Bárbara
Eu não queria perde-la. Seu abraço era o único lugar do mundo que eu desejava estar e ao mesmo tempo era também o mais difícil de ficar. Ainda mais quando aquela lágrima não foi a única e Macarena começou a acariciar minha bochecha tentando limpa-las.
- Você pode me contar qualquer coisa que quiser. Nada mudará o fato de que eu também te amo - Nem que eu tivesse mentido esse tempo todo? Nem que o mundo todo estivesse me caçando? Nem se tudo o que fez de bom grado se voltasse contra ela?
Macarena era grande. Nunca duvidei disso, talvez pudesse me perdoar, mas a pergunta era se eu poderia me perdoar por ter entrado em sua vida e ter tomado a paz que cultivava.
- Meus sentimentos sempre foram reais. Desde o primeiro dia, mesmo quando eu pensei que era uma malica por viver assim, eu admirei você. E depois, depois eu realmente comecei a te amar completamente Macarena. E é por isso que é tão difícil te confessar que não posso me sentir feliz quando diz que me ama... - Seu toque se deteve naquele segundo e eu respirei fundo tentando manter-me tranquila para dizer o que eu precisava dizer. Não havia mais como continuar mentindo ou tudo isso voltaria como uma bola de neve para me perseguir.
- Não entendo nada... - Disse Macarena com sua mão caindo ao lado do corpo, cenho franzido e uma expressão confusa que começava num sorriso trêmulo.
Não havia nada que não fosse nervosismo em seu semblante, mesmo assim ela me deu meu tempo para que falasse. Macarena era tão generosa que em seu medo de se envolver sequer a fez perceber que no final poderia ser eu que estivesse ousando me colocar onde não tinha direito.
- Você é a pessoa que mais conheceu nesses últimos anos. E se alguém pudesse me amar agora seria você, mas ninguém pode. Porque enquanto deles eu escondo a minha melhor versão de você eu escondi a pior desde o início - Confessei tentando encontrar uma forma de que não doesse tanto em nós.
Um sorriso surge no rosto de Macarena e antes que eu possa entender o porque suas mãos acessam minha nuca e ela me beija.
Não de uma forma lasciva. Apenas roçando seus lábios nos meus de uma maneira tão suave que mais lágrimas saíram de mim por tamanha doçura, quando seus lábios se afastam ela voltou a sorrir, ou no fim nunca tinha parado.
- Todos nós temos segredos. Eu mesma nunca te contei que quando criança tive um amigo imaginário e que meus pais me achavam um pouco maluca. Mas eu garanto, Ruffus era um doende muito gente boa - Eu não evitei rir batendo contra seu ombro e ela percebeu o seu feito, se orgulhando a tal ponto que sua mão voltou ao meu rosto, alçando meu queixo até que meus olhos estivessem presos na claridade dos seus que de tão transparentes faziam com que eu pudesse me ver - Sua vez - Disse olhando dos meus lábios a mim e não aguardando para me beijar, sim para que eu falasse por fim o que tinha.
- Eu sempre fui só Bárbara, uma garota com uma vida normal. Até que um dia aconteceu algo que me mudou para sempre e sem saber muito bem o porque, por amor a um sonho que se transformou num pesadelo eu aceitei que destruissem cada pouquinho de mim. Eu deixei que a ambição das pessoas ao meu redor adormecessem minha alma. Na verdade, em certo ponto, eu achei até que tinham comseguido mata-la, apenas descobri que não quando eu conheci você e recuperei boa parte de tudo o que me tiraram. Não tudo, há coisas que vendi ao assinar um contrato, na mais pura inocência, que nunca conseguirei recuperar. O que eu estou tentando dizer é que eu não sou só a Bárbara. Muitos longe do universo que você construiu e me permitiu entrar eu sou outra pessoa. Eu me chamo...
- Cristina - Escutei. Mas aquela palavra não havia saído dos meus lábios ou dos de Macarena.
E todo o seguinte passou em questão de segundos. Batidas furiosas contra porta, pessoas não paravam de gritar minha suposta identidade e eu soube que a bola de neve não mais estava me perseguindo. Ela havia chegado até mim e tudo o que eu fizesse até agora determinaria se eu teria o que salvar depois que ela passasse, se passasse.
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Destino ou casualidade?
FanfictionSe encontraram numa rua e se amaram desde então, teria todo o ser humano com tantas pessoas no mundo a mesma sorte de conseguir? Ou isso se chama predestinação? O fato é que isso não se responde, são questões tão inexplicáveis quanto quando o seu ol...