Merdas Acontecem

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Daniel não explicou nada para a amiga, apenas a pegou pela mão e a levou até o carro abrindo a porta para que ela entrasse.

— O que está acontecendo? — Questionou entrando no carro, a curiosidade de Charlotte era ainda maior que sua desconfiança.

— Um dia ela estava brincando e caiu desacordada. — Daniel a respondeu enquanto o carro ganhava as ruas em alta velocidade — Os médicos não conseguem descobrir o motivo, nada indica uma doença, ela apenas deitou e dormiu, não despertou mais e nada a faz acordar.

Charlotte encarava em silêncio Daniel que dirigia como se estivesse com a polícia estivesse o perseguindo, o que a fez discretamente olhar para trás para ver se algo os perseguia realmente.

— Eu passei tempo suficiente com você para reconhecer o cheiro de magia.— Daniel transmitia exaustão enquanto falava.

Charlotte abriu a boca para usar de toda sua irônia para o responder, porém, se conteve.  Ao dirigir seu olhar para o amigo que mantia seus olhos fixos na estrada, pode notar que lágrimas escorriam, os tão belos olhos castanhos de Daniel estavam escondidos pelas olheiras, o que fez ela se perguntar a quanto tempo o amigo não dormia direito.

Ela fechou os olhos com força enquanto pensava em uma resposta, nunca é fácil frustrar os pensamentos ou sonhos de alguém, melhor dizendo, acabar com as esperanças de Daniel não estava entre as coisas para se fazer naquele dia.

— Complicado — Charlotte murmurou, passando a mão pelos cabelos — Geralmente é conveniente colocar a culpa em poderes e na magia, eu mesma fiz isso durante anos. Mas às vezes as merdas acontecem, porque é assim que o mundo funciona, às vezes não podemos fazer nada, Dan, assim é o mundo. — Charlotte encarava o amigo.

— Charlotte, eu estou lhe implorando — Daniel suplicou — Prometo que nunca mais vou te perturbar se não for nada relacionado a magia.

O carro estava estacionado na estrada do grande hospital. Charlotte suspirou cansada, ver o velho amigo naquela situação não estava a ajudado, decidiu que daria uma chance para Daniel provar que havia algo errado com a filha. Ela abriu a porta do carro e começou a caminhar em passos largos em direção ao interior do hospital. Daniel permaneceu estático alguns segundo sem entender, mas assim que sua ficha caiu, saiu rapidamente do carro e alcançou Charlotte.

— Você sabe que salvar crianças não é o meu forte, o incidente com Amber deixou isso bem claro aliás. — Charlotte comentou, torcendo secretamente para o amigo desistir daquela ideia.

Os corredores do hospital despertaram memória que Charlotte torcia para serem apenas um sonho ruim, passou a mão de leve em seus pulsos tentando lembrar a si mesma que ela não estava mais presa em um hospital. Os corredores do hospital pareciam um labirinto sem fim, Charlotte sentia-se sendo sufocada aos pouco, tudo que desejava naquele momento era sair dali para bem longe, fumar alguns cigarros e beber até as vozes em sua cabeça desaparecessem. Mas não podia, não naquele momento. Está ali para tentar ajudar Daniel.

Charlotte estava tão afundada em seus pensamentos que só percebeu que Daniel havia parado de andar quando se chocou contra Daniel.

— O que ela está fazendo aqui? — Alguém gritou não muito longe de onde Daniel e Charlotte estavam.

Ela sabia que reconheceria aquela voz em qualquer lugar, a ruiva que se aproximava flutuava sobre os saltos, mesmo com os olhos vermelhos e inchados, o vestido Gabbana amassado, não abandonava o ar superior que carregava.

— Mais um motivo para eu cair fora.— Charlotte murmurou para si mesma.

Daniel virou-se para a mulher que se aproximava e tentou a abraçar quando a mesma parou a sua frente, mas a mulher o ignorou com o olhar fixo em Charlotte.

Fragmentadas - A Cor Da MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora