O limite do infinito - Parte VI

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Valentina

Não pedimos um motorista na volta. Andar pela rua de mãos dadas enquanto nossos olhares encontravam o da outra a admirando era incrível, prolongar era necessário.

- Você já foi tão feliz? - Perguntei a girando com as mãos dadas por cima da cabeça numa calçada qualquer e a abracei assim que ela completou o círculo, a segurando nos meus braços num abraço de ternura.

- Nunca. Eu não lembro de me sentir tão bem quanto me sinto agora - Esclareceu ficando na ponta do pé e eu beijei a ponta do seu nariz com carinho.

- Eu acho que posso melhorar isso muito mais - Falei passando do seu nariz a uma bochecha, depois a outra, depois o queixo e então ela grunhiu anciosa e uniu nossas bocas outra vez sob o meu sorriso que ficou ali enquanto eu mantinha seu equilíbrio em minhas mãos em sua cintura e ela me mantinha tão viva quanto nunca com o calor tímido da sua língua sobre o desenho da minha boca, a abrindo com suavidade apenas para se encontrar eufórica com a minha língua e chupa-la conforme começava a introduzir os dedos pelo meio dos meus cabelos de um jeitinho extremamente excitante.

Nos separei.

Mãos nos cabelos, respiração muito pesada.

- Fiz algo de errado? - Perguntou quando dei um passo para trás e eu neguei com a cabeça.

- Você sempre faz tudo certo Juls - Falei retomando nossa caminhada lado a lado, mão a mão.

- Então... - Suspendeu a pergunta e eu me inclinei na direção do seu ouvido, eu ficaria muito envergonhada de dize-lo em seu rosto.

- Eu fiquei excitada e não quero apressar as coisas - Falei sentindo a pele queimar de encabulamento e escondi meu rosto em seu ombro.

Eu não era virgem, mas estar com Juliana era como voltar ao início de tudo, ao primeiro beijo, a primeira vez, e como eu a adorava por me fazer reviver isso da maneira certa.

- Não foi minha intenção - Disse mas eu conhecia muito bem suas expressões desde criança.

Eu vi ela nascer, como achava que poderia me enganar?

Juliana começou a andar a frente e a puxei pelo braço a encostando num muro dali encontrando seu sorriso quando encontrei um sorriso para lá de maléfico no seu rosto inocente.

Como eu me deliciava de conhece-la outra vez.

Se esse mundo tivesse justiça eu teria a sorte de conhecer todas as Julianas que habitavam nessa, todos os dias.

- Está bem. Foi sim minha intenção - Esclareceu olhando minha boca e eu que grunhi baixinho na noite puxando sua cintura para mim até que minha língua estivesse na sua boca para que repetisse o feito se tivesse coragem.

Ela teve.

Foi o suficiente. Quase me separei outra vez, mas Juliana exerceu seu feitiço sobre mim ao morder meu lábio inferior no fim do beijo e mandou meu bom senso para o espaço com seus lábios famintos.

Nunca tinha sentido nada igual.

Quando o ar se fez preciso ela me deixou ir passando por mim e andando em todo seu autocontrole, jogando comigo, me deixando maluca.

A alcancei e a puxei nos meus braços, afastando o cabelo dos seus ombros e me instalando ali outra vez.

- Esse brincadeira se brinca a duas e espero que esteja preparada para o que pode vir disso - Avisei num sussuro e a larguei ali como ela fez comigo.

- Você não pode dizer essas coisas e não ficar para receber uma réplica. Valentina! - Reclamou enquanto eu passava a correr pelas avenidas com ela em meu encalço, me xingando falsamente, rindo da minha atitude, se divertindo conosco e nosso jeito de ver as coisas. De não ser como ninguém.

Não posso dizer que foi fácil deixa-la naquela noite, principalmente porque ela insistiu que eu ficasse para dormir e eu sabia que não cairia no sono dos anjos como ontem.

- Não sei se posso me controlar - Confessei com um braço apoiado ao lado da parede enquanto ela me olhava com um sorriso nos olhos, como se fosse séria, como se fosse inocente.

- Eu não pedi isso - Retrucou me fazendo olhar para cima em busca de auxílio divino.

Sozinha não seria capaz por muito tempo.

- Basta! Não me provoque! - Demandei e ela mordeu o lábio guardando bem o que queria dizer até fechar a sua porta.

Não movi um músculo por uns segundos.

- Você também me excita - Ela disse com sua voz suave um pouco trêmula e eu tive certeza que pensaria nisso até o momento em que estivéssemos preparadas não para fazer disso uma demanda unicamente física....

***
No outro dia pela manhã acordei com beijos carinhosos sobre minha boca e já fui puxando-a para meu abraço por cima do lençol.

Uma camada segura de pano e Juliana me beijando, melhor forma de começar meu antepenúltimo dia no México.

- Eu não quero ir. Ainda mais agora - Eu disse me sentando na cama a puxando para sentar no meu colo quando o fiz.

- Eu sei. Mas você precisa! É seu
sonho - Disse colocando meu cabelo atrás da minha orelha.

- Meu sonho sempre foi ser feliz. E eu nunca estive tanto - Garanti buscando sua boca para um selinho demorado em que quase perdi a consciência do mundo ao meu redor.

Disse quase, porque fui consciente da cesta ao pé da cama.

- O que é isso? - Perguntei com curiosidade.

- Uma cesta ué - Fez a desentendida e eu cerrei os olhos fingindo consternação.

- É meio óbvio que teremos um piquenique. A surpresa são as condições - Falou tirando o lenço do bolso e o passando pelos meus olhos.

- E vai me levar com essas roupas? - Perguntei, pois ainda estava apenas com um pijama.

- Não se preocupe com as roupas. Não precisará delas ao final - Brincou ao amarrar a venda, o que só tornou tudo mais perigoso.

- Juliana... - Repreendi e ela sorriu com um tom diferente na voz quando tirei a venda e a devolvi.

- Está bem. Vou permitir que se troque, sempre e quando deixe uma fresta da porta aberta novamente - Falou me dando um selinho e saindo em seguida, me deixando ali com  mais consciência que nunca do mundo e dela.

Minha melhor amiga era um furacão e eu torcia para que restasse algo no lugar quando passasse por mim...

Destino ou casualidade?Onde histórias criam vida. Descubra agora