𝚇𝚅 - 𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 𝙱𝚘̂𝚗𝚞𝚜

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➤ Vocabulário do capítulo. 

➸ Cognoscível - Claro/Audível.  ➸ Congênere - Semelhante.  ➸ Olvidamento - Esquecimento. 

➸ Engelhadas - Velhas.  ➸ Ultimogênito - Filho mais novo.  ➸ Fleumático -  Sereno.   

➸ Mitigado - Aliviado.   ➸ Encíclica - Redonda. 

Leiam as notas finais e não se esqueçam de favoritar!

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Coreia do Sul, Busan - 30 de novembro de 1956.

Jimin's POV

Elevo a minha visão para a superfície espelhada, encarando o meu reflexo ambíguo sob os meus longos e convexos cílios. O comprimento dos meus fios loiros estão extensos sobre as minhas sobrancelhas e laterais do rosto, acentuando as minhas bochechas avantajadas e o meu queixo pontiagudo. Os meus dedos trépidos trabalham na gola da minha blusa social, em meio a uma incerteza de qual distinção eu deveria deixar definitivamente.

- Não me diga que está nervoso novamente. - O timbre grave cognoscível é emitido repentinamente, ganhando a minha atenção.

O homem charmoso com belas grenhas vermelhas está recostado no batente da porta, preparado para discursar uma sentença motivacional para a minha habitual ansiedade referente a este evento, o qual tem ocorrido periodicamente.

- Você a visita com frequência, já deveria ter se acostumado com isso. - Ele prossegue, resvalando a sua precária barba.

- Não é tão fácil como parece, Tae. - Contesto o seu consenso, utilizando o apelido íntimo que tornou-se trivial entre nós. - A memória dela não é boa, então sempre que a vejo com um espaço de tempo considerável, é como se fosse a primeira vez que nos encontramos.

- Certo, certo, eu entendi. Então, boa sorte, Chim. - O seu punho cerrado é posto em um gesto encorajador, com o usual termo que ele decidiu intitular-me.

Cerca de um ano e meio após a guerra, fui capaz de recuperar a minha consciência, livrando-me do coma que estive estagnado neste período e a pessoa que estava ao meu lado, era Taehyung. Graças a ele, a inércia não sucumbiu o meu cérebro e eu pude dar continuidade a minha vida. A princípio foi deveras peculiar, eu sempre me perguntava o motivo das visitas diárias do Tenente Kim e da ausência do major.

A notícia manteve-se oculta até o momento em que tive alta do hospital e passei a viver com o rapaz de mechas avermelhadas. Jungkook havia sido listado como desaparecido em combate e declarado como morto pela família, por conta do sumiço de seu corpo depois da grande explosão. Eu, por um milagre, sobrevivi e me recuperei do incidente quase fatal, no entanto naquele instante em que soube disto, desejei ter morrido naquele campo de batalha.

A estações muraram, as fraturas físicas foram curadas e as internas acalentadas, eu me tornei um empregado assalariado e aflorei os meus sentimentos gradativamente. Contudo, seria egoísmo declarar que isto é fruto do meu desempenho próprio, pois essa evolução foi possível graças ao seu almejo final. Você precisa viver, seja livre.

- Jimin-ah, o Sr. Jeon está esperando no saguão. - A simpática secretária da administração anuncia na entrada.

- Obrigado, Yumiko. - Agradeço a atitude prestativa da funcionária de descendência japonesa. - Estou indo, logo estarei de volta para o meu turno. - Despeço-me do ex-oficial, de forma despojada ao atinar o meu comprometimento.

A sola do meu calçado polido perpassa os degraus paulatinamente até o remate da escadaria, percorrendo as minhas orbes atentas pelo recinto a procura do meu acompanhante. Bom, referente a todas as modificações da minha vida, essa decerto foi a mais inusitada. 

Dear, Jeon  ➳ jikook | kookminOnde histórias criam vida. Descubra agora