Bárbara
Passamos um bom tempo de mãos dadas, meus dedos nos seus sem que tentassemos explicar o tipo de sentimento que se passava ali, mesmo eu não poderia fazê-lo porque era demasiado estranho quando também bonito.
- Quer ver as constelações mais de perto? - Perguntou levantando o tronco dos cobertores e imaginei que desfazeria nosso toque o que me incentivou a apertar seus dedos tão macios sobre os meus.
- É claro - Assenti e Macarena me ajudou a chegar até o telescópio se colocando perto de mim para que pudessemos as duas alternar as observações.
- Consegue ver? É Andrômeda - Indicou com animação e depois abandonou a lente me ajudando a que me inclinasse confortavelmente, nesse instinto, suas mãos descansaram em minha cintura e eu prendi a respiração incapaz de perceber qualquer coisa além dos pontinhos brilhantes.
- Sim - Eu disse não focando exatamente nos traços que deveriam formar uma ave, segundo eu conhecia, pois seus dedos descansavam com muita naturalidade sobre minha cintura e eu sentia aquela parte da minha pele esquentar.
- Você conhece a história dessa constelação Bárbara? - Perguntou e eu disse um não desta vez, me revelando oficialmente incapaz de articular uma palavra mais longa do que os monossílabos - Há muito tempo, camimhando por uma praia a rainha Cassiopeia, muito vaidosa que era, resolveu gabar-se de sua beleza em frente as filhas de Nereu, um deus muito ligado a Poseidon que, enfurecido ao saber da afronta, resolveu enviar um monstro terrível para destruir o reino daquela mulher. Seu marido, em desespero, foi atrás do oráculo pedir-lhe um conselho, escutando dele que a única maneira para salvar-se do infortúnio era dando sua filha, Andrômeda, em sacrifício. Cefeu, o rei, acabou acatando as palavras e amarrou-a a mercê da fera que dizimaria sua vida, não fosse por Perseu, um guerreiro valente que enfrentou a fera, vencendo a batalha e tomando a mão da bela mulher em casamento - Me contou com sua voz melodiosa entrando por meus ouvidos enquanto estava próxima, me arrepiando a cada simples palavra - É uma ótima história sobre como uma pessoa, inesperadamente, pode aparecer e salvar a outra, não? - E não só porque ela havia me contado, mas inevitavelmente, quando eu olhasse qualquer constelação me lembraria da ternura de cada palavra da guerreira que me salvou quando eu não esperava, e quando mais precisei...
***
Macarena ainda ficou muito tempo fitando as estrelas, mesmo depois que eu decidi me sentar, e ficou me contando os mitos absurdos que compunham a origem daqueles desenhos no céu, o que me confirmava que todo mundo, em todas as épocas, tinha uma história maluca para contar.E como ser normal num mundo em que ninguém nunca foi?
Não era só chato. Era impossível.
- Fala a verdade... Estou te chateando com as minhas histórias? - Perguntou voltando até mim e se sentando.
- Claro que não... - Vê-la falar tanto desde que cheguei era muito gratificante, era sinal de que se sentia a vontade comigo.
- Não tem problema. Santiago e minha mãe não tinham paciência para elas, logo, seria perfeitamente normal se você também, diferente de mim e do meu pai, não tiver - Esclaresceu juntando as pernas perto do peito começando sua fala com euforia e terminando nostálgica.
Distante.
- Eu estou adorando suas histórias. Elas, como todas, fazem parte da tradição das festas em torno da fogueira - Assim eu vi nos filmes, nunca fiz semelhante coisa, por isso fiquei tão emocionada ao ver aquilo tudo pronto para mim.
- Ainda bem. Porque me encanta poder conta-las, me trás ótimas lembranças - Seus pensamentos voam longe demais, de mim, por vários segundos.
- Maca? - Eu a chamei de volta sentindo-me especialmente curiosa sobre seus pensamentos, apesar de ter suposições sobre o tema deles.
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Destino ou casualidade?
FanfictionSe encontraram numa rua e se amaram desde então, teria todo o ser humano com tantas pessoas no mundo a mesma sorte de conseguir? Ou isso se chama predestinação? O fato é que isso não se responde, são questões tão inexplicáveis quanto quando o seu ol...