Capítulo VI.

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A trilha para o Matagal de Areia é distante da localização em que estamos. Sem contar que neste percurso, devemos abraçar as gêmeas sobre o nosso próprio corpo para atravessarmos as ruas.

Duplicando os cuidados por elas pelo fato de serem movimentadas pelos carros, paramos diversas vezes na faixa indicativa. Seguro a mão de Maelly e Verona segura a de Liara.

Infortuitas condições que nos trazem o memorando de não sermos imprudentes, mesmo que um carro diminua sua velocidade. A faixa foi exclusivamente feita para nós seguirmos um caminho em segurança.

No caminho para a Areia, Lily e Elly saltitam em torno de nós deixando em evidência sua felicidade por finalmente saírem de casa.
Compreendo elas. Por um momento em nossa caminhada, o que nos cercam são árvores grandiosas e flores de derivadas cores e formas. Ainda que fôssemos a Divisão menos populosa e mais vazia em relação à podridão, ainda somos os mais cortigiados pelo Matagal de Areia ser rico em matizes.

Sabemos que cada Divisão - além dos tipos sanguíneos - são variáveis em suas atrações. Nós somos marcados pelo Matagal. As casas não são tão precisas quando atravessamos a floresta, o que dara um toque a mais de conforto.

Não sera uma longa jornada para chegarmos ao centro da floresta, onde inicia-se uma subida não muito curva, onde nossos passos se alargam e tornam-se acelerados.

É a partir daqui que sinto leveza nos pés até chegar ao local desejado. Uma leve rampa que ao encarar o mesmo, tenha-se a sensação de que estamos prestes a tocar o sol com seus raios amarelados atravessando o pico.

- Olá, passarinhos. - Lily diz acenando para o céu. Chegamos ao lar dos Passariformes. Eles parecem alegres conforme Lily canta para eles e os mesmos a respondem com outra melodia.

- Eles ainda se lembram! - Elly diz, também encantada. Seu pai as ensinou a conversar com estes pássaros e desde então seguem como uma tradição com eles, principalmente reconhecer quem as respondem de volta.

- Olha, Lily, um Paridae! - Digo, apontando para uma árvore inclinada, onde o ninho do mesmo se encontrara.

Ele era azul e amarelo. Com uma única listra preta em sua asa. Pequeno e inquieto.

- Ele está muito feliz hoje. - Lua diz, rindo. Então, ele finalmente voa. Mesmo à distância, ele cantarola enquanto seu som vagueia pela floresta.

Imitamos o som e os pássaros próximos a nós ajudam-nos a espalhá-lo pela longa vegetação.

- Acho que somos bem vindas aqui. - Lily sorriu.

Chegando ao topo, Elly e Lily olham adiante. Verona e eu soltamos as cestas ao lado de uma árvore de tronco grosso e admiramos a paisagem.

Por ainda ser de manhã, a paz exacerbada da imagem é maravilhosa.

As montanhas com suas pontas pintadas de branco são melhores de serem vistas daqui de cima. Descendo um pouco os olhos, via-se o matagal de areia em suas cores vibrantes. Amarelo. Verde. Rosa. Lilás. O lar de Lizzie. A brisa nos completa.

Terra. Terra minha. Terra sua. Terra Nossa. Nosso abrigo em natureza manchada, escondida e inacabada. Deserto escaldante de surpresas e anseio de poderes maiores. Somos diante deste universo independente.

Calmamente, silencia meu tormento silencioso e me sinto em paz pela primeira vez. Eternamente serei grata por tanta espontaneidade. Se fosse realmente me sentir calma ao longo da vida, tenho o prazer em dizer que a natureza era meu local sagrado, até mesmo antes da arte. Desde que me conheço, lembro-me em algum lugar de relva.

Ainda que fosse pouco concentrar-me nessas virtudes de serenidade, quando o tenho em certa quantidade extravagante de minha atenção habitual, é confortável notar que minha concentração nestes bens nada materiais são muito maiores.

Montanhas Distintas - Renascença.Onde histórias criam vida. Descubra agora