Dear, Jeon ➳ jikook | kookmin

𝚇𝙸𝙸 - 𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟷𝟸

➤ Vocabulário do capítulo.

➸ ínfimo - Pequeno.  ➸ Pestilento - Ruim.   ➸ Trépida - Tremula.    ➸ Desenfadamento - Jogo.

➸ Premência - Urgência.   ➸ Castrense - Militar. 

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Coreia do Sul, Seoul - 21 de março, ano 1953.

O tinido ínfimo das labaredas inflamando o lenho na área livre do acampamento militar entra em harmonia com o diálogo de alguns oficiais ao redor, no instante em que as botas especializadas de Jimin traçam a arena de terra, em busca de um indivíduo em especial. A sensação de caminhar livremente por entre as barracas de lona ainda o incomoda, devido aos olhares sinuosos e especulações maldosas ao seu respeito, as quais normalmente este procura evitar. Na concepção do menor, não importa o recinto em que esteja situado, sempre se sentirá deslocado sem a presença de Jungkook.  

- O que acha que vai acontecer com ele? - Um dos soldados alinhados próximo aos utensílios de alimentação, questiona. O quesito adentra acidentalmente pelos ouvidos atentos de Jimin, o qual possui certeza de que este inquérito trata-se dele próprio, pelo modo em que os dois jovens o encaram.

- Eu não sei. - O companheiro posterior responde indiferente, ingerindo uma colher generosa de arroz. - Provavelmente será isentado ou transferido para a equipe do posto superior. - Insere a sua opinião complementaria, entre a mastigação de sua refeição.

O retorno sugestivo do subordinado, sem relevância alguma no convívio social do menor, acaba por afetá-lo. Ambas as opções denominadas pelo desconhecido de cabelos negros não o agrada, pois nenhuma delas há a inclusão concreta de Jeon e o conceito de ser isolado deste ente tão significativo, é algo que definitivamente o apavora.

Durante todo o período de crescimento consciente registrado na memória deste menino, não houve nenhuma introdução de afeto ou qualquer temática que não fosse referente a estratégia de batalha; isto até conhecer Jungkook, o homem que o inseriu na sociedade com o valor de um cidadão, em vez de uma arma indigente. O seu instinto foi treinado para reagir de forma impiedosa e calculista, rodeado de mandatos e punições, exilando qualquer contato com amparo e afeto, para torná-lo uma verdadeira máquina de combate.

A devoção que este pequeno garoto nutre por Jeon não é fruto de algo superficial, pois ele o concedeu uma morada, um nome, experiências cotidianas, competência intelectual e sentimental. Ele lhe destinou uma vida. Jimin não detinha da visão original do mundo. Em seu cérebro programado, existia somente inimigos e guerra, o fracasso não era uma alternativa e o triunfo era uma obrigação. Contudo, com o oficial de madeixas azuis, ele descobriu a compreensão, o afeição e a empatia, sendo autônomo de uma realidade em que ele poderia falhar, possuir desejos, opinião e escolhas.

Através de um coração pulsante, que distribui o sangue de maneira acelerada, o loiro caminha rapidamente para a tenda destinada ao sujeito que almeja coabitar. O exercício mental para a eliminação destas comoções desagradáveis não é eficaz e a cada segundo perdido é como se algo pestilento o fosse consumir. Preciso vê-lo. Com o subconsciente alarmado e a garganta seca, as mãos comprometidas de Jimin afastam o fragmento de tecido que priva o ambiente, tendo a ilustração visual do major acomodado em uma cadeira, manuseando o seu revólver.

O comparecimento alarmante de Jimin no pavilhão de modo repentino, capta a atenção do adulto concentrado em sua tarefa, fazendo-o encarar a presença majestosa do rapaz de estatura baixa. A clavícula delineada pela força aplicada no ato de inserir oxigênio para os pulmões necessitados é um detalhe que indica que algo está errado; a abordagem agressiva e a expressão apreensiva são características que desperta uma preocupação abrangente no âmago de Jungkook.

- Jimin, o que houve? - A indagação é emitida com seriedade, contudo gentil o suficiente para confortar minimamente a outra figura masculina.

- Major, você não precisa mais de mim? - A resposta é substituída por uma inquirição trépida, insegura por assim dizer.

O semblante do mais velho transforma-se em um incógnita, raciocinando para compreender o móbil desta interrogação fora de contexto. - Do que você está falando? - Em um desenfadamento massivo de perguntas sem retornos, ele rebate caótico, a fim de ter um entendimento para lhe formular uma dissolução correta.

- Depois da batalha final, eu serei transferido para o comando do Tenente Kim ou serei dispensado? - No decurso de seu novo inquérito, Jungkook consegue absorver superficialmente o conteúdo abordado. - Eu não receberei mais as suas ordens, major?

A linguagem coloquial com o uso de sua posição militar é algo que certamente o deixa frustrado, o fato de Jimin ainda tratá-lo por este termo ao invés do seu verdadeiro nome, lhe transmite um complexo de impotência, como se na visão do rapaz ruço ele ainda fosse apenas alguém que lhe disciplina.

- Você quer tanto assim as minhas ordens? - A amargura transborda pela extremidade dos lábios finos que pronunciam esta frase.