Últimos capítulos...
Bárbara
O mais irônico de toda a história era que se alguém, sem saber a realidade dos fatos, tivesse determinado ao acaso o momento em que meu paradeiro foi descoberto certamente teria optado pela noite do jantar.
E se equivocaria.
Muito antes, na exata noite em que fugi, fui flagrada com rímel correndo por minhas bochechas por alguém muito além de Macarena. E o fato de terem demorado tanto para me encontrar se justificava pela queda de braços travada pelas pessoas que concordavam que de fato era eu e por outras que tinham certeza que sendo Cristina jamais me deixaria ver daquela maneira. E sério... Não poderia estar menos descontente com ambos os lados, pois ousavam opinar sobre minha vida, mas sequer chegavam perto de acertar sobre ela.
- Cristina. Uma palavrinha por favor - Permaneciam insistindo colocando os flashs sobre meu rosto e eu simplesmente o escondia assustada como se nunca os tivesse visto. Engraçado que certamente se tratava de uma atitude que se esperava de alguém como Macarena e não de mim que crescera nesse ambiente e, portanto, com mais razão me sentia farta.
Mãos tocam meus ombros na multidão e não preciso me virar para reconhecer de quem se trata.
- Mamãe - Disse virando-me em sua direção. Haviam olheiras em seu rosto, seus olhos pareciam inchados, e por alguns instantes eu realmente me culpei por ter feito o que fiz, mas apenas por um, pois tão logo fui levada para nossa casa, ainda seguida pela imprensa, entendi outra vez minha ação.
- Tem idéia do que essa fuga poderia ter feito para sua carreira? - Ouvi assim que atingi a privacidade do meu lar, se era que poderia chama-lo assim depois de ter conhecido o que de fato era um.
- Tem idéia do que essa fuga fez por mim? - Dizem que só um idiota responde uma pergunta com outra, mas tudo bem, eu aceitava o estigma sempre e quando sorrise em meio ao desespero apenas por lembrar da sensação de estar do outro lado do balcão enquanto Maca fazia panquecas.
Essa fuga que ela usava um tom acusatório para definir foi minha solução em meio a tudo o que vivia. Vendo bem com o que causou não sei se foi a atitude mais correta para todos, mas certamente o foi para mim, Bárbara.
- Cristina... - Começou a dizer suavizando quando percebeu que aquilo não era discutível para mim, que eu tinha minha concepção sobre a fuga e que não a enxergava como algo digno de condenar-se, pelo contrário.
- Meu nome é Bárbara, você o deu a mim - Relembrei desviando o meu olhar do seu, muito embora não me lembrasse de quando os vi tão afáveis.
- Me desculpe. É que de tanto repeti-lo... - Outro dizer: Uma mentira repetida muitas vezes se torna verdade, tampouco estava certo.
De tanto me chamarem de Cristina mais Bárbara eu me sentia, mais perto dela, mais longe de tudo, e quando tornou-se insuportável eu fui embora, pensando unicamente em mim. Já que no fim ninguém parecia fazê-lo.
- Mas não importa, nada mais o faz. Você está aqui e bem - Falou cortando a nossa distância e me abraçando como a muito tempo não fazia, enterrei minha cabeça em seu pescoço, tentei acalmar-me e sentir o cheiro de casa. Não consegui.
Nunca me senti tão distante de uma.
Meus braços rodearam-a por conveniência e permiti que me desse algo de carinho, coisa que ansiei por anos depois da fama da minha mãe e não da minha agente.
Permiti-me até por um segundo cogitar tentar olha-la com outros olhos, mas só até baterem contra porta do seu quarto e ela se afastar sem preâmbulos nos deixando interromper.
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Destino ou casualidade?
FanficSe encontraram numa rua e se amaram desde então, teria todo o ser humano com tantas pessoas no mundo a mesma sorte de conseguir? Ou isso se chama predestinação? O fato é que isso não se responde, são questões tão inexplicáveis quanto quando o seu ol...