Acordei em um pulo. Meu corpo todo suava e doía, era como se eu tivesse corrido uma maratona de ontem pra hoje; eu me sentia exausta.
Eu também não conseguia me lembrar de muitas coisas do que eu sonhei, o pouco que eu lembro não tem nexo e ligação com qualquer outra coisa que eu possa ter sonhado nessas horas em que eu dormi. Me sentia estranha com isso, era como se estivesse algo faltando e que eu precisasse me lembrar. Lembro-me de Noah no meu quarto, dos nossos corpos sem roupa; necessitados um do outro. Lembro dele me mostrando algum tipo de realidade alternativa aleatória, lembro também das sensações que eu tive quando vi Camille grávida ao lado de Noah.
Isso só pode significar que ele voltou para Los Angeles. Ou não? Desde que sonhei com Noah naquela noite, venho estado paranoica com qualquer sonho que eu tenho, com medo de que eles se tornem realidade igual o último. Mexi a cabeça para os lados, tentando jogar esses pensamentos loucos para fora da minha mente.
Olho para o relógio que tenho no criado-mudo ao lado da minha cama, os ponteiros marcavam cinco e quarenta e cinco da manhã. Estava cedo para levantar, mas mesmo assim saí da cama. Fui até o banheiro e tomei um banho quente e demorado, próprio para pensar; mas não era isso que eu queria. Enquanto lavava meu cabelo, foquei em tirar tudo que eu estava pensando sobre o sonho da minha mente de uma vez por todas. Mesmo falhando, segui com a meta até ter o meu cabelo totalmente seco.
O barulho que o secador fazia era alto, mas não o suficiente para acordar a minha família - que, à essas horas, já estava se acordando. Sequei todo o meu cabelo e penteei, gostando do resultado final. As ondas capilares estavam brilhantes e com cores vivas, diferente de como estavam quando eu fui dormir - oleosas e emaranhadas.
Vesti uma roupa confortável, algo em mim dizia que o dia iria ser longo e me incomodar com desconfortabilidade com o que eu estava vestindo era, com toda a certeza, a última coisa que eu queria. Fiquei pronta seis e meia.
Desci e larguei minha mochila perto da porta, ao lado dos meus tênis brancos. Coloquei café em uma caneca e deixei de lado, pegando minha garrafinha térmica e enchendo do líquido enquanto bebericava o conteúdo da minha bela caneca de unicórnios. Comi um croissant que tinha em um saco na cestinha de pães.
Enquanto comia, pensei em Noah. Não do dos meus sonhos, mas sim o garoto que eu via todos os dias na escola e, às vezes, fora dela. Nossa relação evoluiu tanto nos últimos sei lá quantos dias que passamos juntos, posso quase arriscar que estou gostando mais do que eu deveria da companhia dele. Joshua, por outro lado, vem reclamando sempre que eu não estou mais lhe dando a atenção que eu dava antes de Noah aparecer, então lhe respondo que agora que ele tem a Any, eu preciso ter alguém também.
O que foi, na verdade, uma péssima desculpa para dizer. Josh agora cisma que eu estou totalmente apaixonada por Noah e que ele é a minha alma gêmea, da mesma forma que Any é a dele. Por mais que eu diga que ninguém nunca vai ter um relacionamento igual deles dois ou até mesmo que nenhum casal vai se amar mais do que eles se amam, Joshua afirma e teima que eu e Noah somos grandes concorrentes. Eu cansei em certo ponto, assim como Urrea, então falamos para o garoto que nós estamos loucamente apaixonados e que ele será o nosso padrinho de casamento e dos nossos filhos; assim, pelo menos, ele parou.
Arregalei os olhos ao ver que estava transbordando café da boca da minha garrafinha. Tirei da cafeteira e desliguei o aparelho, limpando tudo em seguida. Mamãe e papai ainda não tinham levantado, nem Soph. Por mais estranho que eu ache que isso seja, não reclamei; pois assim eu não preciso levar esporro por ter derramado café em todo o balcão.
Quando olhei no relógio, estava atrasada. Coloquei meu tênis correndo e dei a última mordida no croissant, peguei a minha garrafinha de café e a de água, coloquei no bolso externo lateral da minha mochila e saí correndo para a esquina. Já podia ver o ônibus escolar estacionar e as portas grandes se abrirem, John me olhou rindo. Quando alcancei o grande veículo amarelo, subi as escadas tropeçando nos meus próprios pés.
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Who Would Think of Our Love ~ Noah Urrea
FanfictionOnde Lucie, uma adolescente normal como qualquer outra de Los Angeles, começa a ter sonhos com um desconhecido, que, eventualmente, viria a ser seu par de física.