Capítulo 22

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Enquanto estava sentada em uma das salas de reunião com o restante de sua equipe, Sarah jurou que pode sentir os batimentos de seu coração pararem por um segundo quando ouviu que estaria convocada para uma operação na noite seguinte.

Para a felicidade de seu Comandante, Corey, um traficante de armas preso há alguns dias antes, acabou soltando informações bastante úteis. Então uma equipe de policiais iriam fazer mais uma abordagem surpresa. E o mais rápido possível, antes que a informação pudesse chegar até os ouvidos de Sanders ou qualquer um que trabalhasse para ele.

Sarah quis negar, quis inventar uma dor de barriga e sair correndo dali. Mas sabia que não podia. Já havia negado duas convocações. Aquilo definitivamente não seria bem visto.

Desde que dissera que Dylan e ela não dariam certo, para a total decepção de Sarah, ele de fato havia aceitado a decisão dela. Não ouvira mais sua voz desde a ligação.

As duas semanas após o término, Sarah estava bem. Não sentia nada mais que um pequeno incômodo quando se lembrava dele, conseguindo expulsar qualquer pensamento indesejado. Porém, com passar dos dias, não ficaram tão fáceis. O pequeno incômodo tomou maior proporção e naquele momento, parecia mais uma corda amarrada no seu pescoço.

Ela tentou negar, como se pudesse enganar seu coração. Mas sentia falta de Dylan Turner.

As lembranças que não permitia invadir sua mente, apareciam inconscientes nos seus sonhos, arrancando os últimos fios de sanidade que a mantinham longe dele. Para sua infelicidade, traçava planos constantemente para encontrá-lo novamente. Porém, sabia que dessa vez não iria atrás. Por isso negou todas as vezes que seu trabalho envolvera qualquer investigação que pudesse levar ela até onde Dylan Turner pudesse estar.

Não sabia se conseguiria prende-lo. Mal sabia se conseguiria encara-lo. Ela não podia fazer aquilo e não queria.

Sarah olhou em volta, sentindo os olhos ligeiramente arregalados. Viu Bruce sentado mais a frente, sentindo mais ainda a sensação de frio que se instalou no seu corpo, se intensificando.

Desde que os dois brigaram e foram afastados por uma semana, ele não havia mais sequer olhado na direção dela. Não que Sarah pudesse reclamar, aquilo para ela era uma benção. Mas ao mesmo tempo a deixava nervosa. Sempre parecia que ele estava tramando alguma coisa ou talvez ela estivesse ficando paranóica.

Sarah tentou se ajeitar na cadeira, sentindo-se totalmente desconfortável ali.

Quando finalmente foi liberada, sua cabeça girava. Estava tudo muito claro para ela. Eles não iriam para prende-los. Iriam para mata-los. As ordens foram bem claras; "Atirar para matar". A manchete no jornal não seria surpreendente, "Confronto entre a Polícia e Tranficantes acaba em morte".

Imaginar o corpo de Dylan Turner caído sem vida causava náuseas nela.  que a tensão fosse esmaga-la de dentro para fora.

Quando chegou em casa, olhou seu telefone, vendo milhares mensagens de sua mãe. Martin, seu sobrinho havia nascido há duas semanas e Sarah sequer fora visitá-lo em casa. Tinha acompanhado sua irmã no hospital, mas após ela receber alta, não foi mais vê-la. Mas não tinha cabeça para pensar naquilo agora.

Administrar sua vida e suas prioridades naquele momento era difícil demais. Sarah sentia que estava falhando com ela mesma, com Dylan, ao estar indo em uma operação que pode custar a vida dele, e com sua família, ao estar sendo uma decepção para sua irmã.

Sarah sentou-se na cama, pegando seu celular e digitando os números que havia decorado com facilidade quando recebia as ligações. Tinha que avisá-lo. Não dormiria aquela noite se não fizesse isso. Diria para ele não estar no suposto galpão, que ele não deveria nem estar na cidade, se possível. Mas o aperto no coração aumentou quando ouviu a voz gravada da máquina no seu ouvido dizendo que o número não existia.

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