Medo

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Eu tenho medo, eu sinto medo de forma constante, e é ridículo, chega a ser uma bobagem.
Eu tenho medo, eu sinto medo de ser só. Sei que tenho o prazer de receber uma companhia divina, mas ainda sim, me sinto tão solitário, me sinto tão triste, vazio, desolado… humano.
Por ter medo me esforço. O medo de ser ninguém na vida me forçou a me sobrecarregar de algo que em menos de meses irei esquecer.
Por medo de não ser amado me forço a tentar amar, de ser carinhoso, demonstrar afeto, na vã tentativa de suplicar um pouco de carinho, e assim troco meu pão por migalhas.
Por medo de uma paixão, me saboto, desvio as flechas e assim aos poucos me tornei meu próprio calcanhar de Aquiles.
Eu tenho medo de ser homem, de ser eu, de ser frágil, de depender de alguém.
Por medo de ser dependente me isolei, não permito, não sinto, ou almenos finjo que não.
Eu tenho medo de mim, medo de não ser o que posso ser, e de jamais chegar ao limite de meu potencial.
Tenho medo de me encontrar em meio a meus próprios pensamentos, pois sei que não há luz em águas profundas, por esse motivo não me atrevo a mergulhar no meu ser existencial e me perder em meu próprio vazio. Eu me odeio, chato, CARENTE, repulsivo, inerente, incoerente e manipulador. A quanto tempo olho no espelho e já não vejo o que realmente sou, pois nem sei em qual versão de mim eu realmente me sinto bem.
Eu tenho medo disso, tenho medo de sentir, tento sempre expelir, seja na poesia, na música, na pintura… na arte. Dentro de mim o sentir me assusta, muitas vezes nem ao menos faz sentido, mas é preciso, pois o meu maior medo é de todo o meu sentimento ser esquecido.

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