Capítulo 2.

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Sarah acordou determinada. Colocou fardas limpas e devidamente perfumadas. Seu cabelo estava preso num rabo-de-cavalo impecável. Colocou uma maquiagem leve no rosto. Não queria parecer uma perua, mas também não gostaria de sair igual a um zumbi. Se olhou no espelho de cima a baixo, aprovando o que via. Um sorriso maroto teimava em tentar escapar de seus lábios. Não sabia qual a razão, sequer havia pisado fora de casa ainda. Mas estava confiante. Era uma excelente funcionária. Um modelo a ser seguido, diria ela. Não compreendia as razões até hoje do por quê não terem a escalado para participar de uma investigação tão importante! Verdadeiros mafiosos sendo monitorados! Os pêlos dos braços de Sarah se arrepiavam só de pensar nisso. Era tão... Perigoso. Sabia que sua atração pelo perigo era algo preocupante. Mas Sarah não podia evitar! Desde pequena assistia à seriados policiais, deslumbrada por toda a agitação. Passava noites em claro, se imaginando em uma dessas situações. Dizia sempre, com o orgulho enchendo o peito, que havia se tornado a adulta que sempre sonhara. A não ser pelo príncipe encantado que faltava. Este também foi um sonho que perdurou vários anos, mas esse Sarah mandou para os quintos dos infernos.

Chegou na Delegacia, e antes de entrar, deu uma última checada em sua aparência, aprumando-se. Ficou irritada com a ansiedade que percorria lhe o corpo. Teve o cuidado de chegar mais cedo, para certificar se que iria encontrar seu superior disponível e preferencialmente, sozinho.

Entrou no batalhão, era onde ele estaria. Andou passos rápidos, chegou cogitar a correr, mas descartou a ideia no mesmo instante. Pareceria ridícula aos olhos de quem visse tal cena patética.

Chegou à sala de seu Oficial Superior e suas mãos suavam frio pela expectativa. Olhou em volta. Não tinha ninguém presenciando seu receio de bater a porta e agradeceu por isso. Contou até três, mentalmente. Bateu. E... Nada.

Esperou alguns segundos, encarando a porta  fechada à sua frente. Inspirou fundo e decidiu bater mais vez e finalmente ouviu algo dentro da sala. Tentou colocar um sorriso nos lábios, mas aqueles que surgiram teimosos mais cedo, haviam desaparecido, amedrontados. Sr. Langdon abriu a porta, com a expressão confusa.

- Bom dia, Sr. - Sarah tentou abrir o sorriso mais doce que pode. - Se me permitir, gostaria de conversar com o Senhor por apenas uns minutos, se não for incômodo.

O homem a analisava dos pés a cabeça. Ficou aliviada por ter dado tanta importância nos detalhes. Se um fio de cabelo estivesse escapando, se sentiria quase nua aos olhos dele. O velho parecia não ter pressa nenhuma em responde-la. E depois do que pareceu ser uma eternidade, deu passagem para Sarah adentrar o cômodo, sem dizer nenhuma palavra.

Sr. Langdon andou lentamente até sua poltrona enorme. Sentou-se, mais uma vez, analisando Sarah. Aquele jogo silencioso não estava lhe agradando muito.

- Prossiga. - Disse simplesmente.

Enquanto tentava reunir as palavras de seu discurso, Sarah tamborilava os dedos nervosamente em seu colo. O que ela estava fazendo ali mesmo? Inspirou profundamente mais uma vez, tentando acalmar os ânimos. Por que superiores a deixavam tão histérica? Olhou nos olhos dele, pensou que o contato visual passaria mais segurança no que estava por vir.

- Sr. Langdon, vim lhe pedir permissão para uma coisa... Ou melhor... - Ela desaprendeu a falar? Onde estava seu vocabulário? Sentiu que estava perdendo o controle da situação e uma onda de pânico começou, sorrateiramente dominar seu estado de espírito. - Gostaria que o Sr. me escalasse para operação Maior que está acontecendo... Se for possível, claro. - Achou que ir direto ao assunto, sem muitos rodeios, seria o melhor, mas o maldito velho apenas a encarava, sem mudar sequer a expressão de tédio que carregava no rosto. Ela tentou sorrir, mas sentia que seus lábios repuxados forçadamente, mais pareceriam uma expressão de sofrimento.

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