Capítulo 27

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Enquanto Dylan Turner vestia apressadamente suas roupas, Sarah o observava com curiosidade. Estava pensando o que seria deles se ainda conseguissem sair do local com vida.

E ficou se perguntando também se Dylan Turner havia matado a garota. Ela esperava que não. Sabia que se fosse necessário, Dylan não hesitaria em tirar a vida de outra pessoa. E apesar da profissão de Sarah não seguir medidas muito diferentes daquela quando preciso, ela ainda tinha certa dificuldade em enxergar Dylan Turner como um assassino à sangue frio.

Às vezes sentia falta de quando ele era apenas um presidiário. De quando ela o levava para a cela, sabendo exatamente o que aconteceria no final. Aquilo era perigoso, mas não na mesma proporção do quanto estava no momento.

Depois da euforia, sua mente começou a voltar a trabalhar de forma racional e temia pela imprudência. E se a garota aparecesse? E se descobrissem que Dylan Turner estava a ajudando? Mesmo que conseguissem sair dali com vida, seriam caçados.

Como Sarah poderia protegê-lo sem usar a lei? Como ele poderia protegê-la sem ser morto por isso? Eram questões sem uma conclusão final. A vida de Sarah havia se tornado um emaranhado de "E se?" e "Por ques"? E as prováveis faziam seus neurônios queimarem, tentando chegar numa resposta final que nunca era exata.

– Você deveria forjar sua morte. – As palavras saíram baixas, como se fosse uma simples sugestão. Sarah ficou olhando para as costas de Dylan Turner. As gotas de água que não haviam secado, escorriam lentamente pela pele tatuada. Mesmo que a poucos minutos ela quem estava deslizando as mãos ali, sentiu um pequeno incômodo com a distância.

Era a segunda vez que tivera relações com ele. E como da primeira, sentia-se estranha depois. Seu peito ficava cheio de um sentimento que Sarah não conseguia denominar. Não poderia chamar de amor. E nem um simples carinho. Talvez fosse obsessão, pois só a mera projeção de outras mãos e outros lábios o tocando, causava um rebuliço enorme dentro dela.

Sarah tinha se entregado completamente para Dylan Turner. Mas não sentia a reciprocidade no ato. Ele não estava entregue. Mas estava exigindo que ela deixasse de ser tudo que era, para que se tornasse algo para ele. Em prol dele.

Sarah Campbell não sabia se poderia largar mais ainda sua identidade que já fora bagunçada durante todo o caminho até chegarem ali naquele banheiro.

Ela não o respondeu. Assim que Dylan vestiu a blusa e sua jaqueta, pegou seu revólver que foi jogado no chão com pressa minutos antes.

Ele olhou para ela sem dizer uma única palavra. Mas ela entendeu que tinha chego a hora.

Sarah não sabia exatamente o que estava esperando do outro lado da porta, porém sentiu uma pequena onda decepção quando Dylan Turner a abriu, e encontraram apenas o vazio e silencioso corredor.

Talvez estivesse ficando maluca de verdade. Ela deveria respirar aliviada, no entanto, achava que encontrariam a garota. Queria encontra-la. Sarah infelizmente não conseguia apagar da memória o cheiro do perfume dela impregnado nas roupas dele. Enquanto Dylan Turner a beijava e possuía seu corpo, imaginou se Lia era tão boa quanto ela, se a garota o fazia arfar e murmurar palavras desconexas e roucas como ela fazia. Não queria pensar nisso, mas aquilo ficou como uma pulga atrás da orelha.

Era um sentimento novo para ela. Jamais havia sentido ciúmes de alguém. Nunca se importou o suficiente, se fosse ser sincera.

Para ela, quando os homens com quem saia arranjavam outras, para Sarah era um alívio. Contudo, com Dylan Turner era diferente. Com ele tudo era diferente.

Dylan entrelaçou os dedos nos dela, pegando-a pela mão e caminhando rapidamente para a saída. Ela achou que ele queria correr, mas não quis parecer desesperado. Estar desesperado seria algo aceitável na situação deles. Mas Dylan Turner não deixaria isso transparecer. Ele queria a manter calma. Queria fazer com que Sarah acreditasse que estava tudo sob controle. Ela sabia que não estava.

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