Casamento: o ato singelo de selar o amor entre duas pessoas; duradouro, mas efêmero. Depende com quem você se casa, em que época da sua vida e os seus sonhos futuros. A Lucie de cinco anos tinha o sonho em realizar tal matrimônio, já a Lucie de dezessete eu não tenho tanta certeza assim. Porém, ver a realização de um casamento é linda, mas consigo sentir a dor de cabeça dos noivos.
Marìe, minha prima, namora Phillip à bons oitos anos. Nós o chamamos de Phill, ele me chama de pirralha mesmo sendo apenas alguns anos mais velho do que eu. Ele tem vinte e cinco. Mamãe disse que eles são muito novos pra se casarem, ainda têm muito o que viver. Pra mim ela está sendo hipócrita, já que se casou aos vinte e um - e estava grávida de mim.
- Você sabe que isso não faz sentido, não sabe? - Argumento contra sua fala.
- Pourquoi pas?
Um fato interessante sobre minha mãe: ela acha que é 100% francesa porque vovó é, mas ela nasceu na Jamaica em uma viagem dos meus avós. Vovó só fez sua certidão quando voltaram pra Los Angeles. Mas seu ego francês insiste em ser maior, então Soph e eu fomos alfabetizadas em inglês e francês e mamãe insiste em iniciar conversas em francês conosco - principalmente quando está irritada.
Não acho que ela esteja irritada agora, apenas em um mood ruim.
- Na verdade é bem simples a resposta: porque você se casou com o papai aos vinte e um. E vale ressaltar e que você estava grávida! De mim! Marìe e Phill viveram mais do que você e papai, por óbvio.
Ela me olhou e eu tive certeza de que pensava em como matar a própria filha sem ir para o inferno após a morte, mas acho que nenhuma solução foi plausível pra sua equação porque ela só suspirou e revirou os olhos.
- De que lado você está, Lucie?
- Do lado certo, não é óbvio? - Sorri e lhe beijei a bochecha. - Noah vem em... - olhei as horas no seu relógio de pulso. - Vinte e cinco minutos, vou terminar de arrumar tudinho e então nós vamos. Pode ser?
- Bien sûr oui.
O casamento seria em Malibu, não em Los Angeles. Marìe e Phill alugaram uma casa gigantesca para abrigar as famílias, mas ainda sim teríamos de dormir amontoados. Tem pessoas da França, do Canadá e de San Francisco vindo, e quem vem de Quebec e Bordeaux nem sempre fala inglês. Mamãe vai adorar, já eu pretendo não beber para não me sentir mais tonta que com todo o francês, misturado com o inglês, somado aos sotaques diferentes, vai me deixar. Será como um pandemônio de gente chique.
E eu não sou chique o suficiente.
Sinto que estou arrastando Noah para uma amostra grátis de como o inferno pode ser, mas também estou feliz de apresentá-lo para a minha família assim. Não somos namorados, não temos nada sério, mas combinamos que somos exclusivos um do outro e de não sair por aí beijando outras pessoas. Fora que eu já conheço e amo sua família, está na hora de ele conhecer e ficar doidinho com a minha.
E eu acho que o amo. Digo, eu tenho certeza o que eu o amo, sei disso há muito tempo, muito mesmo. O que eu tive com ele foi amor ao primeiro sonho, se é que isso é possível.
Pulei, novamente, em cima da minha mala. Eu não iria usar a metade das coisas ali, mesmo que elas sejam todas maquiagem e produtos de cabelo. De roupa eu apenas estou levando: a que estou no corpo, a que eu vou usar no casamento e uma extra. E um sapato. E mesmo assim a mala não quer fechar.
Digo, não é como se eu estivesse tentando colocar minha penteadeira inteira aqui dentro. Certo? Olhei brevemente para o móvel de madeira pintada de branco, e não tinha nada nele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Who Would Think of Our Love ~ Noah Urrea
FanficOnde Lucie, uma adolescente normal como qualquer outra de Los Angeles, começa a ter sonhos com um desconhecido, que, eventualmente, viria a ser seu par de física.