16. Am I in the heaven?

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Eu e Any torcíamos com sangue e suor para o time que os nossos amigos estavam jogando. O time sem camisa. Sei que Any deixou-se levar pela vista e concentrou grande parte da sua atenção no namorado suado correndo na quadra do ginásio. Já eu? Eu não tinha ninguém para olhar - muito menos motivos para. Mas, ainda assim, meus olhos perseguiam Noah para qualquer lugar que ele fosse, como se eu estivesse presa naquele corpo. Posso afirmar, também, que imaginei coisas absurdas nesse tempo em que meus olhos se permitiram vê-lo. Eu me sentia um amante de esculturas vendo um Vênus de Milo recém restaurada, totalmente preso à visão.

Eu sabia que ele me via também, pois eu estava o tempo todo tentando olhar em seus olhos. Sabia quando ele virava a cara em seguida, envergonhado por ter sido pego no flagra enquanto me olhava. Eu não me importava, não sei se eu deveria na verdade. Acho que a forma que ele me olha me dá um certo conforto, como se me apoiasse. Obviamente, não consigo entender o que essas encaradas significam; se ele apenas está pensando em algo e eventualmente eu estou no meio disso ou se eu sou o que ele está pensando - e desejando. Sei que nunca vou admitir que Joshua estava certo quando se trata de Noah e eu, isso nunca vai acontecer - por mais que ele seja o único que tenha visto e isso e nos avisado antes de nós mesmos percebermos.

Entretanto, o olhar de Noah sempre foi algo totalmente indescoberto nos meus pensamentos. Eu não conseguia decifrar o que ele pensava de mim em grande parte do tempo, o que é extremamente contraditório pois Noah é uma pessoa extremamente fácil de se ler. Ele é expressivo e fala demais, óbvio eu diria. Mas quando o seu olhar está no meu, quando nossos olhos apenas enxergam um ao outro, eu nunca sei o que se passa pela cabeça dele; de tal forma que eu não sei se eu posso considerar algo bom ou algo ruim. Mas eu sei que ele me olha, sei que ele sente algo que está tão confuso quanto o que eu estou sentindo. Talvez eu saiba disso porque temos o mesmo sentimento preso em ambos dos nossos corações, mas nunca saberemos se é real ou não porquê simplesmente não temos coragem de ir falar um com o outro sobre o que sentimos um pelo o outro. Bobagem.

Isso me faz perguntar o porquê de eu nunca ter falado disso com ele - ou com qualquer outra pessoa que não seja meu bichinho de pelúcia Leo. É como se eu empacasse, perdesse a fala. De novo, sei que Joshua sabe disso, de tudo isso; tudo o que eu sinto e etc. Mas não porquê eu disse, e sim porque ele deduziu com todos os anos de conhecimento que Joshua Beauchamp tem por mim. Ele é formado, tem doutorado e tudo mais que se pode possuir de diploma quando o assunto sou eu. Talvez eu devesse falar algo, não para os meus amigos mas sim para o próprio Noah. Mandar a real. Eu consigo imaginar a cena, seria tipo:

- Noah, oi - eu falaria -, podemos conversar?

- Sim - ele responderia, o sorriso no rosto como sempre e então me acompanharia para um lugar longe dos nossos amigos.

- Eu gosto de você. Tipo, realmente gosto - não, muito ruim. Que tal se eu começar descontraindo? - E aí, como estava a educação física?

O quê? Lucie você estava lá também, presta atenção.

- E aí, como você está? - Eu falaria, puxando assunto.

- Tô bem, e você Lu? - Noah diria, me fazendo corar pelo apelido.

- Estou bem, pequeno lobo - desta vez, ele ficaria com as bochechas tão vermelhas quanto as minhas.

- Enfim, sobre o que você queria conversar? - Ele coçaria a nuca, entortando a boca em um sorriso.

- Ah, sim. Então, sobre isso - eu enrolaria.

- Não enrola, Lu. Vamos lá, fala logo - Noah iria me encorajar, eu pensaria na merda que eu estou prestes a fazer e amarelaria subconscientemente. Então eu iria respirar fundo e falar as três palavras:

Who Would Think of Our Love ~ Noah Urrea Onde histórias criam vida. Descubra agora