia sussurrou para mim.

― O que? Não. Ela tem namorado. Nós somos só amigos – disfarcei.

― Seus olhos te traíram, sinto muito, você é apaixonado por ela.

― Você é sempre tão intrometida? ― saí irritado e fui para a minha mesa.

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