Capítulo 25

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       Sarah ouviu vozes abafadas vindo do lado de fora do quarto. E mesmo com o ar gelado que circulava no pequeno cômodo, todo seu corpo suava frio. Os fios de cabelo estavam grudados no seu rosto, misturando-se no sangue e suor. E pela primeira vez desde que estava trancafiada ali, sentiu o desespero começar sorrateiramente se apossar dela. Seus pés batiam impacientes no chão, desejando que por um milagre divino seus pulsos se soltassem das cordas que a amarravam cruelmente grudadas naquela cadeira. Se perguntava se a Polícia estava procurando por ela. E também questionou como puderam deixar que a levassem!? Será que não se deram conta? Pensaram que já estava morta? E Nick? As perguntas brotavam numa velocidade que não deixavam espaço para nenhuma resposta. Talvez não tivesse respostas para aquilo.

A dor no corpo o fazia arder. Estava na mesma posição há muito tempo. E o único barulho dentro daquele quarto, era do seu estômago faminto. Sua boca estava tão seca, que Sarah chegou a delirar com um copo d'água.

Revirou os olhos pensando que gostaria que a garota terminasse logo o serviço.

No entanto, o coração de Sarah quase saiu fora do peito quando ouviu o barulho de passos se aproximando da porta.  Era como se estivesse fazendo contagem regressiva para o fim de sua vida.

Quando a porta se abriu, Sarah Campbell que já estava fraca, pensou que ia perder os sentidos novamente. A raiva e o medo que antes dominava cada célula do seu corpo, foi substituída rapidamente por um turbilhão de sentimentos que quase a levou a morte súbita.

Jurou que quando visse Dylan Turner, seus olhos iam apenas transparecer ódio e mágua. Mas suspeitou que naquele instante eles só demonstrassem a saudade que estava rasgando seu peito. O cheiro de suor e sangue que preenchiam seu nariz, foi lentamente substituído pelo perfume conhecido. Queria que ele corresse e tirasse as amarras do seu pulso e a abraçasse, a beijasse. Queria que ele dissesse que com ele, nenhuma mal aconteceria a ela. Mas Dylan continuou no mesmo local, tão mudo quanto ela. Inexpressivo, olhando-a de cima a baixo, como se estivesse decidindo se deveria ou não ajuda-la.

Ela abriu a boca para dizer algo, mas não encontrou forças. Ela tinha muito a dizer. Muitas perguntas a se fazer. Mas apenas o entreabrir dos lábios lhe causava dor.

E quando viu a silhueta feminina se aproximando por trás e abraçando-o, Sarah achou que a melhor coisa que fez, de fato foi ficar calada. A mão da mulher deslizou do peito para a barriga, fazendo um carinho tão íntimo que Sarah sentiu o estômago embrulhando. Seu cérebro traiçoeiro a faz lembrar de quando foram suas mãos que passearam pelo corpo dele. E o fato de Dylan Turner permitir que ela continuasse a machucou.

– É ela? – A garota disse baixo, em um tom malicioso perto do pescoço dele. Ela olhava para Sarah como se fosse algum tipo de aberração.

Sarah abaixou a cabeça, não querendo mais ver aquilo. Dylan Turner não respondeu de imediato. Mas a confirmação veio alguns segundos depois. O simples "Sim" que saiu de sua garganta, fez os pêlos dos braços de Sarah se eriçaram.

– Eu quero te mostrar uma coisa... Depois lidamos com ela... – A garota ainda estava agarrada no corpo de Dylan.

Sarah não soube que tipo de show era aquele que Dylan estava dando para ela. Mas não desviou os olhos. Não deixaria que ele a atingisse daquela forma. No entanto, quando ele puxou o corpo da garota para frente, abraçando-a e enterrando os lábios no pescoço dela, da mesma forma que ele fazia com ela, Sarah quis desviar. E não conseguiu ser forte o suficiente para segurar as lágrimas que caiam lentamente pelo seu rosto. A sensação de traição despedaçou-a por dentro.

Talvez aquele fosse o plano dele; engana-la a ponto de fazer com que Sarah caísse na armadilha. Um jogo doentio.

Dylan Turner puxou o corpo da garota para fora do quarto, fechando a porta atrás deles, mas todo a ação foi feita em contato visual com Sarah. E mesmo com os olhos marejados, não desviou um segundo sequer.

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