Seis e quarenta e sete da manhã. Eu tenho menos de quinze minutos para me arrumar e estar na esquina de casa.
Quando Sophie decidiu adotar Ève, a pequena spitz alemão, mamãe achou que a ideia era incrível e decidiu trazer Océane junto. A única diferença entre as duas é que Océ é calma como um ser humano, quando Ève não está em casa nem parece que temos animais. A spitz alemão da Sophie é o verdadeiro demônio, destruiu o meu despertador ontem e eu acordei totalmente atrasada hoje.
Deixei comidinha para Océane e fui até o banheiro. A muda de roupa estava pronta já em cima da pia, nunca fui o tipo de garota que arrumava as coisas na noite anterior, mas Deus já sabia da proeza da animalzinha da minha irmã e por acaso eu fiz isso.
Coloquei pasta na escova de dentes e comecei a escovar minha arcada dentária enquanto colocava o uniforme azul royal das líderes de torcida. A saia e o cropped combinando com o lacinho que prendia o meu cabelo em uma rabo de cavalo, peguei a necessaire e coloquei na mochila. Sem tempo para fazer qualquer tipo de maquiagem em casa, faço no ônibus. Enxaguei a boca, sequei, joguei a mochila nas costas e desci correndo tropeçando no cadarço do All Star da mesma cor das minhas roupas.
- Bonjour - desejei correndo. Peguei a maçã na fruteira e mordi um pedaço.
- Bonjour, atrasada? - Mamãe perguntou.
- Ève destruiu o meu despertador, preciso de outro - papai concordou por cima do jornal e da sua xícara de café extra forte. Servi um pouco em um copo térmico, algo gritava que hoje o dia seria corrido.
- Por que você não usa o do celular como todas as pessoas normais? - Sophie argumentou, as mãos no ar ao lado da sua cabeça de lado para dar ênfase em quão estranha ela alega eu ser. Se ela não tivesse apenas onze, eu gritaria palavrões com ela e o seu pequeno demônio até todas as suas próximas dez gerações se sentirem suficientemente ofendidas.
- Au revoir - gritei já fechando a porta.
- Boa aula! - Ouvi mamãe gritar e automaticamente eu sorri.
Minha família por parte de mãe é toda da França, ela nos ensinou a falar francês e inglês ao mesmo tempo. Dessa forma podemos nos comunicar com todos da nossa família, o que às vezes causa algo como uma crise bilíngue e meu cérebro para e eu tenho que ficar pensando em palavras e expressões em inglês que eu diria em francês; e vice-versa. É complicado e quando acontece é pior ainda. Fora tudo isso, mamãe insiste que conversamos em francês em casa. Pode ser pouco, mas seus ouvidos precisam ouvir palavras em francês.
Corri até o ponto onde deveria pegar o transporte escolar, já vendo o sr. John estacionar o ônibus e me dar uma olhada. Não era total novidade eu estar atrasada para ir pra escola, mas desde que mamãe e papai começaram a pegar no meu pé por causa disso eu comecei a ser pontual; em tudo.
- Atrasada, Lucie? - John riu, debochando o fato.
Revirei os olhos.
- Dia - sorri -, Ève destruiu meu despertador.
- Oh, Lucy. Nem eu uso isso mais!
Ri e me direcionei ao banco mais ao fundo onde eu sempre sentava. Mordi mais um pedaço da maçã e a deixei em cima da mochila, tirei a necessaire e comecei a fazer a maquiagem que eu fazia todos os dias: protetor solar com pigmento; um pouquinho de BBcream, baking com o pó translúcido nas olheiras, nariz e em algumas espinhazinhas, pó no resto da cara e um rímel.
Olhei para a maçã, o caminho até a escola durava vinte minutos e já tinham se passado quinze, e ela ainda tinha apenas três mordidas. Naquele momento olhos verdes apareceram na minha mente e automaticamente o meu coração bateu mais rápido.
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Who Would Think of Our Love ~ Noah Urrea
FanfictionOnde Lucie, uma adolescente normal como qualquer outra de Los Angeles, começa a ter sonhos com um desconhecido, que, eventualmente, viria a ser seu par de física.