Capítulo XV.

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Não demorou para que Verona aparecesse. Por mais que em todas as vezes em que nos encontrávamos, nos abraçávamos levemente, sinto que irei perder isso.

— Sejam rápidas, logo partiremos. — O Vigia diz antes de Verona entrar no recinto. Logo ele empurra a porta e ela passa para dentro, assim então fechando a mesma.

Não hesito em abraçá-la já com saudade. Esse é o momento em que me arrependo. Fecho os meus olhos e sinto o mesmo perfume que deixei de notar nas gêmeas, o aroma de rosas vermelhas. Verona é tão magra quanto eu e devido ao silêncio, consigo ouvir e sentir as batidas de seu coração quase em sincronia do meu. Sinto-me apavorada, então permito-me apenas sentir tudo o que me neguei.

Quando nos soltamos, resolvemos sentar um pouco. Sei que neste momento deveria contar o tempo em minha cabeça, mas ele parou para mim.

Toco as marcas em meu rosto. Parece menos inchado, mas a lesão imagino estar em uma tonalidade roxa. Nunca imaginaria que eu fosse ser tão imprudente hoje.

— Não temos muito tempo. — Começo. — Vocês precisam ficar seguras, avise Ed sobre isso. Peça para que os Renegados as entreguem todo o suporte possível, cobertores, aquecedores, remédios, meias, luvas, tudo! Quando as meninas forem para a escola diga para elas não comentarem com ninguém sobre o que houve hoje, mesmo se tenham visto algo ou não.

— Liz, nós ficaremos bem. — Verona ri nervosamente, mas claramente ficou assustada com minha reação.

— Não, eu falo sério, não quero que nada as aconteçam!

— Eu sei que você está falando sério, se acalme. — Pediu.

— Não, Verona! Você não entende. Tudo o que houve hoje foi uma grande encenação, um caos e qualquer um que se preze como um bom contador de histórias irá mencionar bastante o meu nome, eu não sei o que pode acontecer de bom, mas sei muito bem o que pode acontecer de ruim e vocês precisam muito ficar seguras, aconteça o que acontecer comigo. — Respiro ofegantemente, enquanto mantemos contato visual.

— Tudo bem, eu aviso Ed, mas a essa altura, ele já deve saber de alguma coisa. — E isso não é improvável, as notícias correm rápido quando se trata da Seleção, sempre querem saber quem foi o próximo, não para parabenizar, é claro, e sim para lamentar.

— Por favor, prometa para mim que tomarão cuidado.

— Nós iremos, Liz, eu prometo. — Falou em um tom cansado. — Mas você também deve se cuidar. O Ed não vai gostar nada disso, então é melhor que você tome cuidado lá. Mas ouça, tudo é televisionado daquele lado, você vai ter que participar dos jogos deles, hoje foi uma grande encenação, mas é você quem vai participar do espetáculo.

— Dessa vez é diferente, Vee. Eles vão me tratar diferente, farão de tudo pra que eu morra. — Lembro-me da frase do Capitão e ao mesmo tempo que me irrita, me assusta.

— Eu sei, então vai ter que ser esperta. Eles não podem fazer algo pior do que já vivemos, Liz.

— Depois do que houve hoje, eu não espero mais nada. Mas aconteça o que acontecer, não deixe Ed se arriscar mais do que já está se arriscando. Isso é algo que eu tenho que fazer.

— Tudo bem. — Concordou a ruiva. — E eu vou ficar de olho na Lizzie. Cuidarei dela até você voltar.

Meu coração se espreme. Eu não vou voltar. Penso. Mas mordo a língua para não dizer isso para ela.

— Obrigada, Vee.

Antes de qualquer outra coisa, o Vigia entra avisando que o tempo havia acabado. Ele não nos dá mais privacidade, fica parado à porta nos observando até que a ruiva se levante e caminhe até ele.

Montanhas Distintas - Renascença.Onde histórias criam vida. Descubra agora