Capítulo 23

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Sarah saiu disparada em direção as caixas de madeira empilhadas. Chegou quase tropeçando novamente nos seus próprios pés, sua respiração estava ofegante e sentia o rosto molhado de suor. Passou as mãos na testa, mas quando abaixou, olhou horrorizada para o líquido vermelho que saira de sua pele. Provavelmente sangue do homem que acabara de matar.

Ela gostaria de dizer que estava orgulhosa com o feito, mas não estava. Mesmo que quase tivesse sido morta. Se fosse alguns meses atrás, pensaria que era apenas um criminoso a menos no mundo. Porém, depois de conhecer Dylan Turner, depois de ver humanidade dentro dos olhos dele, não conseguia mais pensar daquela maneira. Dylan Turner não era apenas um criminoso. O homem que ela matara talvez também não fosse.

Sarah abaixou, sentando-se no chão e apoiando as costas nas velhas caixas. Segurou a cabeça com as mãos, sentindo que o ar não estava chegando dentro dos pulmões. Quando ela puxava com força, tamanha era intensidade, que sua garganta chegava a emitir um som desesperado.

Ela precisava de um ou dois minutos para recuperar o controle. Mas sabia que não seria o suficiente. No entanto, a parte racional de Sarah deu o comando para que seu corpo reagisse, adotando novamente a posição de alerta. Não poderia baixar a guarda naquelas condições. A situação toda parecia estar acontecendo há horas, mas Sarah calculou que deveria estar a apenas cinco minutos vendo um verdadeiro massacre acontecer bem em frente aos seus olhos.

Ela se ajoelhou, olhando em volta. O escuro parecia não se ajustar a sua visão turva. E em questão de segundos, as caixas de madeiras explodiram no seu rosto. Um tiro veio cortando de algum lugar que Sarah não soube e nem pode racionar o local. Pedaços de madeira bateram violentamente no seu rosto, que estava a centímetros. Sentiu líquido quente escorrendo, e desta vez teve certeza de que era seu próprio sangue.

Sarah arfou, tentando levantar-se, mas as pernas pareciam não obedecer seu comando. Olhou para frente, enquanto uma silhueta feminina ia se aproximando. Ela pode ver o revólver na mão esquerda. Quando um disparo foi em direção a mulher que se aproximava dela, Sarah viu a única oportunidade de correr. Reuniu forças e levantou-se o mais rápido que conseguiu e saiu correndo para os fundos do local. Sabia que estava se enfiando no ninho de cobras, mas era o único local que poderia tentar se esconder.

Com cautela foi até ao fundo do galpão pelo lado de fora. Se encostou na fria parede, tentando tomar um pouco de fôlego. Olhou rapidamente para ver se havia alguém ali. Até aonde conseguiu enxergar, não tinha ninguém.

Sarah abaixou ligeiramente o corpo, tentando correr de maneira discreta. Quando chegou atrás de algumas placas de ferro, que não fazia ideia para que serviam, pode ouvir o som de outro sapato pisando na terra. O som das batidas do seu coração estavam tão altas no seu ouvido que dificultava o cálculo da distância dos passos. Não sabia mais se a pessoa estava perto ou longe. Ou se estava indo em direção a ela.

Sarah achou que iria desmaiar quando sentiu o cano frio de um revólver encostando na sua nuca. Como não percebera a aproximação daquela pessoa? Onde estavam seus sentidos? Sua respiração passou de irregular para totalmente desesperada.

– Se você se mexer, eu explodo sua cabeça! – A voz feminina soou ardida para ela. Sarah se limitou a balança ligeiramente a cabeça em confirmação. Não faria nada, ou diria.

A mulher enfiou as mãos dentro da sua roupa, em busca de facas ou qualquer tipo de arma, além do revólver que tinha arrancado violentamente da mão dela.

– Anda! – A mulher rosnou, conduzindo-a com a sua mão livre.

Sarah foi levada para dentro do galpão. Não sabia se estava perdendo os sentidos ou se o lugar realmente estava um breu. Um mal pressentimento se apossou dela, aquilo lembrava muito do sonho macabro que tivera com Dylan Turner.

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