Como não sou obrigado a nada nessa vida, aí vai um desabafo em forma de mais uma narrativa porque o livro é meu!
MIGALHAS
Me fascino no que é fácil, cada toque, cada cheiro, cada respiração mais forte… Indiferente. Não há como me diferenciar do comum, mesmo que eu me sinta e saiba que sou incomum, sei que sou substituível ou quase sempre substituto. O substituto sou, e isso já é fato, recebo um amor “recíproco” a base do interesse. Meu interesse por carência, dos outros pela falta que algum terceiro fez ou faz.
Enfio minha boca em cada buraco, bebo do esgoto e como do lixo, afinal é assim que vira-lata se alimenta, não é mesmo? Isso a qualquer momento, há qualquer hora, não se tem como exigir muito nas condições que me vejo! O calor que exala da minha pele que cresce o sorriso da minha autoestima não supre, não importa quem seja. Promessas muito grandes com intenções muito vazias, sem esforço, sem capricho, com defasagem de afeição e excesso na escassez de sentimento. Não consigo construir meu castelo enquanto me mantenho no lamaçal de emoções que me coloco a cada vez que te vejo.
Fingir que não “me importo” se mostrou desnecessário pois aprendi a já não me importar, ocorreram tantas vezes e continuam a acontecer. Sei que meu ego fala muito alto, mas sei que há muito mais em mim para oferecer. Soturno, melancólico, poeta… Essa é minha vertente perante os livros. Músico, sou somente para ti. Sou desenhista e pintor, que ao te retratar que seja melhor forma e que vá além da minha capacidade atual. Um amor… Não sei, vc é o meu mas sei que não sou o seu. Diz que me ama, e não duvido que ame, mas não sei como me amas. Um carinho, um amor, diferente, talvez? Contudo, sinto como se a obrigasse, a dizer um “Eu te amo” por clima, quase como um dever para não soar mal. Meu desejo é me sentir intocável, em meu pedestal, ser visto ao longe e saber que és atingida pelo pensamento “Meu senhor, eu amo demais esse muleque!”
Aí entra o senso e a ética, não há como forçar ninguém a sentir nada. E não há porque ficar mal com isso. Não seja como eu! Não pegue migalhas de carinho e amor pela falta de um “amor” maior, na esperança de um dia receber o pão que sacie sua alma aflita que está ávida de amor para dar. Migalhas não saciam a fome de ninguém, e você merece muito mais que migalhas.
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Devaneio
PoetrySentimentos vindos em meio a escória, instantes inteiramente instáveis do intelecto de uma mente quase sóbria. Cada um contendo consigo a carga ocasionada de uma condição histórica. Agora vá, e usufrua do fruto de minha mente melancólica. Queria, an...