14 de setiembre

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Valentina

Havíamos finalmente nos resolvido. Estávamos felizes e mais juntas que nunca sem que importasse a opinião de ninguém, embora algumas estivessem, lentamente, mas mudando.

- Veio buscar Juliana? - Perguntou Lupe me recebendo no portão e eu assenti que sim não dando um passo na direção da entrada quando ela me permitiu que o fizesse.

Queria manter a antecipação de vê-la vir até mim no nosso primeiro encontro oficial que coincidiu perfeitamente com o dia 14 de setembro.

Irônico não?

Aguardando anciosa que o destino não decidisse pregrar outra peça em nós duas por toda a felicidade que eu sentia exaurir do peito.

E quando ela apareceu...

Eu tive certeza que não, não haveriam mais ironias ou peças do destino, havíamos passado por tudo, todas as provações e obstáculos, e apesar de estarmos calejadas estávamos vivas e prontas para que nosso amor curasse cada uma de nossas feridas.

Seu sorriso era o remédio, seu perfume um antídoto, sua pele minha cura.

Eu soube quando se aproximou passo a passo de mim com aquele mesmo vestido preto que usou quando quase nos beijamos, só que hoje a diferença, eu não perderia uma única oportunidade de beija-la.

- Você está linda - Eu disse assim que parou em minha frente totalmente rendida, como se fosse a primeira vez que a vi tão linda.

Fiz menção de atrai-la mais um pouco para os meus braços, mas parei a meio movimento com o pigarro da sua mãe.

- Não coma demais, não ande em alta velocidade e por favor... Nada de chegar tarde e muito menos cogite dormir fora - Falou a minha sogra e Juliana revirou os olhos.

- Não seria a primeira vez que dormi com Valentina... - Disse baixinho e timidamente, apenas para nós duas ouvirmos, porém como toda mãe, Lupe tinha ouvidos apurados e a escutou fazendo cara de repreensão.

- Agora é diferente. Vão fazer isso como deve ser - Como qualquer relacionamento convencional, eu entendi, mas não retruquei.

Eu queria o que fosse possível com Juls, um namoro careta ou moderno, sair para jantar ou pular de bung jump, tudo o que pudesse pelo tempo que pudesse.

- Mãe... - Reclamou fazendo um biquinho lindo que eu inevitavelmente senti vontade de desfazer com vários beijos, coisa que definitivamente não seria indicado frente a sua mãe conservadora em pleno processo de aceitação.

Precisávamos ir embora urgentemente.

- Não se preocupe Lupe. Eu devolverei sua filha intacta as onze. Está bem? - Indaguei a acalmando e ela respirou fundo.

- E eu lá tenho escolha? - Perguntou revirando os olhos com um sorrisinho discreto - Então está bem - Ela disse beijando a testa da filha quando passou por ela pedindo juízo, palavras que também repetiu para mim.

- Sobre o que disse... - Começou Juliana e eu ri timidamente sabendo exatamente a que parte do que eu disse ela se referia.

- Não quero decepcionar minha sogra - Falei tomando sua mão quando passamos da calçada para a rua pedregosa para que ela não acabasse se desequilibrando nos saltos.

- E a filha dela? - Perguntou com um olhar meio irritado que simplesmente me rendia a ela e me fazia querer entregar o mundo numa bandeja se necessário para que ficasse mansa outra vez.

Juliana era tão geniosa, tinha tanta personalidade e força dentro de si que tornava impossível que eu aguardasse até chegarmos ao nosso destino, ou o carro, portanto, ali mesmo na rua, abaixo de um poste com uma luz fraca eu a encostei com um gritinho de surpresa e selei seus lábios com os meus lentamente, com uma carícia ao mesmo tempo afetuosa e exigente, isto é, a mesma mistura equilibrada que existia baixo minha pele e se instaurava pelo meu corpo quando ouvia seu nome.

Destino ou casualidade?Onde histórias criam vida. Descubra agora