Por todas las mañanas - Parte XX

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Valentina

Eu poderia ficar irritada. Poderia bater o pé, deferir toda minha frustação contra ela por ter omitido a verdade e ficar durante toda nossa noite de cara emburrada.

Poderia...

No entanto, após a mensagem de sua mãe, não pensei em qualquer outra coisa que pudesse fazer sem ser dar a ela o suporte necessário para que se sentisse a vontade para me contar sobre a demissão.

Dessa maneira, no momento em que cruzei a porta da mansão, a encontrando distraída com uma colher na mão enquanto cantarolava alguma música desconhecida por mim, cozinhando com uma expressão relaxada e cheia de doçura, eu não pude mais do que ter certeza da minha decisão.

No fim era muito óbvio as intenções de Louise com aquela fofoca e eu não deixaria que ela por outra vez conseguisse se meter no meio de nós. Assim, depois que tomei um banho revigorante me encaminhei para sala de jantar pouco iluminada para desfrutar do jantar tão carinhosamente preparado por Juliana.

Confesso que minha intenção, a princípio, era só deixar as coisas acontecerem e que ela naturalmente tocasse no assunto, mas eu não consegui não fazê-lo em dado momento e quase me entreguei, dando a volta por cima no último segundo.

- Você parece pensativa... - Observou Juliana ao servir nossa sobremesa: Uma deliciosa torta de limão de uma padaria que eu amava.

Minha namorada estava prestes a servir dois pratos, mas me neguei a recebê-los, devolvendo o outro ao armário e servindo um bom bocado para nós duas num só.

- Assim é mais divertido... - Falei tocando a ponta do seu nariz com o cabo da colher, arrancando-lhe uma leve enrugada no rosto.

Tomei minha colher e intencionalmente dei-a em sua boca enquanto ela fazia o mesmo comigo através do seu talher. Íamos, assim, uma alimentando a outra num cuidado doce.

Aos poucos fui tentando esquecer a tensão, conformando-me de que não havia nada demais se não fosse hoje, sempre e quando fosse alguma hora.

Quando Juliana fez menção de levantar do meu colo a apertei devagar e mantive ali, tocando seus lábios com os meus primeiro apenas roçando. Assim que a minha namorada me concedeu passagem eu finquei mais meus dedos em sua cintura ao mesmo tempo em que iniciava uma exploração deliciosa por sua boca, de início bem lenta e demorada, varrendo os recantos, até atingir a língua macia que me recebia com gosto de limão.

Juliana rodeia meu pescoço e vou abrindo mais suas pernas em meu colo, querendo facilitar meu acesso a parte mais quente da sua pele. Entretanto, quase perto, somos interrompidas pelo telefone de Juliana de algum lugar da casa silenciosa.

- E se eu não atender? - Questionou se movendo devagar no meu colo, buscando fricção, me deixando um pouco sem fôlego.

- Você deve - Mandei levantando com ela no colo, apertando sua coxa para garantir o respaldo necessário para que não caísse. Juliana riu com meus passos largos pela sala enquanto distribuía beijos no meu pescoço.

Caímos as duas no sofá quando encontramos a bolsa em gargalhadas e Juliana enfim atendeu conforme eu ia recuperando meu ar em seu pescoço, passando minha língua por ali vez por outra até ela se afastar.

- Sou eu mesma, Molfese - Disse Juliana com um sorrisinho meio sem graça. Era do seu antigo trabalho. Minha namorada vai levantando do meu colo lentamente e meu fôlego perde o contanto da sua pele no segundo em que ela se vai até o outro extremo do cômodo, como quem não se sentia totalmente a vontade de me deixar captar resquícios da conversa.

O sentimento já esquecido volta a tona nessa instante e mesmo sua expressão de felicidade não quebra minha súbita falta de contentamento.

- René me ligou. Quer que eu vá no ateliê amanhã... - Falou batendo as mãos sem se dar conta do quanto entregava na sua frase - ...Como gostaria que eu fosse todos os dias por que eu... - Tentou corrigir, mas se interrompeu a meia frase percebendo que não havia qualquer feição em meu rosto que indicasse surpresa.

Destino ou casualidade?Onde histórias criam vida. Descubra agora