O hotel na área nobre de Chicago parecia luxuoso para quem o enxergasse pelo lado de fora, Arnael teria reservado um bom hotel como parte do acordo.
A dupla estacionou o carro e saíram em busca da chave na recepção. Duas chaves foram entregues para eles, ambas abriam o mesmo quarto, subiram pelo elevador até o sexto andar, depois caminharam rapidamente até o quarto 666.
— Que piada de mal gosto, não? — Charlotte brincou apontando para a numeração do quarto.
— Muito. Mas me responde uma coisa, você agora é garota de recados do Arnael? Vai matar pessoas para ele? — Perguntou Daniel enquanto abria a porta do quarto.
A loura revirou os olhos. Para Daniel as coisas sempre eram preto ou branco, ele não exergava que às vezes se precisa de sacrifícios e que ela realizava, na maioria das vezes os trabalhos que ninguém nunca queria fazer.
— Não tive escolha. Ou isso ou perder a alma de sua filha para sempre.— Charlotte falou encarando Daniel.
Ele abriu a porta revelando um quarto simples, o quarto grande, pintado em tons de branco e prata, possuia duas camas de solteiro, um pequeno guarda-roupa, um sofá de dois lugares com uma mesa de apoio próximo a televisão e uma pequena geladeirinha.
— Você tem um plano B, certo? — Daniel perguntou jogando-se no sofá e fechando os olhos.
— Eu sempre tenho, não é mesmo? — Ela se sentou em uma das camas e encarou o vazio pensativa.
— Charlotte, você sabe que eu confio em você. Acredito que vai conseguir resolver isso. Mas eu não consigo entender.
— O que você não consegue entender? — Charlotte perguntou se levanto da cama e indo até a pequena geladeira procura de algo para beber.
— Eu não consigo entender o que a alma da Kate tem haver, por que a dela? — Daniel se sentou no sofá para encarar a amiga.
Ele calou-se ao encarar a amiga, ele sabia que a alma da filha havia sido roubada apenas para que Charlotte se envolvesse nisso, em partes sentia culpa e ao mesmo tempo, sentia raiva dessa situação.
— Continue — Charlotte incentivou irritada — Jogue na minha cara que eu condenei sua filha ao inferno.
— Talvez eu faça isso. Ou talvez você não tenha culpa do que Arnael fez— Daniel tentava soar calmo enquanto seu coração se enchia de raiva, principalmente de raiva contra Arnael — A única coisa eu quero é minha filha de volta.
— Pergunte a Amber o que acontece com as crianças que eu tento salvar.
— são situações diferentes. — Daniel tentou amenizar a verdade.
— Não são, e você sabe disso. Mas eu prometo que farei meu melhor, nem que eu tenha que morrer nesse processo.
— Eu acredito em você. Tudo vai acabar bem, iremos comemorar quando voltarmos a Londres, talvez você e Jane possam voltar a ser amigas.
— Voltar a sermos amigas? Como você acha que vai acabar essa história? Em um mar de rosas? Dan, as únicas rosas e velas que você verá vai ser no meu túmulo ou no seu.— Falou a Hunter se irritando.
Charlotte se sentia mal por quebrar os sonhos dourados do amigo, mas precisava dar a ele uma dose de realidade.
— Charlotte! — Repreendeu o amigo.
— Agora eu sou a errada por falar a verdade? — Perguntou se levantando da cama.— Eu preciso beber algo, encarar você e toda sua auto-piedade sóbria está me dando dor de cabeça. Amanhã daremos início a missão salvar sua filha.
— Você não deveria sair. — Daniel falou com um semblante preocupado — Preciso de você bem e sóbria para salvar minha garotinha
— Da última vez que me joguei em algo bem você lembra o que aconteceu. Amber morreu e todos me culpam.— Charlotte respondeu o amigo — Então curtirei minha última noite no céu antes de entrar em uma guerra contra o inferno.
— Talvez se Amber ainda estivesse viva você não seria assim.— Daniel murmurou baixo quando Charlotte abriu a porta do quarto.
— Assim? — Charlotte fechou a porta e encarou caminhando até Daniel — Assim como? Seja homem e fale de uma vez o que o incomoda tanto.
— Talvez se Amber estivesse viva você não seria essa bêbada, abandonada por todos que você se tornou. Você é uma pessoa horrível. Você era uma péssima mãe, assim como é uma péssima amiga. — Daniel gritou ficando de pé. Ele respirou fundo e dirigiu o olhar para a loura que o encarava com fúria no olhar — Charlotte, me desculpe, eu não queria falar isso, eu juro. Me desculpe.
— Você nunca vai entender o que eu passei com a morte de Amber.— Charlotte acusou — Você fica por aí reclamando da vida, falando sobre sua esposa e filha. Você não tem problemas sérios, Daniel! E o único motivo pelo qual você não pode recuperar sozinho a alma da sua filha e porque você nem se quer tem um motivo puro.
— Charlotte eu não aceito que você fale assim comigo. — Falou apontando o dedo contra o rosto dela — Eu sei que errei ao falar aquilo, mas não aceito que desrespeite Katherine.
— Você não aceita? — Charlotte riu se virando de costas e se afastando — Você que começou. Você acha que eu gostaria de estar aqui? Ajudando você a recuperar a alma da sua filha moribunda? — a Hunter mais nova gritava — Eu estou levando surra atrás de surra desde que isso começou. Nossa amizade nem e tão forte assim.
— Charlotte, acho melhor você se calar antes que diga algo que pode se arrepender depois. — Avisou Daniel.
— Vá a merda, Daniel. Você fica posando como o herói no cavalo branco, o grande salvador, o homem em uma missão de honra. Você não passa de um grande mentira, um grande idiota tentando salvar um casamento falido. — Charlotte gritou descontando toda a raiva que sentia — Então você tem que começar a encarar que as coisas estão acontecendo não porque devem acontecer, e sim porque nos fizemos isso acontecer. — Ela caminhou até a porta em passos leves — Se precisar de mim estarei curtindo minha última noite antes de me jogar de cabeça nessa missão suicida.
Daniel se sentou com a mão no rosto enquanto chorava, enquanto Charlotte saiu em busca de algum lugar para beber até se esquecer a missão suicida que iria enfrentar.
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Fragmentadas - A Cor Da Magia
FantasíaCharlotte Hunter é uma mulher com habilidades sobrenaturais e muitos segredos, para ajudar um velho amigo ela começa uma jornada pela sombria Chicago em busca de um bem precioso. Entretanto, é perseguida por segredos e mistérios de seu próprio passa...