𝙸𝙸𝙸 - 𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟹

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➤ Vocabulário do Capítulo 

➳ Parâmetro - Critério.   ➳ Subalterno - Pessoa que está em uma posição inferior. 

 ➳ Supino - Alto.   ➳ Ditame - Advertência.  ➳ Castrense - Militar.  

➳ Análogo - Igual.    ➳ Passadiço - Corredor.   ➳ Atinando - Percebendo. 

➳ Supérflua - Exagerada.   ➳ Apaniguado - Pessoa protegida; protegido.

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Coreia do Sul, Seoul - 17 de dezembro, ano 1952.

O odor dos produtos de higienização adentram as narinas de Jeon, causando-lhe uma ligeira sensação penosa. Dentre tantos fatores que o desagradam neste gabinete, a obsessão por limpeza de seu superior é com certeza uma das coisas que está no topo da lista. Uma saleta limpa para uma alma suja.

- Senhor, não podemos levá-lo à linha de frente. Ele ainda é muito instável. - O subordinado na hierarquia fundamenta em sua posição de respeito, com os braços repousados no final de suas costas.

O parâmetro por trás da frase de Jungkook é que ele não está pronto para deixá-lo ser introduzido neste ambiente sanguinário, apesar do preparo excelente do mais novo no campo de batalha. Em um tópico o seu irmão possuía a veracidade verbal, aquele menino com o semblante inocente e fragilizado é, de fato, uma ferramenta de guerra, contudo na visão cortês do major, é deveras injusto tratá-lo como uma.

- Por que está se opondo? - O coronel situado na retaguarda de sua mesa questiona o posicionamento inesperado do seu subalterno. - Isto é uma ordem do alto escalão. - Elucida centrado, apontando com uma caneta para o documento formal sobre a secretária. - Você mesmo viu o que ele pode fazer nos treinamentos.

E decerto que ele havia visto. A imagem daquele garoto na preparação física durante dois dias consecutivos é algo que jamais sairá de sua mente. Sem prenunciação de hesitação, o loiro seguia os seus comandos de modo sublime, banindo qualquer indício de falhas, desarmando soldado após soldado, gerando o resultado de todos eles abatidos sobre aquele contêiner de prática. A força muscular e precisão nos movimentos é deveras surreal para a sua idade, a qual poderia ser intitulado como humanamente impossível para uma pessoa tão pequena e magra como ele.

- A única coisa que esse pirralho sabe fazer é aniquilar o inimigo, fora isso, ele é inútil. Não se preocupe demais. - O timbre presunçoso somado aos argumentos impolidos faz com que Jeon cerre os punhos em seu dorso. Você está enganado.

Embora ninguém disponha da capacidade de vê-lo como um adolescente ao invés de uma arma, Jungkook tem plena ciência de que ele não é somente isto e que este rótulo o foi concedido pela falta de entendimento. Unicamente neste sete dias de convivência, o menor demonstrou uma evolução em seu comportamento. Por agora, o rapaz ruço não reluta mais quando se trata de trocar-lhe as vestes e já não dorme mais no assoalho, fazendo o uso do leito aconchegante que fora montado especialmente pelo homem de madeixas azuis. Ele merece uma vida.

- Senhor, ele ainda não está pronto. - Sua oposição contra a diretriz é imposta mais uma vez, mesmo sabendo do quão irreverente este está se portando.

- Já chega, isso é uma ordem! - A elevação da tensão muscular é sincronizada com o aumento do timbre de voz. - Está dispensando. - O indivíduo supino encerra o diálogo com o seu ditame.

- Sim, Coronel Kyun. - Sem local de fala, Jk meramente o reverencia, levando a mão destra até a cabeça em continência. 

*

Há uma distância considerável daquele local castrense, no interior da mansão do major, o menino de fios dourados recusa a refeição preparada por Leiden, conquanto o seu estômago esteja precário de alimento. A sua percepção no ambiente da moradia está diferente do habitual, a ausência do ruído das botas de couro pelo piso polido e das chamas na lareira indicam que algo não está certo. Em virtude disso, o corpo efêmero do hóspede se conduz para os corredores do segundo andar, adentrando o aposento do dono da casa, encontrando-o vazio e em perfeito estado, como se ninguém nunca o tivesse utilizado.

Gotículas de suor surgem na lateral do rosto esculpido do jovem desamparado e desconhecedor de tal sensação que preenche o seu peito. Ele segue para o próximo cômodo e o resultado é análogo ao do espaço anterior, sem nenhum sinal do sujeito a qual este está a procura. Com a pulsação irregular, este prossegue a sua jornada, abrindo todas as outras portas do passadiço, colhendo a decepção da escassez do inquilino. Onde ele está? As pernas roliças do mais novo mobilizam-se incessantemente ao atravessar a cozinha, sentindo o coração palpitar no início de sua garganta seca.

A governanta permanece perplexa por alguns segundos ao ápice em que o hospedeiro passa correndo pelo seu círculo de trabalho, atinando o real propósito da figura masculina ao cruzar o salão principal em direção ao portão.

- Pare, você não pode ir lá fora! - A exclamação feminina é emitida de forma supérflua, sem nenhum efeito.

Eu recebo ordens apenas do major. O pensamento revel do menino exprime ao ignorar o alerta vindo da mulher bondosa. No átimo em que os dedos untuosos e curtos do ente aflito apossam-se da maçaneta orbicular, o objeto de madeira é aberto simultaneamente, impulsionando o vigor do loiro ao chão. Ao assimilar a presença ilustre de Jungkook em sua frente, a respiração irregular do mancebo normaliza-se aos poucos. O mais velho, por sua vez, conserva-se estático ao ver a presença juvenil caída na superfície gélida. 

- Sinto muito, Sr. Jeon! - A operária de meia idade finalmente os alcança em suas botinas de salto médio. - Eu disse que ele não podia sair, mas ele não me deu ouvidos.

- O que houve? - O homem de grenhas azuis inquere, desejando ser notificado à respeito do ocorrido, ainda que este o venha a decepcionar.

- Ele estava procurando pelo senhor por toda parte, sequer quis comer. - O relatório é apresentado e este por conseguinte acalma o espírito apreensivo do azulado.

A informação de que o seu sumiço provocou um alarde em seu apaniguado, o transmite um sentimento de atenuação. Em contrapartida, a sua índole adulta o incute a comoção de culpa, por ter demorado em seu compromisso matinal, retornando após o despertar do garoto calado. Nesta fração mínima de coabitação, isto nunca havia acontecido, pois Jeongguk somente o deixou sozinho no período em que este permanecia embalado em seu sono pela manhã.

- Quando não me encontrar em casa, não precisa se preocupar, eu irei voltar. - De bom grado, o de maior comprimento esclarece pacientemente para o de estatura mediana. - Não se preocupe, não vou embora para qualquer lugar sem você. - Por fim, o enunciado que tinha o intuito de acalmá-lo, acaba ressonando como um juramento romântico.

Novamente, neste curto período nessa nova vida, o pequeno sente o seu pulmão precário de oxigênio com os termos ditos pelo oficial fardado no hall de entrada. E embora todo esse enternecimento incógnito o assuste, pela falta de conhecimento, a vontade de ouvir mais declarações como estas é enorme. 

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Olá, denguinhos! 

Se estiverem gostando da fanfic, por favor, não esqueçam de deixar o seu voto e um comentário, pois isso me motiva muito a continuar. 

Eu estou em um conflito terrível por conta do show dos meninos no Brasil, eu estou a ponto de explodir. Meu sonho é poder ir, mas não faço ideia de como vou conseguir e pesar nisso está acabando comigo. Enfim, desculpem esse desabafo melancólico, é que estou postando isso depois de uma crise LKJSHAFLKDJHASLFJHJSF

Obrigada a todos que estão apoiando Dear, Jeon; mesmo que sejam poucos, sou grata de coração ♥




Dear, Jeon  ➳ jikook | kookminOnde histórias criam vida. Descubra agora