Destino ou casualidade?

Comeback

Macarena

Depois daquelas fotos muita coisa mudou entre nós, desde o silêncio no carro na volta para casa sabíamos que não seríamos as mesmas depois daqueles toques que definitivamente marcariam nossas peles.

Na data de hoje, como em tantas vezes nesses dias eu voltava a olhar a tela do telefone em busca de alguma mensagem, o que inevitavelmente me fazia relembrar naquele início de noite como costumavam acabar as minhas nesses dias: Deitada sobre a cama olhando o teto, tentando não dizer a mim mesma a todo segundo que o seu toque era quase tão bom quanto seu beijo, que sua boca era um doce delírio que me tinha duvidando de tudo o que pensei saber sobre mim.

Suspirei no espelho, era o tipo de efeito que Bárbara causava em mim. Era o olhar que eu não conseguia disfarçar na frente dos outros, eram as risadas sincronizadas nas entrevistas, era uma maldição de gosto bom que mantinha minha mente longe da terra por mais que aqui estivessem acontecendo coisas grandes.

- Você pode ter a melhor das maquiagens, mas mesmo ela é incapaz de dissimular a realidade dos olhos - A maquiadora ali presente me avisou quando encontrou meus olhos no espelho, era a noite dos MTVMIAW, premiação que Bárbara e eu havíamos sido indicadas como melhor casal e como melhor fandom e, como nesses dias, ainda não havia dado sinal de vida. A verdade, entretanto, era que sequer poderia culpa-la por isso. Eu mesma peguei o celular e acabei o largando depois de alguns segundos sem saber o que dizer.

E falar que não conseguia evitar oenzar nela depois de tudo que aconteceu no ensaio não era, em absoluto, uma opção.

Não respondi as palavras tão gentilmente ditas com outras, pelo contrário, apesar das verdades presenteadas não consegui devolver mais que com um sorriso mentiroso que mascarava a minha dor e, ao mesmo tempo, corroborava a minha faceta de atriz.

- Melhor assim. Muito mais bonita - Disse a mulher terminando comigo com uma última pincelada bem acima do meu nariz.

Sorri um pouco, dessa vez genuinamente, pela diminuta cosquinha, mas diria que se contasse não teria dado três minutos disse, pois logo estava a beira das lágrimas que não tinha derramado esses dias quando meu celular soou no camarim.

"Sinto muito, houve um chamado de última hora e não haverá tempo para que eu chegue a premiação, peço sinceramente que me entenda e que aproveite tudo como nós duas faríamos.

Com pesar, Bárbara"

E meu coração apertou.

Pouco antes de entrar e de maneira que pensei que tivesse se reduzido ao tamanho de uma amora. E eu nem gostava de amoras.

E como se a vida se encarregasse de te atacar no momento exato um rapaz da produção aparece me dizendo que seria uma das próximas a passar pelo tapete rosa  que apenas imaginei passar depois que, mesmo atrasada, chegasse a metade que faltava daquele time.

As lágrimas vieram nos meus olhos naquele segundo, mas cerrei os punhos enviando-as de volta para onde quer que tivessem vindo me preparando para a atuação da minha vida que começou num sorriso e assim manteve por todo o tempo que tive que pousar para as fotos que tiravam de mim por minutos a fio enquanto as fãs não paravam de gritar meu nome me dando ainda mais forças para me manter como deveria essa noite, aliás, não pude deixar de cita-las como sempre, eram por muitas vezes a melhor motivação para continuar fazendo o que fazia apesar dessa ou de qualquer questão.

Fiz questão de mandar muitos beijos e transparecer a felicidade que havia em mim, porque no fim estar triste nem sempre implicava parecer assim, muitas vezes a própria tristeza poderia caminhar de mãos dadas com alguns momentos felizes, era assim que as vezes passando por diversas turbulências internas ainda encontrávamos motivos para rir, e era isso que eu estava fazendo, mostrando a parte inteira de mim no tapete e no palco da premiação, deixando a turbulência sacudir-me apenas no escuro do quarto enquanto lembrava de responder sua mensagem.