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— Você está a cada dia mais linda. de brincadeira comigo! — Júlio elogia de forma exagerada quando entramos na sala. 

Ele vem até mim e me abraça apertado, deixando um beijo em minha bochecha, logo cumprimenta Ashley também com um abraço apertado e um beijo na bochecha.

Ética profissional mandou lembrança!

— Você é um mentiroso, eu sempre soube! — acuso apontando o indicador na sua direção — Ashley, esse é o Júlio,  filho da minha madrinha, meu melhor amigo, seu ginecologista e obstetra!

— Prazer! — ela fala em um português enrolado e eu e Júlio sorrimos.

— Pode falar em inglês mesmo, Ashley. E o prazer é todo meu. Ah! Essa desnaturada esqueceu de falar que eu também morri de amores praticamente a minha adolescência inteira por ela.

— Para Júlio... Ele fala isso para todo mundo Ashley. No mínimo ele pensa que a minha vida amorosa adolescente é um livro aberto! — falo e me sento na cadeira vendo Júlio fazer uma careta e concordar.

— É difícil perder a virgindade com alguém íntimo, principalmente quando esse alguém crítica até a cor da cueca que você usa! — ele fala sério e me olha, começamos a sorrir.

— Como assim íntimos? — Ashley pergunta com evidente interesse, sentando-se quando Júlio lhe indica a cadeira ao meu lado acomodando-se na sua própria do outro lado da mesa a nossa frente.

— Íntimos a nível máximo de intimidade. A mãe da Maithê era minha babá e crescemos juntos.

— Será que dá para parar? — me irrito e ele levanta as mãos em sinal de rendição. Parece exagerado, mas sei bem onde essa conversa irá parar e É constrangedor demais.

Realmente ele foi o meu primeiro em tudo, e recaptulando esse passado maluco e inconsequente, já que fomos criados como irmãos por nossas mães,  avalio o homem despojado e sexy a minha frente. Na verdade, desde sempre, Júlio foi um rapaz muito bonito e atraente. Crescemos juntos, realizamos as nossas primeiras vezes juntos. Nosso primeiro baseado, o primeiro cigarro a primeira latinha de cerveja e até perdemos a virgindade juntos.

Foi um fiasco total, pois ele escolheu uma cueca da cor do meu carro atual e eu sorri litros na cara dele. Foi cômico para não nomear trágico, porque a coisa mais estranha do mundo foi ver o primeiro pau duro na vida, sendo tapando por uma cueca que praticamente brilhava no escuro. Há também o agravante de que quase fomos pegos pela copeira da casa que bancou nossa babá enquanto minha mãe e minha madrinha viajavam para resolverem assuntos da empresa dela. Também sangrei bastante, e não conseguimos chegar ao ápice por tamanho nervoso.

Mas admito que Júlio esforçou-se muito para tornar o momento bem especial. Ele acendeu velas, tomamos vinho, no quarto e na cama existiam diversas pétalas de flores vermelhas espalhadas.  Ele foi muito carinhoso e foi uma fase bacana nas nossas vidas, até ele ser aceito em uma universidade na Austrália. Foi horrível, devastador para nós dois. Brigamos muito nos seis meses que se sucederam a sua viagem, e até digo que fui imatura exigindo que ele abandonasse tudo. Graças a Deus não foi o que aconteceu  pois hoje seríamos dois frustrados por termos cedido à uma paixão infantil e avassaladora.

Eu sofri, Júlio sofreu. Não foi fácil para mim ver o cara por quem eu era apaixonada, meu melhor amigo, meu tudo, ir para o outro lado mundo. Mas, como eu disse, seguimos em frente e realizamos nossos sonhos. Hoje eu o vejo de outra forma e confesso que até tentamos reatar, anos depois, mas o máximo que conseguimos foi um beijo cheio de dentes, totalmente desajeitado e livre de qualquer contexto sexual. Júlio, hoje, é um grande irmão para mim, como também sou para ele.

Nascida para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora