Capítulo 3.

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Sarah Campbell andava nos corredores em direção à sala de reunião como se no chão estivesse estendido o próprio tapete vermelho. O coração retumbava dentro do peito em batidas fortes e o sorriso nos lábios não poderia ser maior.

Bateu à porta, hesitando um segundo antes de entrar. Prometera a si mesma que tentaria ser menos carrasca, então arriscou um bom dia sorridente. E ficou encantada quando foi retribuída na mesma medida por quase todos da sala.

Um rapaz moreno, alto e com os olhos cor de mel mais bonitos que Sarah pensou ter visto, se aproximou dela com um sorriso amigável.

- Bom dia, presumo que você seja nossa substituta do policial Bruno. - Estendeu a mão.

- Muito prazer, Sarah Campbell. - Disse ela no tom de voz mais doce que já usara em toda vida, pegando lhe as mãos. Sua pele era macia e quente, porém, seu aperto depositava força e segurança. Tinha gostado dele.

- Bruce Simons.

Sarah pensou em dizer mais alguma coisa, mas foi interrompida pelo barulho da porta se abrindo e ao que pareceu, pela quantidade de pessoas que entraram de uma única vez, havia chegado o restante do grupo, finalmente dando início à reunião.

Como Sarah já havia imaginado, ninguém deu qualquer introdução sobre o que estava acontecendo para ela. A Policial tinha os arquivos em mãos e deveria ficar a par de todo o progresso da operação por conta própria. Contudo, a reunião foi em torno de discussões sobre as estratégias usadas no último confronto e erros cometidos pelo policial que ficou acidentado com um tiro na perna. Sarah sentiu as entranhas contorcerem dentro de si quando ficou sabendo que entraria na linha de confronto. Ela iria às ruas. E acompanharia os interrogatórios, caso algum dos criminosos fosse pego. A parte do interrogatório a deixou fascinada. Já projetava tudo em sua mente. Porém a parte de ir para rua e ficar à espreita, a assustava um pouco.

O comandante da operação, que já não se recordava o nome, tinha os cabelos grisalhos e uma expressão dura enquanto falava, com uma seriedade que não abria brechas para qualquer sorriso tranquilizador ou amigável.

Eles tinham um alvo: Dylan Turner.

Sarah iria com a equipe de policiais nas redondezas em que Dylan possivelmente estaria na noite seguinte. E o frio na barriga que surgiu repentinamente a pegou de surpresa. Estava nervosa. E o plano sequer tinha saído do papel...

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Sarah escutava atenta as instruções. Estava vestida toda de preto. Obviamente, não apareceria em um dos maiores centros de tráfico, fardada. Mas os coletes à prova de balas estavam em seus devidos lugares. Todavia, não a tranquilizava nenhum pouco, se fosse sincera.

Estavam no carro os quatro policiais, envoltos num silêncio sepulcral, cada um com seus próprios dilemas. Outros carros viriam atrás, alguns para acompanhar a operação, outros ficariam pelas redondezas, caso fosse necessário. A ideia inicial seria render Dylan Turner, antes que o mesmo pudesse chegar ao seu destino. Fontes que Sarah Campbell não teve acesso aos nomes, informaram que Dylan estaria a caminho de um encontro com outros traficantes essa noite, a fim de fazer novas alianças. Entretanto, esses não seriam detidos ainda. Todo o processo deveria ser feito por etapas e com cautela. Dylan Turner provavelmente estaria acompanhado de capangas armados, então não seria tão fácil, ela constatou. Ficariam a postos dois policiais por área. Queriam uma coisa discreta. Muito perigosa e discreta.

Minutos depois, Sarah Campbell estava em um beco, tentando se misturar a escuridão, junto de um rapaz alto, que não teve tempo e nem nervos para perguntar o nome. Suas mãos estavam suando frio e seu lábio tremia ligeiramente toda vez que puxava o ar com mais força para dentro dos pulmões. Ali seria fácil serem encurralados. A não ser que ela desenvolvesse os poderes do Homem-Aranha, não sairia viva dali tão fácil, se por ventura algo desse muito errado, pensou com ironia. O silêncio era o pior para a Policial, o bairro estava estranhamente quieto. O único som a ser ouvido era o de suas respirações urgentes e certamente do coração de Sarah. Ela jurava que se o rapaz ao lado tivesse uma audição boa, poderia facilmente ouvir as batidas desesperadas.

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