Já estão todas prontas para ir. Verona colocou um de seus melhores vestidos verdes, cujo presenteada por Pray. As irmãs de cor trançaram seus cabelos em escamas de peixe, deixando alguns fios soltos, enfeitados com algumas pétalas brancas e rosas.
Lily tem um visual delicado, uma saia até o joelho e uma blusa florida de alça. Elly é um pouco mais solidária na escolha de roupas, um macacão branco franzido.
Desde que Ed e eu saímos do hospital, não consegui parar de olhar para ele. Lembro de suas palavras amargas. Eu não posso ficar aqui e assistir você ficar daquele jeito.
Eu nunca quis que ele soubesse do meu risco. Mas eu já devia ter imaginado desde o primeiro instante que não conseguiria esconder por tanto tempo.
Eu sei que ele pensou na mãe dele quando ela também era insuficiente.
À cada dia, a sua luta era mais árdua e ela ficava cada vez mais fraca. Sahill, por mais que tentasse, não conseguia aliviar o sofrimento dela.
Assim como Ed, eu sei que Sahill se sentia culpado por não poder fazer mais por ela. Não dá para julgá-lo. Assistir alguém que amamos sofrendo e não poder ajudar é uma das sensações mais angustiantes que existe.
E eu lembro de como foi perdê-la. A única certeza que eu tinha era que Sahill nunca mais seria o mesmo. Ed também não.
Agora, Sahill está se unindo a ela com as mesmas condições.
E eu estou no mesmo caminho incerto. Ed sempre foi o meu porto seguro, a minha âncora nos momentos de tempestade. Porém agora, ele é o meu maior desafio.
Eu sei que ele ficaria arrasado, mas eu também sei que ele não merece passar por isso novamente. A vida é cruel e injusta, e eu não quero que ele seja mais uma vítima dela.
Sento-me nas costas do sofá da sala, de braços cruzados, observando as gêmeas de cor. Elas ainda não possuem os sintomas. Por mais que a Mácula comece a se manifestar aos 8 anos de idade em nosso corpo, sinto-me aliviada pela data prevista ter sido um engano. Mas não me deixam tranquila.
A ideia de vê-las sofrendo com a Mácula é algo que me apavora. Então sempre que posso, eu as observo atentamente, procurando qualquer sinal, qualquer indício de que a doença está começando a se manifestar nelas. Assim como faço agora.
A cada pequeno espirro, a cada tosse ou mancha na pele, meu coração acelera e a preocupação se instala.
Por isso, faço o possível para protegê-las. Ensinamos a elas tudo o que sabemos sobre Prisma, sobre como se defender de forma responsável. Mas no fundo, sei que não posso controlar o destino delas. Não como muito já tentei fazer.
- Liz... - Verona me chama assim que aparece na sala. - Pode vir aqui um momento? - Perguntou ela. Não questionei o motivo, apenas troquei olhares por um instante com as gêmeas e a segui. Ela me leva até um quarto, aos fundos do corredor de sua casa, onde encontra-se um grande espelho, onde sua tia, arrumava seu cabelo.
- O que está pretendendo fazer? - Foi o único questionamento que faço após vê-la pegar uma tesoura.
- Não vou fazer isso, se essa for a sua preocupação. - Disse ela, aliviando minha tensão. Quase consigo rir quando ela corta um laço azul bebê e solta a tesoura, porém através do espelho, ao soltar o meu cabelo, ela me olha nos olhos e diz: - Em homenagem a Elizabeth Oure. - Levemente ela sorriu, sentindo dor ao dizer tais palavras, eu também as sinto doce e amargamente, mas não nego o seu toque.
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Montanhas Distintas - Renascença.
Ficção CientíficaNÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 16 ANOS. {Trilogia - Livro 1: Renascença.} Siena - Fim do novíssimo mundo. "E se fosse por uma promessa?"