Capítulo VIII.

456 96 760
                                    

Ando lado a lado com Verona. Algumas vezes, enquanto caminhara, encarava os fios avermelhados de seus cabelos, cujo na luz do sol seu brilho tornava-se laranja. 

O caminho de volta foi mais tranquilo, conforme a tarde chegava e os Vigias se deslocavam para outras partes da cidade mais movimentadas.

Por fim, chegamos em sua casa. As gêmeas caminharam até nós apanhando nossas cestas e entrando para dentro. 

— Tchau, Liz, até amanhã! — Acenam elas. Eu aceno de volta, ajeitando os óculos no rosto. Logo Verona devolve minha mochila vazia.

Não há movimento significativo. A brisa gelada faz eu me encolher e respirar fundo. 

— Obrigada, Vee. A gente se vê amanhã. — Digo, já me despedindo. Ela sorri acenando enquanto eu caminho para longe.

— Mande um oi para Lizzie por mim. — Disse ela, por fim. Concordei. Seria uma breve questão de tempo até eu chegar em casa.

☆☆☆☆☆☆☆☆

Assim que cheguei em casa, minha encomenda havia sido entregue. Tinha uma caixa ao lado de minha porta e um bilhete dizendo que eu não estava em casa. Peguei o papel e a caixa e entrei.

De modo peculiar, sento-me sobre a mesa da cozinha e me deito. Tomo uns minutos para descansar de minha caminhada até aqui. Respiro fundo. Pois bem, me levanto.

Passo pela porta do quarto de meus pais e no meu, deixo a encomenda no chão. Volto para a cozinha. Retiro os meus óculos e o coloco em cima do balcão. Abaixo minha máscara em meu queixo e devo readaptar minha respiração, conforme o ar que se encontra em casa é mais pesado do que a do filtro da máscara.

Deito-me no sofá e apoio minhas mãos sobre a cabeça. Olho pela janela e encontro minha paz escondendo o sol. Tudo acontece como colaboração um com o outro, a estrela se guarda por trás das belas montanhas e logo mais observo a noite chegar feito um sussurro, eu nunca me canso de admirar e espero que nunca me canse. 

Eternamente será minha única paz. 

Ouço arranhões na porta, o que me fazem abrir um sorriso robusto. Abro a porta e me alegro quando vejo Lizzie. Há três roedores sobre suas patas, com mais dois ao seu lado direito. 

— Seu dia foi longo. — Digo, espantada. Apanho todos os roedores e me certifico de que não possui ninguém sobre as sombras de olho em nós. 

Lizzie logo passa para dentro e eu empurro a porta de mãos cheias. Coloco todos os roedores na pia e me viro para Lizzie aguardando seu pote de água para se refrescar. Encho o mesmo como se fosse um copo cheio e o coloco no chão, então ela começa a beber sem parar. 

Lembro da dose. Pego minha mochila e retiro o pequeno frasco esverdeado de la de dentro. Eu não o tomo, estou guardando para outro momento.

Preparo um guisado de coelho. Retiro sua pele e o separo para usá-lo como roupa para o frio. 

Lizzie senta-se em cima do balcão que sua caça abatida estara, me observando os preparar. Fatiando algumas partes dos roedores, eu entregava em sua boca um pedaço final que eu não usaria. 

As luzes estão apagadas. A chama do fogão aceso e algumas velas espalhadas pela casa iluminam a gente. 

Inúmeras noites eu mantenho as luzes de casa assim, é como se eu preferisse estar no escuro frio e atenta ao o que me cerca, ainda mais quando olho para fora e a escuridão predomina as pontas branquelas das montanhas, juntamente com alguns rabiscos brancos que descem por elas. 

Montanhas Distintas - Renascença.Onde histórias criam vida. Descubra agora