Deliciosamente Proibido - Parte XVIII

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Bárbara

O cheiro doce invadiu meu sistema como a primeira coisa da manhã. Era o aroma dela, de Macarena Achaga.

Num primeiro minuto me levantei assustada, sem funcionar inteira até que as lembranças da noite anterior me invadem lentamente.

Não foi servido panna cotta e sim tiramisù.

A receita chegou ao crítico adulterada, não havia licor e sim mezcal nela.

Por isso eu e Macarena brigamos e eu disse coisas horríveis.

Por isso me tranquei no depósito e bebi até não conseguir tomar um banho sozinha.

Por isso bebi até dizer coisas que não poderia ter dito.

Coloquei as mãos sobre a boca e quase dei atenção a minha própria frustração, entretanto, me dei conta de que Macarena já não estava em minha cama.

Apurei os sentidos outra vez, um cheiro delicioso de café da manhã vindo de fora, vou seguindo o aroma e me deparei com a cheff do dia.

- Tomei a liberdade de acessar o jornal. Espero que não se incomode - Confessou Maca desligando o fogão deixando o aroma espalhar-se pela sala.

- Eu te disse coisas horríveis e depois te pedi para que dormisse comigo. Depois disso não há o que faça que possa me incomodar - Garanti e, inevitavelmente, Macarena me deu um diminuto sorriso e depois desviou o olhar.

- Então lembra de tudo o que disse antes e durante a bebida? - Perguntou pretensiosa. Ela sabia bem tudo o que eu disse.

- Sim - Seus olhos demonstraram interesse - Mas você sabe... O álcool pode melhorar muitas coisas. As vezes vemos uma coisa de uma forma e se torna outra - Menti covardamente tentando fazer com que acreditasse.

- É mesmo tão repugnante admitir que posso mexer com você? - Foi direta ao colocar meu omelete no prato que dispôs a minha frente.

- Não é nem um pouco repugnante. É apenas aterrador e difícil de admitir - Garanti acompanhando como puxava um banco do seu lado do meu balcão com um garfo em mãos tascando um pedaço do meu prato.

Essa mulher, depois de Raúl, era a pessoa mais a vontade em meu espaço que eu já conheci. E eu odiava ter que ceder e dizer que me sentia em paz com essa atitude. Ela fazia das brechas grandes avenidas e tomava proporções absurdas.

- Então está admitindo? - Não emiti reação por um momento e tudo o que fiz depois de tudo foi comer do pedaço que colocou em seu garfo e por isso acabei recebendo um tapinha no ombro.

- Estou falando que não seria o fim do mundo se assim fosse - Esclaresci de boca aberta vendo seu sorrisinho triunfante.

Ela sabia.

Eu não estava negando.

- E Macarena... - Ponderei sobre dizer  o que queria e sobre o que aquilo fazia comigo - Eu errei com você. Fui cruel em te acusar de traição. E sério... seja qual tenha sido a crítica eu te peço sinceras desculpas por não tê-la ouvido e depois ter sido tão rude - Disse baixinho e agradeci que o esperado deboche da sua parte não veio.

- Eu não deveria ter feito isso as suas costas. Deveria ter discutido de frente e batido o pé se necessário até que aceitasse, eu também errei e peço desculpas - Disse com os olhos baixos como os meus e ficamos um pouco em silêncio.

- Isso foi maduro para caralho - Apontei exaltando nosso momento de trégua.

- Foi sim. Sem discussões. Que diferente... - Concordou comigo como nunca havia ocorrido.

Destino ou casualidade?Onde histórias criam vida. Descubra agora